— Saia da minha casa Jung Yoonoh! — Um estalo é audível e eu sinto uma palma entrando em contato com minha face. — Agora! Eu nunca mais quero ver seu rosto! — Minha mãe grita e eu a observo. Seus olhos não tem nada além de raiva, uma raiva descomunal. Seu ódio não vinha de motivo nenhum além do fato de eu não estar no padrão que ela gostaria que estivesse.Naquele dia eu havia lhe contado tudo. Eu escondi a verdade dentro de mim por muito tempo. Eu escondia por medo da rejeição que receberia, e que infelizmente acabei recebendo nesse momento. Em minha cabeça eu tinha a noção de que meus pais eram homofóbicos, mas não ao ponto de expulsarem seu único filho de casa e nunca mais querer ver minha cara. Nunca mais, aquilo não era só da boca pra fora, era uma promessa implícita.
Subo as escadas rapidamente e começo a juntar minhas coisas em malas. O quão antes eu puder sair dessa casa, melhor. Estava me sufocando, privando-me da minha própria felicidade por causa da opinião que meus pais poderiam ter sobre mim. Mas cheguei ao meu limite, não suportava mais fingir ser alguém que não era.
Peguei as malas em minhas mãos, e dei um adeus silencio ao meu quarto que eu tinha a plena certeza de que nunca mais veria. Corri escada a baixo, deixando toda a familiaridade da minha casa para trás. Agora não passava de um lugar desconhecido em que eu não era bem vindo. Bati a porta atrás de mim com força, deixando as chaves da casa no chão de entrada. Vou em direção ao meu carro, fecho a porta e fico parado olhando para o nada. As lágrimas chegam sem que eu note, eu grito de raiva, minhas mãos batendo no volante. Agarro meus cabelos durante esse surto nervoso e pondero sobre toda a situação. É surreal como eu vivi dentro daquela casa por vinte e um anos e agora eu fora simplesmente descartado como se fosse alguma mobília velha.
Pego meu celular em meu bolso, e aperto a discagem rápida do único contato que me entenderia nesse momento.
— Alô? — Johnny diz na linha.
— Johnny? — começo a dizer, fungando — Poss...
— Pode, venha para minha casa agora — ele me interrompe, e encerra a nossa ligação.
Coloco a chave na ignição, e dou partida em meu carro. Minha antiga casa ficando para trás, um local que eu nunca mais adentraria. Dirijo em direção a casa de Johnny, que ficava mais afastada da minha. Johnny mora no centro de Seul, enquanto eu morava um pouco mais longe do centro. O lado bom, é que Johnny morava a apenas cinco minutos da nossa faculdade.
Chego em seu apartamento, estaciono o carro na rua mesmo, e ando em direção à portaria do prédio de Johnny, era um prédio pequeno de apenas quatro andares. Adentro o mesmo e falo com o porteiro que sou visita de Johnny Seo, o mesmo me deixa entrar e logo caminho em direção ao elevador, apertando o botão dois. Ando pelo corredor em direção a porta com número 201 na frente. Parado em frente a porta, eu enxugo algumas lágrimas que ameaçam sair, porém meu rosto inchado e vermelho acabaria me entregando facilmente. Toco sua campainha, e em apenas um toque a porta é aberta. Meu melhor amigo me olha, sua expressão repleta de preocupação, ele não diz nada para mim, apenas abre seus braços. E eu me encaixo neles, começando a chorar novamente.
Johnny retribui meu abraço e me guia até o sofá, enquanto ele empurra a porta com seu pé esquerdo.
Ele me senta no sofá — que é super confortável —, porém seu braço continua envolta de meus ombros, fazendo minha cabeça repousar em seu ombro. Me aconchegando, me fazendo sentir seguro pela primeira vez em minha vida.— Pode falar Jeffrey — sempre que o mesmo me chama assim, eu me sinto bem. Ele sabe o efeito que tem sobre mim, uma nostalgia toma conta de mim toda vez que escuto esse apelido, pois me recordo de momentos que vivi em Connecticut.
— Eu contei Johnny... — digo receoso. — Contei tudo que tinha vontade de dizer para meus pais — ele continua em silêncio, mas consigo ver sua expressão que era de surpresa. — Não aguentava mais viver naquele tipo de ambiente, com pessoas tão tóxicas e de mente fechada. Eu apenas não conseguia mais...
— Você pode morar aqui comigo Jaehyun! Você sabe disso. — ele me abraça mais forte. — Eu te fiz o mesmo convite à dois anos atrás, mas você recusou... Você sabe que sempre será bem vindo aqui — ele fala, e eu agradeço. — Só vai ter que ajudar com o pagamento do aluguel — ele diz em um tom engraçado, me fazendo rir de seu senso de humor.
Johnny sempre conseguia me fazer rir até mesmo nas piores situações— Muito obrigado Johnny. Por sempre estar ao meu lado quando preciso.
— Sempre que precisar irmão — ele diz e me abraça mais forte. — Agora, levanta e vamos arrumar suas coisas lá no quarto de hóspedes — Johnny se pronuncia pegando as duas malas que trouxe comigo, indo em direção ao pequeno corredor. Entrando na segunda porta a esquerda, deixo uma das malas no canto do quarto e começo a arrumar a outra no guarda-roupa mediano que tem no quarto.
— Woah... Cansativo — falo me jogando na cama grande de casal, logo Johnny se joga ao meu lado. Ponho meu braço direito atrás da minha nuca, dando um suspiro longo e pesado. Escuto algo vibrar e vejo que era uma notificação em meu celular.
Notificação dele.
Uma notificação do daddyslittleb0y.