Pise no chão

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 Quanto tempo, né? Então, andei meio desanimado com alguns problemas pessoais, e com o próprio rendimento do livro, também estava tentando divulgá-lo (Pensando bem, acho que estou devendo um pouco nesse quesito aaa). Porém, contudo e entretanto, prometi a mim mesmo que eu publicaria essa história, mesmo que fosse o maior flop do Wattpad. Então se você está aqui saiba que é muito importante sua leitura, espero que goste!

—X— 

  Desde que eu acordei já devo ter bocejado pelo menos 20 vezes. Já faz três dias desde a "festa" do meu pai. Hoje é terça-feira e eu não tenho a menor condição de praticar educação física, por isso estou aqui na arquibancada, entre cochilos e gritos. Nunca tentei dormir enquanto pessoas vibravam a cada gol de seu time favorito, não tentem, é péssimo. Não adianta nada, porque a cada vez que eu fecho meus olhos por mais de dez segundos, alguém grita e me tira do transe, é impossível.

Tudo culpa de Miguel, claro. Desde o dia em que eu passei meu número a ele recebi centenas de mensagens. Não que eu esteja reclamando, ao contrário, ele tem sido um ótimo amigo, responde em tempo recorde e sempre que percebe que estou utilizando de minha mania monossilábica puxa algum assunto que me faça falar.

Às vezes me pego imaginando que se alguma emissora de televisão o colocasse num programa ao vivo durante duas horas, durante as duas horas ele iria deixar todos os telespectadores entretidos.

Ele canta uma boa parte do tempo e me faz mandar poemas, muitos os quais eu preciso modificar antes de mandar para ele não pensar que eu sou um emo gótico que sofre pelo namorado. Namorado não, ex.

Eu ainda não vi Marcelo pelos corredores, mas vi Karen, o que significa que ele deve ter vindo hoje, eles sempre faltavam juntos ano passado, e vinham juntos, e voltavam juntos. Eles são grandes amigos. Então, é claro que mesmo morrendo de sono por ter virado a noite falando com Miguel eu estou alimentando uma pequena chama interior que grita pela atenção de Marcelo.

Talvez nós tenhamos uma daquelas conversas da qual ele me diga onde eu não fui satisfatório e nós possamos voltar. Eu estou realmente disposto a mudar qualquer coisa que ele pedir. Por mais que eu esteja "seguindo em frente", ainda sinto sua falta. É como uma dor de cabeça, ela não passa, esta ali todo o tempo, mas você simplesmente não fala nela o tempo inteiro, apenas fica quieto esperando passar.

E Miguel tem sido meu comprimido. Quando ele fala comigo é como o efeito dos remédios, eu não sinto a dor, mas sei que assim que ele for embora a dor voltará.

Meu pai está cada dia mais feliz sobre meus sorrisos mais frequentes, e refeições levemente mais fartas. Na verdade, não tem nada a ver com Miguel ou Marcelo ou qualquer pessoa que esteja ao meu redor, eu só percebi que quero meu pai bem, e quero mais ainda que ele esteja tranquilo quanto a mim, então eu preciso me manter forte. E claro que não é fácil, e às vezes eu coloco toda a refeição para fora, ou acordo e quero voltar a dormir em meu quarto, mas continuo tentando ser melhor por ele.

Ontem ele chegou mexendo em seu celular, e não parou até a hora do jantar, o que me levou a pensar que ele finalmente resolveu perceber que eu não terei uma crise existencial adolescente porque ele arrumou uma namorada. Desde que minha mãe se foi ele se fechou, como se o mundo fosse apenas nós dois. O que claro me deixou preocupado no início, mas no fim percebi que foi a forma que ele encontrou de não sucumbir à dor e sofrimento.

—X—

As aulas não podiam estar mais paradas, e eu não podia estar mais sonolento, porém é quase hora do intervalo e eu preciso comer alguma coisa, não como desde ontem e Miguel já está me enchendo o saco.

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