Wildest Dreams

Aquecimento junino.

Eu sei que eu demoro, mas peço que não desistam de mim, tô postando pelo celular, então qualquer erro é essa formatação horrível, enfim, não tá nada fácil, mas espero que vocês gostem. Bom carnaval, juízo, mamãe ama vocês! <3

–X–

As ondas de popularidade vêm e vão. Nos anos 2000 todos os brasileiros queriam saber dos ritmos de Rouge e do piercing da Britney Spears. Na escola, qualquer festa é motivo de comoção, uma onda de popularidade, uma inóspita briga por quem faz mais que quem, quem vende mais, quem será a rainha da pipoca, ou milho, bem, eu não sou tão ligado nessas coisas quanto o resto do colegial.
Já Miguel, como é de se esperar, não se concentra em mais nada, a não ser na festa, os estudos para o vestibular se tornaram um constante falatório sobre roupas quadriculadas, maquiagens festivas, utilização de meia rastão e o gosto particularmente horrível do tradicional quentão.
E não poderia ser diferente agora, um mês depois da páscoa e das revelações horrendas que Miguel me fez, cada sala precisa fazer uma barraquinha para arrecadação de dinheiro para a quadrilha. A festa preparada pelos terceiros anos será num sítio cedido pelo prefeito da cidade, e foi batizada como “aquecimento junino”, não sei ao certo se é um nome ridículo, ou apenas um fogo juvenil que faz tudo parecer descolado. De toda maneira, meus planos eram ignorar totalmente essa festa, ajudar financeiramente na preparação das barracas e fim. Mas claro que o loiro não iria me deixar fazer desse plano uma realidade.
– HUGOOOOOOOOOO! – Quando ouvi o som estridente daquela voz estripando meus tímpanos em um sábado de manhã, soube instantaneamente que seria levado a fazer loucuras adolescentes que não condizem com minha personalidade!
– A porta tá aberta Miguel, mas sem escândalo, tô deitado, sobe em silêncio! – No fundo eu gostava da forma leviana que o loiro me fazia mudar tudo, ao bel prazer de suas vontades, por isso, me cobri com a coberta, e ouvi o barulho alto que ele fazia ao caminhar, até escancarar a porta, já me jogando milhões de informações de uma só vez:
– Bom, eu decidi no grupo da turma, que você não está porque é um fodido, que vamos fazer uma barraca do beijo, ahn sem protesto, me deixe terminar, isso, quietinho. Bem, como eu ia dizendo faremos uma barraca do beijo, e eu já me inscrevi para beijar todas as bocas possíveis dessa cidade ferrada! E a melhor informação de todas, coloquei seu nome também, finalmente você perderá o seu bvzinho! – Quando ele terminou a frase, eu já tinha feito todas as expressões faciais possíveis às 8 da manhã.
– Mas é claro que eu não irei beijar ninguém Miguel, puts, você só me coloca em enrascadas, eu não vou fazer esse tipo de coisa, não é da minha índole, não é da minha personalidade, por favor, não me venha com seus argumentos infundados para me arrastar para algo que irá me exprimir nesse meio adolescente que me deixa completamente desconfortável!
– Bom, já que é assim tudo bem, seu pai estava super animado com a ideia, e enfim, só gostaria de te trazer uma diversão legal, é só uma festa, e você poderia ficar apenas uns 20 minutinhos rápidos, e caso não goste, saia, eu cubro seus turnos, enfim, por favor Huguinho.
– Se eu continuar tentando, você vai desistir? – Já estava me deixando levar, algo em mim tinha mudado desde a última conversa que tivemos, e essa mudança me levava a tomar algumas atitudes loucas, eu estava começando a viver por mim, pela primeira vez em anos. – Tudo bem, eu vou nessa barraca, mas não prometo ficar muito tempo!
– Eu sabia, de toda maneira hoje nós vamos ao shopping, preciso fazer compras, e você comprar uma roupa bem bonita, eu também vou no salão, enfim, papai me deu um dia de princesa hoje e disse que era para levar você, então toma café e vamos!
– Dia de princesa pra você, eu serei apenas o acompanhante. Obrigado!

–X–

– Puta merda, quanto tempo você gasta pra cortar o cabelo, Hugo? – Tentei, mais uma vez apressar o loiro do salão. Quando ele disse “dia de princesa”, não esperava ser o dia inteiro, no literal.
Enquanto ele comprava roupas para ele, pude cortar o meu cabelo, visitar algumas lojas em que gosto no shopping, algumas ligações para resolver assuntos pendentes no trabalho, e quando voltei ao nosso ponto de início, Hugo ainda não havia decidido se cortaria o cabelo reto, repicado, ou em V.
Por fim, fui para a praça de alimentação, munido de fones de ouvidos novos, e deixei acontecer.
Duas horas e meia mais tarde, quando minha bateria já pedia socorro, e eu estava no meu quarto copo de água, vi um corpo grande e gracioso se sentando na minha frente. Obviamente, apenas Hugo iria se sentar na frente de alguém, arrancar-lhe o fone, e disparar a falar sobre aleatoriedades.
Estava claramente mais loiro, a pele brilhava a cada movimento e nova expressão que surgia em sua face, os cabelos, agora escovados e reto, chegavam de modo gracioso ao seu ombro, enquanto ele era todo sorrisos falando sobre sua nova dieta receitada por Armando, seu cabeleireiro espanhol.
– Enfim, a festa vai acontecer sábado que vem, vai começar no fim da tarde, de toda forma seu pai disse que poderíamos arrumar juntos, e meu pai vai nos levar, então pode chegar na minha casa umas 15:00, tudo bem?