Desde que eu me entendo por gente sempre estive sonhando com o Ensino Médio, mas ele está acabado.
Falta menos de um mês para nos formarmos. Dá para acreditar? E aí será "Olá, faculdade", "Olá, festas", "Olá, caras gatos" e "Eu odeio esse lugar!".
Digamos que isso me deixa em êxtase, eu sempre tive uma relação de amor e ódio com a escola.
— Acorda pra vida, Mônica! — Tomás Bragança estala os dedos tentando chamar minha atenção.
Tomás é o irmão mais velho de Eduardo Bragança, ele repetiu o último ano e é adotado, assim como o irmão. Isso é básico sobre ele, qualquer um sabe, mas a verdade é que para mim ele é muito mais que isso. Tipo a minha pessoa favorita e o meu melhor amigo.
— Para com isso, garoto. — Mando e ele revira os olhos.
Típico.
— Deixa de ser mandona — ele resmunga. — Você não faz ideia do que eu tava falando, né?
— Não — respondo por fim, ignorando o primeiro comentário.
Eu já mandei ele parar de me chamar assim, mas afinal é verdade.
— Festa, na minha casa.
— Tia Julieta e tia Amanda vão viajar de novo? — Pergunto me referindo à suas mães.
Tomás assente, esperando a minha resposta.
— Eu apareço lá.
— Anda, vamos pra aula.
— Não — prolongo o "ão". — Qual é, nós não podemos faltar só hoje?
Tomás ri de mim, ele faz muito isso. Principalmente em suas festas, quando eu fico bêbada e começo a dançar como uma louca, ou a tirar a roupa no meio de todos, ou fazer propostas indecentes para o mesmo.
— Você disse isso segunda. — Meu amigo põe um fim na conversa, ele praticamente me arrasta até a sala de aula.
Nós temos todas as aulas juntos, e, Graças a Deus, ele sempre me cobre quando eu preciso. E eu sempre o cubro também, é claro. A gente sempre precisa um do outro.
❁❁❁
A festa começava às 23 horas, eu já havia falado para o meu pai que dormiria na casa dos Bragança.
Agora tudo o que me resta é me arrumar e esperar o meu motorista particular chegar. E com isso eu quero dizer, esperar Tomás vir me buscar.
Finalmente resolvo vestir um vestido preto e fazer uma trança no cabelo. Eu estava básica, porém bonita.
Para falar a verdade eu sempre adorei o básico, é tão mais simples. O mais "não básico" que já fiz em toda a minha vida foi cortar os cabelos nos ombros e pintar as pontas de rosa.
Eu permaneço no meu quarto, esperando Tomás chegar, devo esperar só por uns 10 minutos e alguém bate na porta.
— Entra — digo enquanto me olho uma última vez no espelho.
— Tomás chegou, ele tá te esperando lá embaixo. — Minha irmã mais nova, Sabrina, avisa.
Assinto em resposta. Antes que eu sequer perceba, Sabrina já está fora do meu quarto, indo em direção ao seu.
— Ei! — A chamo. — Você devia ir...
— Eu em uma festa de Tomás Bragança? — Ela pergunta e logo solta uma risada, como se fosse algo cômico. — Não, obrigada. Eu tô fora de adolescentes bêbados, se pegando nos cantos.