um capítulo à parte

52 3 0
                                    

ei, tá tudo bem em não ver bondade no mundo. em achar que as pessoas são más. em sentir dor por estarmos tão perdidos. em não conseguir confiar. em ter medo. em ter raiva. em não conseguir perdoar. em não amar todos os seres vivos.

e eu falo isso, não só pra você, mas pra mim também. porque eu sei como é perder as esperanças em tudo.

eu escrevi este livro no meio de 2017 e quando finalizei, eu já não era a pessoa esperançosa e otimista que escreveu o primeiro capítulo.

e aí vem aquela história de permitir a mudança. não seremos, nunca, do jeito que costumávamos ser. como foi dito: a vida muda a gente.

eu passei por uma fase difícil. vi muito da maldade do mundo. conheci o caos de perto. quase desisti do Budismo. desisti de mim por um tempo. eu estava deprimida.

e quando eu lia este livro, eu me sentia mal. eu não seguia as coisas que tinha dito, eu não achava mais o mundo aquela coisa maravilhosa que eu esperava que ele fosse.

era tudo tão escuro... eu era feia por dentro. eu me sentia ruim. me sentia fria e apática. mas mais do que tudo isso, eu me sentia vazia.

a depressão cega a gente. ela parece que nos mostra a verdade cruel por trás das coisas, mas não é bem assim. me escuta agora, ok? não é bem assim.

as pessoas não são más, como já dizia Criolo, elas só estão perdidas. você se perde às vezes. elas só estão se perdendo em caminhos diferentes.

acontece muita coisa ruim e pesada no mundo, mas nossa sociedade é tão primitiva ainda... eu sei que é foda porque vivemos dentro dela, mas os anos vão passar e as coisas vão melhorar — já melhoraram muito.

o amor faz mudanças lindas.

eu sempre concordei com essa frase, mas nos últimos meses eu vivi essa frase. porque se o amor não estivesse aqui talvez eu não estivesse também. porque o amor me salvou.

ele me salvou quando eu só conseguia sentir dor, nojo e repulsa, porque ele me fez voltar a olhar pra mim com mais carinho. ele me fez ter vontade de mudar a bagunça que eu era e a bagunça que o mundo é.

porque eu desacreditei das pessoas porque estava magoada e ferida em escalas de dor nunca sentidas por mim antes. e o amor me fez compreender o porquê das pessoas fazerem coisas tão ruins. elas estão perdidas também, como eu estava, só que de maneiras e em contextos diferentes.

não é fácil. eu ainda tenho cicatrizes e mágoas que não deixei para trás, mas a cada dia vai ficando mais fácil. a cada dia pesa menos.

e sabe quem trouxe essa mudança? quem trouxe esse gostinho de recomeço? quem me fez tirar a bunda do sofá e aproveitar o melhor que a vida pode dar? eu mesma.

porque sou a única responsável por direcionar o rumo da minha vida.

e você também pode.

você não pode e não vai mudar o mundo sozinho(a), mas você sempre pode mudar você. e se perdoar. e decidir mudar. e aprender com teus erros.

eu escrevi este livro porque vivi cada capítulo e queria registrar na história tudo o que eu fui, de forma que ajudasse alguém. não achei que fosse revivê-lo, mas talvez a vida seja esse ciclco maluco: você vai voltar a desacreditar de tudo só pra acreditar em tudo outra vez.

então entenda que tá tudo bem em não dar conta, em não ser otimista, em se sentir pequeno e vazio. tá tudo bem porque a parte difícil também faz parte. ela vem antes da parte boa.

vai valer a pena.

só não desiste. por favor.

levanta. enxuga as lágrimas. seja o herói da tua história.

salve-se. com amor, sempre com muito amor.

Por que eu, você e o mundo precisamos de amor?Onde histórias criam vida. Descubra agora