Capítulo Dez:No Dia Seguinte

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Meu pai tirou folga do trabalho para ficar comigo e dispensou Alma pois como o mesmo era médico não precisaria de uma enfermeira.
Estamos nós dois na sala assistindo um programa qualquer na TV e ele não para de me observar como se eu fosse um quebra cabeça  a ser montado.Ou talvez seja somente coisa  da minha cabeça pela culpa que eu estou sentindo por estar sendo egoísta e mentindo pra ele.
Ele pega no meu queixo e ergue me obrigando a encará-lo

-O que está acontecendo meu bem?

Já estou com uma mentira na ponta da língua,quando ouvimos gritos vindos lá de fora.Nos viramos para a janela e eu começo a me levantar mas papai me segura pelo ombro.Não reajo,mas quando ouvimos um grito de "Pare" vamos correndo para a janela.Vejo Poncho a mãe e o pai dele na varanda.Ele está em posição de briga com os punhos serrados.
O pai segura um copo na mão e sem tirar os olhos de Poncho vira tudo em um só gole,o encará e logo se vira para a mãe então a agarra parecendo furioso e ameaçador,de repente Poncho se coloca no meio dos dois afastando a mãe dos braços dele.
O pai então avança para cima do filho o empurrando para trás,ele bate com as costas na parede mas não cai,o pai continua tentando socar ele sem muito sucesso ja que o mesmo estava bêbado sendo assim acaba se desiquilibrando e cai de cara no piso e fica ali imóvel.

Eu vendo tudo isso da janela da minha casa simplesmente me afasto do meu pai e sem pensar duas vezes saio correndo porta a fora.Corro pelo gramado até a frente da casa de Poncho.O pai está prestes a soca-lo de novo quando grito:PARE.

Os dois me olham com uma expressão indecifrável no rosto.A embriaguez vence e o pai entra para dentro da casa cambaleando.A mulher o segue.
Poncho fica curvado com as mãos na barriga.
Me aproximo dele e pergunto:

Você  esta bem?

Ele olha para mim e a expressão do seu rosto passa de dor para confusão e depois para medo.

Volte entre para dentro. Ele diz

Meu pai aparece e me agarra pelo braço e tenta me levar para dentro.Porém minha necessidade de saber que ele está bem é  maior que a força do meu pai e eu não saio do lugar.

-Você está bem? Grito agora para ele me ouvir

Ele se levanta lentamente como se estivesse machucado e se vira pra mim.

-Esta tudo bem Anny,volte para casa por favor.

Tudo o que sentimos um pelo outro estava ali visível entre nós dois.

-Juro que está tudo bem. Insiste Poncho e eu me deixo ser levada pelo meu pai.

Quando já estamos dentro de casa eu percebo o que tinha feito 😨 Eu fui lá fora.Meu pai me segura pelo braço e me encará.

-Não estou entendendo nada Anny porque fez isso?pergunta ele

-Eu estou bem papai foi só um minuto.Respondo

Ele solta meu braço e se afasta

-Porque arriscar sua vida por um desconhecido?

Não sou tão boa em mentir a ponto de esconder meus sentimentos e meu pai então percebe a verdade.

-Ele não é um desconhecido não é mesmo?

-Somos apenas amigos na Internet .Desculpe papai agi sem pensar só queria ter certeza que ele estava bem.

A gravidade do que eu fiz toma conta de mim e do meu pai também que então assume sua postura de médico.

-Você tocou em alguma coisa?Ele pergunta várias vezes e eu respondo que não.

-Precisamos tomar alguns cuidados extras nos próximos dias até termos certeza que nada aconteceu.Diz ele

- Foi menos de um minuto pai.Digo

-As vezes um minuto é o bastante.Diz ele

-Desculpe Daddy.

Ele ergue a cabeça e pergunta:

-Porque você fez isso filha?Como pode fazer uma coisa dessas?

Não sei se a pergunta se refere a eu ter ido lá fora ou sobre a mentira.Não tenho resposta pra nenhuma das hipóteses.
Vou para o meu quarto e tomo banho ja que papai disse que era o mais aconselhável a se fazer.
Assim que saio do banheiro vou até a janela procurar Poncho,mas não o encontro.Me visto e vou para a cama,quando estou quase pegando no sono ouço os passos de papai entrando no meu quarto deixa algo em cima da minha mesa de cabeceira me dá um beijo e sai.
Abro meus olhos e vejo que ele deixou o elástico Preto de Poncho la em cima.É sem dúvidas ele já sabe de tudo ou quase tudo.

Na manhã seguinte ...

Acordo com os gritos do meu pai e da Alma.

-Como você pode fazer isso?Deixou um estranho entrar aqui?

Desço correndo as escadas,não posso permitir que ela leve a culpa toda sozinha.Então eu a abraço.

-Aconteceu alguma coisa?Ela está doente?

-Ela foi lá fora por causa dele Por sua causa.Ela arriscou a própria vida e vem mentindo pra mim há semanas.Você está despedida.

-Não papai por favor a culpa não foi dela foi minha.

-Eu sinto muito minha filha.Alma arrume suas coisas e vá embora.Meu pai fala e sai da sala indo para o escritório.

Fico desesperada não posso ficar sem a Alma.Eu passei a meia hora seguinte vendo alma arrumar suas coisas.Nem me dou ao trabalho de enxugar minhas lágrimas porque elas não param.Quando chegamos no meu quarto dou meu exemplar do Pequeno Príncipe pra ela que me olha e sorri.

-Esse livro não vai me fazer chorar né?

-Provavelmente

Ela me abraça e diz:

-Você vai ter que ser forte agora Anny.

-Me desculpe.Sussurro pra ela entre soluços

Ela me abraça ainda mais forte.

-Você não tem culpa de nada.A vida é um dom não se esqueça de vive-la.Diz ela com a voz firme

-Já chega.Diz meu pai parado na porta do meu quarto.
-Acreditem ou não eu sei o quanto isso tá sendo dolorido pra vocês duas mas está na hora de você ir Alma.

Alma se afasta então de mim e pega sua maleta do chão e juntas descemos as escadas.Meu pai entrega o seu último pagamento e então ela diz pra mim:

-Seja corajosa!E se vai.

Subo para meu quarto e me permito chorar e pensar em tudo que está acontecendo na minha vida.

Subo para meu quarto e me permito chorar e pensar em tudo que está acontecendo na minha vida

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Tudo Envolve Riscos(Concluída) ADP AYAOnde histórias criam vida. Descubra agora