3🌹

598 31 2
                                    

POV KAROL

Prendi meu cabelo em um coque e vesti minha blusa. Desci as escadas com a mochila nas mãos e mamãe estava preparando o café da manhã.

- Pensei que não fosse amanhã que ia trabalhar.  –Falei abrindo a geladeira e pegando uma garrafinha de suco.

- Resolvi mudar.  –Ela sorriu.  – Tenho que arrumar a minha mala para viajar no domingo.

- Que bom então pode fazer uma torta de maça hoje à tarde.  –Me escorei na mesa e bebi um pouco do suco. Ela me olhou com o olhar engraçado.  – Que foi? Você disse que iria ficar em casa o dia todo.

- E você tem que comer rápido se não vai se atrasar.  –Ela olhou me apontou o relógio em seu pulso.   – Você nunca foi de se atrasar, porque isso agora?

- Não sei, estou demorando a dormir a noite.  –Respondi sem nem prestar atenção no que acabei de dizer, mamãe era obsecada com meu bem estar. Quando eu dizia que estava com uma dor de cabeça, era já queria me levar no medico para fazer um raio X.  – Não deve ser nada demais.

- Como nada demais? Porque não consegue dormir? Algo te incomoda?  -A não ser um moreno chamado Ruggero, e que eu não consigo tirar ele da cabeça, nada me incomoda.  – Karol? Está me ouvindo?

- E-eu tenho que ir, até daqui a pouco mãe.  –Peguei a mochila e uma torrada e sai de casa.

Falando em Ruggero faz dois dias que eu não o vejo. Eu sei que nem o conheço, mas minha vontade era de vê-lo e falar com ele. Cheguei rápido na escola e daquela vez eu não estava atrasada. Me misturei aos outros alunos quando o sinal bateu e fui pra sala. Sentei-me como de costume, perto da janela e observei o campus lá fora.

A primeira aula seria de Literatura, a matéria era legal, mas a professora era chata. Me endireitei na cadeira e tentei prestar atenção.

Apoiei minha cabeça na mão e passei a copiar o que a professora passava na lousa. Quando ela parou de escreveu, começou a explicar.

Comecei a me entediar. A caneta batendo em cima da mesa e a boca se abrindo em um pequeno bocejo, era assim que eu me encontrava agora.

Outra vez lembrei-me de Ruggero e pensei no que ele poderia estar fazendo agora. Eu não sei o motivo, mas eu queria me aproximar e conversar com ele.

O sinal anunciando que a aula tinha acabado soou e eu dei graças por isso.

Sai da sala para a troca de aulas. Passei no armário e peguei o livro de biologia.

- Não percam o jogo dos Stanley’s* no sábado.  –Um garoto passou gritando e entregando um folheto do jogo para todos. Stanley’s era o time de futebol da escola.

- Vai no jogo Karol?  -Katja chegou do meu lado perguntando.

Katja era uma garota ruivinha, nós conversávamos as vezes durante as aulas de física quântica.

- Não sei, você vai?  -Caminhamos juntas e conversando.

- Quero ir. Vamos, vai ser legal.  –Ela deu um leve tapa em meu braço.

Pensei por alguns segundos.

- Tudo bem, eu vou.  –Respondi, acho que não teria nada de mal em um jogo de futebol.

- Ótimo, nos vemos daqui a pouco.

As outras aulas foram piores do que a primeira, quando eu estava indo embora, Katja me chamou.

- Karol, estarei aqui na escola as 18h30. Vou estar na arquibancada, te espero lá.  –Ela sorriu animadamente.

- Certo, até lá.  –Sorri de volta. Provavelmente quase ninguém viria amanhã pra escola, guardariam as energias para o sábado.

- Até.  –Ela acenou e fez seu caminho até o carro do irmão.

Atravessei a rua, mas acho que estava tão entredita com meus devaneios que não percebi o semáforo aberto. A única coisa que vi foi uma buzina e meu corpo indo para o chão. Foi uma pancada tão forte, que eu não estava sentindo minha cabeça.

– Ai minha cabeça. –Murmurei com a mão na testa.

– Você ‘tá bem?  –A voz grossa me despertou me fazendo olhar em sua direção. Fitei aqueles belos olhos castanhos, eu tinha morrido e estava no céu? Não era possível que ele estivesse ali, não mesmo.

– Estou sim, só estou um pouco tonta.  –Respondi, notando as pessoas amontoadas tentando saber o que tinha acontecido. Ele me ajudou a levantar, e me pôs de pé. Minha cabeça estava doendo, e não era pouco. Meu tornozelo havia torcido e tinha um pequeno corte no meu braço.

– Foi mal, eu não te vi atravessando.   –Ele me segurou para não cair.  – Mas você devia ter prestado atenção. Quer ir para o hospital?

– Não, não precisa.  –E era verdade, por incrível que pareça eu estava bem.

– Quer uma carona, até em casa?

– Também não, obrigada.  –Agradeci e dei as costas para ele. Porque eu queria tanto vê-lo, mas quando o via eu saia correndo?  Peguei minha mochila que estava no chão, também. Continuei meu caminho, mancando e reclamando de dor. Outra vez vi aquele carro preto parando do meu lado. O vidro abaixou.

– Entra logo aí, garota! Para de ser teimosa.  –Sua voz saiu em tom de ordem. Eu não tinha escolha, estava com dores no corpo e minha cabeça estava prestes a explodir. Abri a porta do carro e entrei.  – Vai me falando o caminho, ok?

– Aham.  –Foi à única coisa que consegui responder. Fiz de tudo para não olhá-lo, mas foi impossível. Ele era tão lindo e aqueles olhos... Sem comentários. Balancei a cabeça e olhei a estrada pela janela.

- Estou começando a achar que você tem medo de mim, Karol.  –Ele disse sem me encarar.

- Não tenho medo de você.  –Respondi tremendo um pouco.  – E o que foi fazer lá na escola?

- Meu amigo estuda lá e hoje eu fui busca-lo para darmos umas voltas.  –Minhas soavam como todas as outras vezes que eu estava com ele. Passei-as pela calça.

- Entendi.  –Senti uma pontada fina na minha cabeça e uma enorme tontura.

- Tem certeza que não quer ir ao hospital?  -Ele perguntou sério.

- Tenho, eu ‘tô bem e não quero ir pra lá.  –Falei passando a mão pela minha testa.

- Não quer ir pra lá ou estar com medo de ir comigo?  -Ele tornou a fazer a pergunta sobre medo.

- Já disse que não tenho medo de você, é difícil acreditar nisso?

- Na verdade sim. Porque não olha nos meus olhos enquanto falo com você?  -Ele perguntou quase em sussurro e a voz com o tom mais rouco. Senti um arrepio me percorrer.

O encarei e abri a boca para pronunciar algo, mas foi em vão.

- Eu não mordo Karol...  –Ele disse. Juro que vi seu olhar percorrer meu corpo.  – Só se você pedir.

Senti meu rosto esquentar e pra piorar a minha situação ele mordeu os lábios. Soltei um suspiro longo e desejei logo chegar em casa.

 Soltei um suspiro longo e desejei logo chegar em casa

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Bjs!!

Quédate ❤ RuggarolOnde histórias criam vida. Descubra agora