POV Karol
Já estava quase na hora de ir pra escola e eu ainda tinha que passar na lanchonete para comer alguma coisa. Uma chuva fina caia, mas o vento queria levar eu e o meu guarda-chuva juntos. Segurei a bolsa com força e atravessei a rua quando o sinal fechou. Tentei ao máximo me desviar as poças de água que tinham pelo caminho, mas não adiantava de nada.
Por fim cheguei ao Starbucks, fechei o guarda-chuva e o deixei do lado de fora, entrei rapidamente e notei que o lugar estava cheio. A única mesa que estava disponível era uma em um canto afastado. Nem pensei duas vezes e caminhei até ela, coloquei a bolsa na cadeira vazia ao meu lado e me sentei na outra.
- Posso anotar seu pedido moça? -Uma voz feminina soou.
- Eu gostaria um café e um pedaço de bolo de chocolate, por favor. –Falei e ela anotou tudo.
Resolvi ler um pouco enquanto esperava os pedidos chegarem. Tirei da bolsa o livro O Melhor de Mim do Nicholas Sparks, tinha começado a ler há dois dias e já estava quase terminando. Era um livro muito tocante e que prende o leitor do inicio ao fim. Ajeitei o rabo de cavalo frouxo do meu cabelo e abri o livro.
- Se importa se eu me sentar aqui? -Dessa vez foi uma voz rouca que me tirou da leitura. Levantei a cabeça para responder e levei ao choque ao quem era. Aquele moreno de ontem.
- De jeito nenhum, pode sentar. –Falei tentando acalmar as batidas do meu coração, que por algum motivo acelerou.
Ele se sentou de frente pra mim e eu voltei a dar atenção a minha leitura. Acho que aquilo deveria ser uma miragem ou algo assim.
- Você não é aquela garota da igreja? -Ele perguntou e eu subitamente o encarei.
Ele estava ainda mais bonito do que ontem. Os cabelos levemente bagunçados –sinal de que deveria ter acordado e passado apenas as mãos para arrumar os cabelos-, o mesmo jeans escuro e uma camiseta branca. Ele parecia não se incomodar com o frio que fazia.
Assenti e ele apoiou os braços na mesa forçando os músculos e os ombros.
- Nunca ti vi antes por aqui. –Tomei coragem para falar.
- Me mudei faz pouco tempo. –Ele respondeu e ficou me encarando sério.
Fomos tirados do transe quando a garçonete trouxe o meu café. Antes dela voltar ao trabalho, ele também pediu um café.
- O que faz tão cedo por aqui? -Fechei o livro e fiquei marcando a pagina com a ponta do dedão.
- Vim tomar um café antes de ir para escola. –Respondi. -E você?
- Combinei de me encontrar com um amigo, mas o idiota não chegou ainda. Acho que esqueceu. –Ele mordeu os lábios e depois passou a língua entre eles. – A propósito, meu nome é Ruggero.
Ele dizia tudo olhando no fundo dos meus olhos esverdeados e aquilo me deixava sem graça. Tentei olhar para outra direção, mas eu sempre voltava para as duas orbes castanhas.
- Karol. –Falei e dei um pequeno sorriso.
Tomei um pouco do meu café e senti um silencio predominar entre nós.
Ruggero tinha uma voz incrivelmente provocante, seu olhar era hipnotizador e seu cheiro era diferente de todos que eu já havia sentido.
Olhei para o relógio na parede próximo ao caixa e arregalei os olhos ao ver a hora e lembrar que o colégio existia e que eu já deveria estar lá.
- Eu tenho que ir. –Falei guardando o livro na minha bolsa e pegando o dinheiro para pagar o café.
- Se cuida, Karol. –Ele disse depois que eu já estava de pé.
- Você também.
Joguei a mochila sobre o ombro e passei no caixa. Depois sair correndo na velocidade da luz. Pra minha sorte a chuva tinha parado só o vento que ainda estava violento. Comecei a caminhar em passos longos e logo estava em frente à escola. Dez minutos atrasada, eu deveria uma boa explicação à professora.
Entrei na escola indo direto para a sala de aula. A classe estava em silencio devido à prova que eles faziam, senti todos me fuzilando e me sentei no meu lugar.
- Qual o motivo do atraso Srta. Sevilla? -A professora perguntou.
- Perdi a hora. –Falei e ela andou até mim com a folha de testes na mão.
- Espero que isso não ocorra mais. –Ela disse rude e colocou as folhas em cima da minha mesa. Peguei caneta e mãos a obra.
Dez minutos já haviam se passado e nem a primeira questão eu tinha terminado ainda, eu não estava conseguindo me concentrar em nada. Não estava conseguindo focar meus pensamentos. A única coisa que eu tinha em mente, era aquela voz e aquele moreno estritamente sedutor. Balancei a cabeça tentando afastar as lembranças dele mordendo os lábios, mas parecia que aquilo estava gravado na minha mente.
Eu tinha que ir bem naquele teste, era a nota de maior peso do trimestre. Contei até dez e respirei. Foquei-me nas questões e ele saiu um pouco dos meus pensamentos. Consegui terminar as dez questões da prova, fui uma das ultimas a entregar e depois sai da sala. Agora era só esperar o resto das aulas e ir pra casa.
. . .
Parei na biblioteca para pegar um livro antes de ir embora. Demorei quase vinte minutos lá e depois fiz o caminho pra casa. O frio tinha ficado ainda mais forte e alguns pingos de chuva começaram a cair. Ainda era o começo da tarde e parecia ser de noite. O céu estava escuro e as nuvens carregadas, eu não gostaria de estar na rua quando começasse a chover de verdade.
Tudo indo estava bem quando sem querer eu deslizei e cai de bunda no chão, minha mochila foi parar longe de mim e eu bufei de raiva. Os pingos de chuva haviam aumentado e eu me apoiei no chão para levantar. Dei umas batidas na parte de trás da minha calça. Puxei as mangas da blusa até o cotovelo e senti alguém se aproximar de mim.
- Karol? -Ao ouvir outra vez aquela voz meu corpo inteiro se estremeceu. Me virei rapidamente e o vi segurar minha mochila nas mãos. – Acho que isso é seu. –Ele apontou-a e eu peguei. – E isso também. –Ele mostrou a outra mão que segurava o meu pequeno guarda-chuvas. – Acho que esqueceu lá no café.
- O-obrigada. –Respondi e peguei o objeto. – Como sabia que era meu?
- Quando eu ia saindo um cara me parou perguntando se eu te conhecia, acho que ele me viu sentado com você, então disse que tinha te visto deixar essa coisa lá e eu disse que te entregaria. –Ele pegou um maço de cigarros no bolso e um isqueiro e o acendeu. Com a chuva que caia, ele ainda acendia um cigarro.
- Obrigada, de novo. –Passei os olhos pelo seu corpo, parando na barriga e no peitoral. A camisa branca estava parcialmente molhada dando uma visão do que se escondia ali de baixo. Juro que tentei não olhar, mas eu tinha curiosidade. – Como sabia que eu estaria aqui?
- Te segui desde o café. –Ele mudou a posição ficando de lado. – Não tinha nada melhor pra fazer então esperei você sair da escola.
Ele era muito serio, isso eu percebi desde o momento que o vi na igreja ontem. Mas isso só o tornava ainda mais instigante. Ele soprou vagarosamente a fumaça contra as gotas de chuva e eu prestava atenção em cada movimento que sua boca fazia. Estava chovendo, mas eu sentia perfeitamente minhas mãos soarem.
- Acho que já vou indo. –Passei por ele.
- Não quer uma carona? -Ele disse levando o cigarro a boca.
- Não precisa. minha casa não é muito longe. –Eu ainda tinha receio de aceitar uma carona, primeiramente eu nem o conhecia direito e segundo que se a minha mãe me visse chegando em casa acompanhada de um garoto ela me mataria.
- Como quiser. –Ele deu meia volta, acenou com a mão e depois entrou no carro.
Comecei a andar e dar graças a Deus por ele não ter insistido. Eu não sei se eu conseguiria recusar. Acho que nenhuma recusaria um pedido dele.
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Quédate ❤ Ruggarol
Fiksi PenggemarEla era a menina certa da mamãe, ia a igreja três vezes na semana e chegava na hora certa. Mas isso mudou até ele chegar. Aquele bad boy de óculos escuros e jaqueta de couro, os cabelos negros e o corpo de um deus. "Gosto do jeito que você fica qu...