Tudo que eu vejo

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Vou te explicar como foi que tudo começou. Acordei tão ruim que eu perdi toda esperança de que aquele dia poderia trazer qualquer coisa de bom, aquele típico dia que você vai dormir morrendo e acorda depois de 6h parecendo que não dormiu nem 5 minutos, levanto no susto e tudo escurece, sem saber que horas são, procuro o celular, sem bateria, esqueci de conectar o carregador, olho pra fora e ainda não clareou, coloco o celular pra carregar pelo menos um pouco, me arrumo bem desleixado como de costume  e desço pra fazer o café, olho no relógio do microondas 6:10h, tenho 20 minutos até o ônibus passar, coloco a água no fogo e abro o computador pra dar aquela verificada básica no Instagram, nada de bom, meninas da escola e suas fotos, os meninos e a proxima festa, fuçando por um tempo entro no perfil dela e olho a única foto que tem disponível pra quem não é amigo, um sorriso largo de orelha a orelha, ela é perfeita. Subo pro quarto e vejo que minha mãe ainda tá dormindo e  pelo jeito vai acordar só 11h, desço e volto pro Facebook enquanto a água não termina de ferver (Vou dar um breve explicada sobre minha família, meu pai morreu um pouco antes de eu nascer, se chamava Pedro um cara super carinhoso e inteligente que morreu nos seus péssimos 31 anos em uma grande tragédia de carro envolvendo um montão de carros e caminhões, minha mãe na época gravida sofreu bastante e até hoje sofre, ela sempre fala que eram almas gêmeas, ela se chama Flora, nome um tanto diferente, ela é uma mulher muito inteligente, bonita e encantadora, advogada criminal e no tempo livre minha mãe.) Água fervida, passo o café e sento pra comer aquele clássico pão com manteiga, a burrice me fez tomar o café fervendo, queimei a língua toda, com bastante esforço termino o café, pego o celular a mochila e vou pro ponto. Ônibus lotado, aquele cheiro matinal de cc, todo mundo com aquela típica cara de segunda feira, coloco meu fone, coloco pra tocar grão de areia do supercombo e esqueço do mundo.

Chegando na escola vejo a menina mais linda da terra me olhando, ela consegue ser incrível e me deixar bobo só de olhar, um olho azul hipnotizante, cabelos nos ombros pretos igual a escuridão, um sorriso totalmente encantador, o nome combina, Bella apelido de Isabella, sinceramente  não existiria nome melhor, ela vem em minha direção, penso que não pode realmente ser possível isso estar acontecendo, quando olho pra trás pra me certificar de que era pra minha direção que ela tava vindo eu tropeço  e caio igualzinho bosta no chão, sou um desastre e totalmente acostumado com passar vergonha, ela ri e vai de encontro a amiga que tava bem atrás de mim. Vou pra sala correndo pra não passar mais vergonha se é que isso era possível, primeira aula matemática depois geografia e durmo um pouco porque não dá pra aguentar mais uma aula de matemática, pra ajudar meu dia que já estava tão ótimo, saimos pro intervalo que parece uma eternidade  pra chegar, encontro o Jonny parado na fila da cantina e já dou aquela roubada básica de fila, compro meu café e sento de frente pra quadra, ela sempre fica do outro lado e é por esse motivo que fico ali, perderia horas olhando pra ela. Nada no mundo é comparável ao poder que o sorriso dela tem sobre mim, no meio da minha admiração o Jonny pergunta:
- você precisa mesmo ficar o tempo todo olhando pra Ela? Como se ela fosse a deusa da beleza, toma logo uma atitude! - ele fala como se fosse super fácil.
- Jonny você me conhece e sabe que não é tão simples assim, olha quem ela é, a garota mais bonita e popular da escola, jamais me daria bola.
Sem perceber Kelvin escuta minha conversa, Kelvin é o cara mais chato e insuportável de toda a América, joga basquete no time da cidade e se acha o cara mais incrível do universo, se diz o bom e quer bater em todo mundo.
E chega logo falando:
- Agenor, Agenor, que bom que você sabe que nunca teria chance com essa garota, porque eu já tô de olho nela.

Levanto e saio dali porque não suporto um segundo do lado dele, achando que é dono de alguém, voltamos pra aula e a hora não passa, resolvo dormir outra vez. Tenho um pesadelo horrivel com o acidente do meu pai que curiosamente sempre acontece, ainda nem tinha nascido mas vejo vidros quebrando, fogo, gritaria, derrepente tudo se apaga e eu acordo assustado, suando e com o coração a mil, olho o celular e falta um minuto pra saída, arrumo tudo bem rápido e saio igual um tiro pelo corredor, esse sonho sempre se repete e sempre meche bastante comigo, me deixa abalado e suando.
O corredor é  sempre uma grande bagunça, olho pra frente e vejo ela saindo e como sempre me encanto mais, derrepente ela vira e eu todo perdido olho pra outro lado, ela para coloca a mão no meu ombro no meio da muvuca e fala:
- Ei, eu preciso falar com você!- eu incrédulo respondo
- Oi? acho que talvez, sei la, não sei.... haãmmm, você tenha confun..fundido a pessoa, com certeza confundiu,  ou não? - ela me olha e sorri e responde
- Agenor, me espera no portão, queria conversar com você,  é bem rapidinho,  prometo.  - ela simplesmente saiu andando e eu fiquei parado empacando todo mundo e tentando acreditar que realmente aquilo tinha acontecido.