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Subi pro quarto sem saber o que fazer, pensando se mandava alguma mensagem pra ela, o que ela queria?, por que falou comigo pra resolver isso?, será mesmo que não tinha ninguém melhor pra resolver isso pra ela? perguntas que encheram minha mente de dúvidas o dia todo. Resolvo mandar uma mensagem.

"Oi, é o Agenor, falei com minha mãe, espero que dê tudo certo"... apago e reescrevo.

"Oi, é o ge, você falou comigo hoje...." Não, muito simples.

"Oi, você falou sobre sairmos pra falar com minha mãe..." É claro que não, desesperado demais até pra mim... 

"Oi Bella, é o Agenor, então, falei com minha mãe, tá tudo bem?".

É vai ser isso, largo o celular de canto e tento ver um filme antes de mandar a mensagem. A ansiedade já estava me corroendo, não queria parecer desesperado, abro a Netflix e adivinhem? "a barraca do beijo", "Para todos os garotos que já amei", "você nem imagina", nem um filminho pra me ajudar a esquecer, parece que todos os romances atuais perceberam que eu não parava de pensar nela, desisto de assistir. Resolvi que era hora, não dava pra ficar adiando, 22h15, melhor mandar agora. Ok, enviar.
22h16 Recebido...
22h16 Online...
22h20 Visualizado...
22h21 Offline...
Ok, precisava mesmo esquecer isso, coloquei Partilhar - Rubel pra tocar

e fiquei deitado na cama, sai e entrei incontáveis vezes, nenhuma resposta, 23h30 e nada, decido ir dormir antes de ficar desesperado, uma última olhada, 23h45, é, hoje ela não vai responder, fechei os olhos, fiquei sonhando acordado, seríamos um lindo casal, se eu fosse mil vezes mais bonito, talvez ela me desse bola, será que ela sabe que eu sou completamente apaixonado por ela? certeza que eu não sou o padrão dela, seja lá qual for o padrão dela, peguei no sono sem nem perceber.

No dia seguinte fiquei tão ansioso que quase perdi o ônibus, passei um litro de perfume, por que vai que acontece alguma coisa, não conseguia parar com a perna quieta, o ônibus todo olhando pra mim, talvez, mas só talvez, eu tenha exagerado um pouquinho no perfume, o que também não era tão ruim assim pra um ônibus com cheiro de cc matinal, pois bem, a única coisa que aconteceu, foi o Jonny espirrando o dia todo, ela passou por mim várias vezes no dia, sem exibir uma sequer reação, eu simplesmente me tornei invisível, desapareci, morri sem perceber, porque não era realmente possível que ela tenha me ignorado, não nesse nível, depois de um grande favor ela nem sequer olhou pra mim, ela me usou descaradamente, não teve nem coragem de responder minha mensagem com um obrigado, mas também o que eu esperava? Um pedido de namoro por ter feito um simples favor? Um bolo de agradecimento? Tudo bem que um "Obrigado ge, por ter falado com sua mãe." Não seria mau, achei que seria pelo menos o mínimo. Passei o resto do dia e da noite desacreditando da minha imensa capacidade de ser idiota.

As seis semanas seguintes foram de puro e maravilhoso vácuo, tentei esquecer o que aconteceu, parei por alguns dias de observar ela e me concentrei nos trabalhos do 2 trimestre não podia ter notas ruins, minha mãe me mataria. Sai algumas vezes com o Jonny, que sempre me abandonava em troca de alguma garota que ele encontrava por ai, normalmente nem o nome ele sabia.

Falei com minha mãe mais que o normal, tentei várias vezes chegar em um assunto que chegasse na Bella, pra ver se ela desenbuchava alguma coisa, consegui um total de nada, se por acaso ela tivesse entrado em contato, eu não saberia, minha mãe sempre foi muito responsável nessa questão, mas uma veizinha só ela poderia deixar escapar algo, qualquer coisa, um sim, um não, mas não consegui.

Depois dessas seis semanas devastadoras pro meu coração, já estava quase conseguindo entender o fato de ter zero chances com ela, mas o destino tava ai pra brincar comigo outra vez, o terceiro ano inteiro estava indo pra uma visita ao memorial da resistência de São Paulo, quatro turmas impossíveis, cada aluno um pior que o outro, seria um completo desastre se não tivessem mandado a professora Vanessa com a escola, amiga de todos, super gente boa, mas ninguém era maluco de sair fora dos trilhos quando ela tava por perto.

Chegando lá o coordenador  da viagem disse:
-Bom pessoal, três pequenas regras, não saiam, não briguem, pelo bem dos seus queridíssimos boletins, prestem atenção, vão ser avaliados e pelo bem da minha querida sanidade mental eu espero não ver ninguém aqui ano que vem.

Andei com Jonny  por um tempo, o memorial tinha uma aura bem pesada, o que já era de se esperar, pensar em tudo que aquelas pessoas passaram por que eram contra uma ideologia, a turma todo foi para uma área aberta pra comer, tava tudo bem calmo até que ela, a bendita, surge no nosso meio.

- Oi, querem companhia, bom, a Carla minha amiga me trocou pelo namorado, é um agarra e beija toda hora, realmente não tá dando pra ficar perto e o resto das pessoas não estão prestando atenção o suficiente, eai posso ir com voces o resto do passeio?. - travei, como uma estátua querendo falar, tenho certeza que fiquei completamente vermelho.

- oi..é, an..., po.., jonny, cadê... - ele me olhou com um olhar de quem queria minha morte, ele nao achava que depois de todo esse vácuo eu ainda gostaria de ter ela por perto, mas mesmo assim disse:
- Pode, não prometo prestar atenção, essa parte é com o ge mesmo.

- Ge?... Quem? Agenor? Ata, claro, Agenor..., ge, faz sentido, tudo bem, vamos. - parecia que dessa vez era ela quem tinha travado.

  Terminamos de comer e entramos em uma sala com vários máscaras nomeadas, nomes de presos que lutaram pela democracia durante a ditadura, uma voz explicava sobre o que levou cada um até lá, a janela da sala dava pra um corredor de banho de sol, na parede dizia " A vinda ao  corredor era uma vez por semana, por uma hora, uma cela por vez. Mas nem todos vieram."
Depois dessa sala a maioria teve um pouco mais de noção e respeito por onde estavamos, da li pra frente tudo ficava mais forte, em uma parte a Bella começou a chorar, e sinceramente todos sentiram vontade também.

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⏰ Última atualização: Jan 04, 2022 ⏰

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