CAPÍTULO 01

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Dona Flor e seus Dois Maridos

Salvador, fevereiro de 1930.
A cidade estava ofegante, por causa do carnaval. Vadinho, que era um homem arretado e apaixonado pelas mulheres da Bahia, não podia faltar nessa folia. Junto com o seu amigo, Tibério, trajados de baiana, dançavam e pulavam, a folia de carnaval. Não podia faltar aquela cachaça, alegria e jimgado!
Os dois desciam a ladeira, acompanhados de mulheres formosas, lindas. Vadinho, beijava, pegava nos peito da moça que lhe acompanhava, e não esquecia da sua garrafa!
Mas, derrepente, quando ele menos esperava, veio-lhe uma dor no peito. Essa dor aumentava, deixando cair a garrafa, que se quebrou no chão. Andava em passos tortuosos, como se estivesse muito bêbado. A dor aumentava, seus olhos envermelhava, chegando a ver as veias, que se alteravam. E, no meio daquela praça Vadinho, cai no chão, sem vida. Seu amigo, Tibério, quando o vê caído e logo correndo atestar, se era brincadeira de fanfarrice ou um mau súbito, coloca a mão no seu pescoço para ver os pulsos de batimentos, e não escuta. Ouve-se um grito de Tibério, que soou por toda capital:

Tibério: Nãoooooooooo!

- Dona Floripedes, que estava fazendo o almoço, de frente a pia, cortando os legumes, sente que um vento forte que entra pela janela da sala, e derruba um jarro de flores vermelhas. Rapidamente, assustada, ela se vira e arrepia-se toda. O menino Serelepe,  muleque mulato, vinha pela rua gritando por seu nome:

Serelepe: Dona Flor! Dona Flor!

- Atordoada, sai ela, enxugando as mãos com o pano de prato. E pergunta:

Flor: O que aconteceu Serelepe?
Parece que viu um fantasma!

Serelepe: Não vi! Mas, depois de hoje ...

Flor: O quê aconteceu muleque?!

Serelepe: Corre até a praça! O senhor Vadinho morreu!

Flor: O quê? Tá doido menino?!

Serelepe: Não, não, não! É verdade!

- Dona Flor que já era emotiva, desagua.

Flor: Ai, meu Deus!

- Ela entra em casa, apaga o fogão, e vem com Serelepe, até a praça. Vinham eles, descendo a ladeira. Dizia Dona Flor:

Flor: Se for brincadeira, muleque, você me paga!

Serelepe: Né não! Olha lá, a multidão!

- Desciam. Dona Flor passava pelo meio da multidão, com a ajuda de Serelepe. E ao ver que tinha um homem caído no chão, e que poderia ser o seu marido, Flor suava. Mordia, os lábios de tanta aflição. Via os pés caídos, entre as pernas de quem estava na sua frente. E, quando vê o corpo todo, testificando que era seu marido, ela se joga em cima do corpo e berrava:

Flor: Meu amor! Minha vida! Não me deixes, neste mundo cruel!
Vadinho, acorda! Acorda!

- Tibério, vendo todo o sofrimento da viúva, se aproxima e diz

Tibério: Flor! Escuta Flor!
Não têm mais jeito! Ele morreu!

- De tanto chorar, a última frase de Tibério, o leva num flashback profundo, quando em uma noite quente com Vadinho. Vadinho, trazia-a até o quarto em abraços e beijos no pescoço. Vadinho, passava as mãos em suas partes e ela gostava. Ele o joga na cama, fecha à porta do quarto. Tira a camisa de botões, os cintos e a calça, ficando só de calção(antiga cueca). Vem até ela, onde começa a beija-lá. Subia, seu vestido rosa e tirava sua calcinha. Flor já estava quase no ápice ...
Mas, tudo tem fim. Era apenas um sonho, e de volta a vida real, Tibério ainda falava um longo discurso. Já estavam velando o corpo.

Tibério: Tudo bem, Flor?

Flor: An?!
Tudo! Tudo bem!
Estava aqui me lembrando do Vadinho. Eu sei que ele era um cafajeste, mas ... Eu o amava! Adorava quando ele me beijava ... Me fazia carícias! Agora ...

- Ela olha para o caixão. E começa a chorar. Tibério, a consola. E vão até um recanto, onde tinha cafezinho. Em seguida, chegava no velório uma prostituta. Todos olhavam, com olhos de estranho. A prostituta, chorava. Maquiagem borrada, ela se aproxima de Vadinho, e diz:

Prostituta: Vai com Deus, meu amor! Eu e ''dona pepeca'', sentiremos muito a sua falta! E a do ''pintolino'', também!

- E beija a boca dele, chorava.
O dia amanhecia ... Vinha adentrando o cemitério, o caixão de Vadinho, acompanhado da viúva e seu amigo, além de vizinhos, amigos da vida, a prostituta, e outras que choravam muito. Fechava a cova! O mundo tinha acabado para Flor. Não sabia o que fazer.
Sem rumo, ela corre e sai do cemitério, correndo. Tibério, vinha atrás.
Flor, corria. Tibério, atrás dela.
Ela acaba caindo e se segura num poste. Tibério, chega. Ofegantes e cansados, suavam. Flor lamentava:

Flor: Eu não vou suportar Tibério! Eu não vou suportar! Perdi o homem da minha vida. O homem que seria o pai dos meus filhos! Perdi pra morte! Perdi, perdi!

Tibério: Calma, minha amiga! Tenha calma!

Flor: Eu não sei o que fazer. Que rumo tomar!

Tibério: Eu não sou a melhor pessoa pra falar sobre relacionamentos. Quanto à isso, sou leigo! Mas, quando fala sobre safadeza, eu e o Vadinho, éramos chefes.

- Lembrava Tibério.

Tibério: Quando íamos no cabaré, o Vadinho botava as negas pra pular, rebolar, cachorrinho e chu ...

- Empolgado demais, ele cai na real e diz

Tibério: Me desculpe! Sei que isso é difícil de escutar!

Flor: Eu já tô ''cansada de guerra''! Comigo, o Vadinho não era diferente. Ele sempre pegou fogo na cama! Mas, isso não te interessa!

- Berrava.

Flor : Agora, eu tô sem o meu amor! Sem meu homem! E agora, meu Deus! O que vou fazer?

- Tibério, então, sugere.

Tibério : Porque você não casa de novo?

- Flor logo se levanta e reclama.

Flor: Oxente homem! Eu não vou trair, meu marido não viu?

Tibério : Seu marido tá morto.

Flor: Que amigo, ele tinha! Entregando a mulher dele, pra outro. Olha aqui Tibério, meu marido mau esfriou no caixão, e você quer que eu pule no colo de outro! Eu não sou mulher fritadeira, não viu!

Tibério : Calma! Calma, que só foi uma sugestão. Não precisa me atirar quatro pedras! Se não quer diz que não quer, e pronto!

- Flor dá uns passos a frente, olha para o horizonte. O vento batia no teu rosto. Ela afirma.

Flor: Olha aqui Tibério, eu nunca vou trair meu marido!
Não vou me envolver com outro homem, nunca! Nunca!

- E permanece ali.

  /////////// NOTA///////////////////

Esta obra é do autor Jorge Amado, e agora escrita por Leandro Cardoso. Nem todos os fatos e falas, que aparecem neste capítulo e nos próximos estão no livro. Essa história é livremente inspirada na obra DONA FLOR E SEUS DOIS MARIDOS, e adaptação minha. Por isso, vocês irão ver algumas coisas, que não há no livro. 

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