Só... Só.

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Eu acordo para um pesadelo,
De novo e de novo.
Me afogo em meus próprios pensamentos, tento nadar mas meus pés estão amarrados. Meus braços e pulmões doem.
Prendo-me ainda mais à minha maldição pessoal, olhando sem ver, ouvindo sem escutar, falando sem dizer nada.
Sozinha, eu e o mundo ao meu redor.
Respiro o que penso ser ar, para descobrir no minuto seguinte que é veneno. Um cheiro humano, um veneno amendoado, puro e delicioso. Que me chama para deleitar-me nele todo o dia. Sem corte, sem gasto, sem efeito. Só eu, num próprio feitiço. Só.
Sozinha, mesmo que ao meu redor há vários. Vários relapsos de comentários se importando, mas vazios.
Sozinha, talvez literalmente, não sigo mais uma reta, o que deixa me deixa desalinhada. Como pulsações de alguém morrendo. Só, um ponto a mais no mapa, só mais um número.
Ninguém realmente se importa, que eu esteja me afogando com o oxigênio, engasgando em silêncio, não deixando que vejam minha fraqueza.
Eu estou sozinha nessa, mesmo estando rodeadas de pessoas que dizem que me entendem.

Problematizando (com poemas)Onde histórias criam vida. Descubra agora