·Chapter One-Lucy·

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"-Por favor, você viu a nossa filha?"

*Antes do cruzeiro*

Ela olhou mais uma vez para o relógio, 10:05. Seus pais estavam no banco da frente, dormindo talvez, e ela olhava pela janela tudo que podia. O trem não parecia se mexer, se não fosse a janela ela podia jurar que ainda estava na estação perto de sua casa.

Ela inclinou o corpo para frente e pôde confirmar que os pais estavam dormindo, então ela saiu do banco que estava e começou a explorar o trem.

"Quanta gente..."

O trem era grande, e ela fazia questão de olhar cada passageiro daquele vagão, exceto os dois bancos da frente. Ela tentou ver, até se apoiou na barra de metal e inclinou a cabeça, mas o pai tinha acordado e rapidamente puxou-a pelo braço e pediu gentilmente que ela se sentasse.

Ela abriu a boca, tentou perguntar "quando vamos chegar?", mas nenhum som foi ouvido.

Ela se odiava por não conseguir falar. Seus pais já foram com ela fazer inúmeros exames com diferentes médicos, mas não havia nada a se fazer.

Lucy sofria de uma doença que a impedia de falar, os médicos não sabiam como a doença afetava sua voz, e não sabiam o que fazer.

Agora, eles estavam no expresso da manhã indo em direção à cidade onde Sophie, sua mãe, nasceu.

O trem foi diminuindo a velocidade e Lucy olhou pela janela, "chegamos?" , ela pensava e torcia para ser verdade. Olhou para os pais e recebeu um sorriso que a disse que haviam chegado ao seu destino.

Ela sorriu e tratou de se levantar do banco, indo em direção à grande porta metálica que fez um chiado ao abrir.

-Querida, nos espere.

Sophie gritou e então desceu.

-Seu pai vai pegar as malas.

Ela não queria esperar, estava muito ansiosa, seria sua primeira vez vendo o mar.

-Pronto, vamos indo.

Louis, seu pai, descia do trem com suas malas, elas pareciam pesadas. Ele entregou uma mala para Sophie e os três começaram a caminhar.

-Filha, quer ir ver o mar?

Sophie perguntou a Lucy quando terminaram de comer.

Lucy sorriu e balançou a cabeça positivamente. Ela levantou e pegou seu casaco, correu para porta com um sorriso de orelha a orelha.

-Vamos amor.

Sophie chamava Louis, que tratou de dizer:

-Tem certeza que quer ir hoje? Tem a inauguração daquele cruzeiro e lá vai estar lotado. O navio vai sair hoje.

Lucy, que já havia aberto a porta, olhou para os pais com um olhar triste.

-Vai ser rápido, vamos. Por ela.

Então eles acabaram indo. Chegando lá, era exatamente como Louis havia dito; muitas pessoas e muito barulho.

Andaram pelas barracas que vendiam diferentes tipos de comidas e por diferentes pessoas.

-Lucy, não se afaste.

Ela estava encantada com tudo aquilo, nunca tinha visto um navio tão grande como aquele.

-SENHORAS E SENHORES! -começou o capitão do navio.- É COM IMENSO PRAZER QUE APRESENTO-LHES, O GRANDE NAVIO DO CRUZEIRO WHATERHORSE. ESPERO QUE JÁ TENHAM RESERVADO SEUS LUGARES, NÃO VAMOS ESPERAR MUITO.

Sophie foi envolvida por uma multidão de pessoas que tentavam chegar no navio para reservar um lugar na viagem e acabou soltando a mão de Lucy, que foi levada para dentro do navio com uma duquesa e pessoas da elite que já tinham lugares reservados, ela foi levada até o corredor onde haviam os quartos e não sabia para onde ir. Não sabia o que fazer. Queria falar, mas nada saia.

-Por favor, você viu nossa filha?

Sophie perguntava desesperada para as pessoas que apenas a olhavam e voltavam a atenção ao navio.

-Sophie, vamos informar às autoridades, eles vão saber o que fazer.

Ela não queria sair de lá, queria procurar por Lucy. Mas mal conseguia se mover no meio da multidão, então foi junto com Louis até uma delegacia próxima.

-Querida, está perdida?

Uma duquesa se aproximou de Lucy, que assustada recuou.

-Não tenha medo. Aqui, está com fome? Passando aquela porta há um imenso restaurante, você pode comer o que quiser lá, afinal seus pais pagaram pelo lugar aqui não é?

Lucy acenou com a cabeça e se dirigiu à porta.

Foi aí que tudo começou...

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