Capítulo 6- Maléfica

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Maléfica -

Com o passar do tempo, o meu pobre coração negro voltou a bater. Mas não batia da mesma forma.

Batia de forma lenta, de uma forma que se alguém escutasse, ele pareceria que estava parado. Apesar de tudo, ele continuou negro. Não havia nada que mudasse isso.

Também com o passar do tempo, o meu ódio pelas criaturas mágicas e não-magicas foi crescendo. Eu ainda não me via como a 'Bruxa Cruel' que a profecia falava. Nesta altura, ainda nem sequer tinha ouvido falar da profecia.

Mas, onde é que eu ia? Há sim. Depois da morte da minha mãe, e do meu coração lentamente começar a morrer dentro de mim, o meu poder aumentou. Podemos dizer que o ódio o alimentou.

Nesta altura da minha infância, o meu poder estava dentro do controle, na verdade, eu pouco sabia o que fazer com ele.

Sim, é ai que vou começar. O dia em que comecei a perder o controle.

**

Eu estava no meu quarto, sentada na minha cama, a olhar fixadamente para a parede pintada de negro do meu quarto. Eu não sabia o que fazer. Já há alguns dias que eu não comia, o meu pai estava a ficar preocupado. As minhas forças perdiam-se aos segundos. Cada vez mais fraca, era como eu estava.

O meu corpo estava magro - mais magro do que já estivera. Eu tinha olheiras profundas nos meus olhos, elas eram marcas negras que faziam os meus olhos violeta ficarem proeminentes de uma forma pouco normal. Os meus lábios estavam partidos em muitos sítios, de eu tanto morder para conter as lágrimas que teimavam em nunca acabar.

A forma do meu estado fisico nem chegava perto a como o meu estado psicologico estava.

Eu estava destruída mentalmente.

Partida.

Em bocados.

Vocês nem podem imaginar o que eu sentia. Estava sempre tudo tão escuro. Tão negro, sem luz. Sem salvação. Era assim que eu me sentia. Sem redenção.

Não havia nada que me pudesse distrair dos meus sentimentos.

Eu sentia muito. Mas a maior parte eram sentimentos negros. Eu sentia-me triste; rebaixada; depressiva; sem valor; de coração partido; traída pelos que aprendi a confiar; covarde; estupida; com raiva...

Porém o sentimento que mais se sobressaía era o ódio.

Ódio pelas criaturas mágicas.

Ódio pelas criaturas nao-mágicas.

Ódio pelo meu pai, porque não ajudou a minha mãe.

Ódio pela minha mãe, porque se sacrificou por mim.

Ódio pelos homens que começaram isto tudo.

Ódio por mim mesma, por me deixar abater por tudo isto.

Ódio pelo meu poder, porque não pude salvar a minha mãe com ele.

Ódio por tudo.

Eu odiava tudo e todos.

Não é um sentimento que eu gostava de sentir, mas eu sentia-o na mesma.

Neste momento de auto-reflexão o meu pai acreditou ser o melhor momento para entrar no meu quarto. Apanhando-me despercebida.

Ele já me tinha apanhado muitas vezes despercebida, porém hoje foi pior. Hoje estava tão embrulhada nos meus pensamentos e emoções que so notei o meu pai quando ele me tocou e eu dei um pulo, quase caindo da cama.

Once Upon a... Villain (Slow Updates)Where stories live. Discover now