"Roses"

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       Há um cheiro que o atrai.

É o cheiro de perfídia.

É bastante admirável como isso permeia a cabeça de quase todos os seres humanos, em pequenos gestos que deveriam ser simples, mas se tornam devidamente corrosivos, principalmente quando exalam dos lábios maquiavélicos de quem alguns ousam admirar em tamanha inocência.

Os sapatos Stefano Bemer – um dos melhores sapateiros na arte de confecção de sapatos a mão – tinham levado três meses para ficarem prontos, se destacando na pequena entrada apertada quando pisou com muita elegância o chão de linóleo quadriculado. Contudo, não era apenas isso que realmente o destacava naquele ambiente sombrio, e sim um de seus ternos Kiton que não custavam menos de cinquenta mil dólares cada peça, confeccionados por Enzo D'Orsi, e que era criado com um dos materiais mais finos obtidos a partir da ovelha Merino. Todo preto, contrastava com a camisa branca de riscas que se encontrava por baixo.

Lá dentro, luzes avermelhadas imitavam a cor daquilo pelo qual muitos iam em busca, isso a depender de até onde a mente poderia ir e o dinheiro conseguiria pagar, se tivesse os dois, então nada era impossível dentro daquele antro de perdição. Ali tanto se poderia pagar por uma ménage à trois como por um órgão humano. Os números na conta bancária eram o mais importante.

O bar se alongava de uma extremidade à outra, as prateleiras envidraçadas por trás mostravam a variedade de bebidas, as drogas ficavam por baixo do balcão castanho e brilhante, mostrando o reflexo de tudo o que acontecia ao redor. Os exaustores tentavam sugar a quantidade de fumaça que se espalhava de muitas bocas pérfidas, o som era geralmente eclético apenas para que os murmúrios continuassem no tom certo, sem que se sentissem no meio de um grande espaço oco.

Os olhos não se cruzavam, até porque ninguém queria ser visto, principalmente os viciados em jogos que se arruinavam nas mesas, apostando tudo o que tinham e não tinham. Na maioria das vezes eram desses casos que surgiam os órgãos humanos para o mercado negro.

Idiotas desesperados!

Faziam de tudo para poder rolar os dados por uma última vez, e perder. Também não havia câmaras, era obrigatório desligar os celulares e saber que o que acontecia ali terminava ali.

Do outro lado perto do corredor que levava ao banheiro, tinha escadas de madeira escura que levavam para o andar de cima. Possivelmente albergava os quartos, mas talvez para os clientes mais exigentes, pois a maioria se divertia nas cabines privadas que estavam afixadas na sala ao lado, cuja entrada estava coberta por longas cortinas esverdeadas, um pouco manchadas e o melhor era não saber de quê. Um grande quadro de Elvis Presley se destacava na parede acima cujo tecto alto apresentava uma luz extremamente fraca, quase nula, obrigando a se aproximar para poder identificar o número das caixas pretas. Por sorte eram a prova de som e não precisaria ouvir nada do que acontecia dentro delas, sem contar que também conhecia cada uma com todos detalhes.

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