ALGUNS MESES ANTES...
O sol está nascendo preguiçosamente quando acordo. Os pássaros cantam, uma brisa levemente gelada entra pela janela entreaberta, beijando minha pele, enquanto mais um dia começa.
Fico me punindo internamente por mais uma vez despertar tão cedo; isso está se tornando um hábito. Se dependesse de mim, ficaria na cama o dia inteiro, sem me mexer, sem fazer nada, sem falar com ninguém. A simples ideia de ter que levantar para recomeçar novamente me é exaustiva.
A vontade de desistir de tudo me domina; é uma constante presença, uma voz sussurrando o seu doce e convidativo veneno em meu ouvido, me incentivando a desistir de tudo, a jogar tudo para o alto e entregar os pontos logo de uma vez.
Pensar nisso me conforta na mesma intensidade que me assusta, mas esse é o único pensamento que me traz alguma paz, porque apenas cedendo à essa esperança posso me livrar das amarras da saudade.
Saudade essa que nunca será superada, porque é impossível trazer uma pessoa morta de volta à vida.
Me remexo na cama e olho para as horas no visor do celular: ainda são cinco da manhã. Desligo o aparelho e começo a grunhir de frustração, revirando–me para o lado oposto na tentativa de dormir outra vez, mesmo sabendo que não conseguirei cair no sono tão cedo. Tento enfiar a cabeça no travesseiro, me cobrir até o alto da cabeça com o lençol e mudar de posição várias vezes, mas não adianta. Então, me dando por vencido, simplesmente me sento e encosto a cabeça no vitral da janela alguns centímetros acima de onde estou deitado e fico observando o mundo acordar lá embaixo.
Não há nada de interessante para se ver, é claro; apenas o habitual canto dos pássaros, a cor meio arroxeada, meio alaranjada do amanhecer, e nuvens espessas passeando de lá para cá.
Como eu disse, não há nada de interessante para se observar, mas é a única coisa que tenho para fazer enquanto o dia não começa de verdade, já que todos em casa ainda estão num sono profundo. Eu os invejo por isso, é óbvio.
Nunca tive problemas com insônia antes; muito pelo contrário, sempre dormi feito uma pedra (expressão essa que nunca entendi, aliás. Como é que diabos uma pedra pode dormir?). Enfim, a insônia começou a se tornar um fato cada vez mais presente após a morte de Pedro. Tudo que era ruim começou a piorar depois que ele morreu.
No início, cheguei a pensar que isso tudo estava atrelado ao fato de tudo ser muito recente, de eu não saber ao certo como lidar com a perda. Afinal, Pedro era meu melhor amigo e ele havia acabado de morrer. Ter problemas para dormir deveria ser algo normal, não?
Mas meses se passaram desde o ocorrido e até então não melhorei, não obtive um progresso sequer.
Não.
Muito pelo contrário.
Parece que estou piorando e retrocedendo cada vez mais.
Minha família disse que no começo seria difícil, seria doloroso, que haveria uma cólera inimaginável esmagando meu peito, me impedindo de fazer qualquer coisa que fosse.
O luto é assim mesmo, foi o que me falaram. Você vai sofrer, vai chorar, vai querer se trancar no quarto e nunca mais sair. Mas é só questão de tempo até tudo voltar ao normal.
Ouvi isso há quase um ano atrás.
Um ano.
Eu já deveria estar curado a essa altura, não é?
Já deveria ter superado. Já deveria ter aceitado e tocado com a minha vida adiante.
Então, por que eu ainda continuo parado, estóico, perdido, congelado, enquanto as pessoas tocam suas vidas normalmente, enquanto o tempo continua seu percurso?
Como eu ainda posso estar tão entorpecido ao ponto de simplesmente ter parado de viver?
Eu ainda estou aqui.
A vida continua, mas ela esqueceu de mim. Esqueceu que existo.
O tempo correu e me deixou para trás, sozinho com meus traumas e fantasmas.
Pedro, meu melhor amigo, morreu. Mas ninguém avisou que ele levaria embora consigo minha própria vida, também.
A morte dele foi tão repentina, tão inesperada, que toda a lógica do mundo desapareceu quando recebi a notícia. Parecia mentira, um equívoco, um engano, porque certamente meu melhor amigo não estava morto.
A ideia de Pedro ter morrido me era inconcebível, um absurdo. Uma história sem pé nem cabeça, como diz minha avó.
Imagine só minha reação quando descobri qual havia sido a causa do óbito.
Pedro, sempre tão alegre e alto astral, tão popular e desejado. Pedro, sempre amigo, companheiro, bom filho, bom aluno e bom namorado. Pedro, o orgulho da família e a melhor pessoa que alguém poderia conhecer.
Pedro, que tirou a própria vida com uma corda amarrada em seu pescoço.
O suicídio havia sido a razão do óbito; a depressão, a causadora disso tudo.
Sou arrancado de meus devaneios quando ouço uma porta bater no quarto vizinho ao meu, e sei que vovó levantou assim que escuto seus pés arrastando pelo chão. Minha mente para de viajar e sou absorvido de volta para a realidade.
Olho para o celular e levo um susto ao ver que já são 06:30hrs; passei mais de uma hora acordado de maneira aérea, me afogando nas águas profundas e obscuras que são meus pensamentos.
Fico aguardando na cama por mais alguns minutos, esperando que minhas tias e vovó comecem a preparar o café da manhã na cozinha: sempre sou o primeiro a acordar, mas o último a me pôr de pé. Não quero e nem preciso que minha família fique se preocupando também com minhas noites mal dormidas. Elas já têm problemas suficientes comigo e não quero dar mais um motivo para se estressarem.
Após alguns instantes, me livro das cobertas e ponho os pés no chão, calçando–os no par de chinelos. Me levanto, ainda trôpego, e caminho até meu banheiro, cambaleando feito um bêbado por causa do sono. Fecho a porta e vou diretamente até a pia, ligando a torneira e lavando as mãos na água corrente fria. Abaixo a cabeça e passo a água pelo rosto, esfregando com força, tentando através daqueles gestos desesperados me livrar do cansaço. Desligo a água e levanto meu rosto para o espelho; um par de olhos castanhos inchados me encara de volta, moldurado por fios desgrenhados de cabelos encaracolados da mesma cor. Uma espinha está começando a nascer no meu queixo, e definitivamente preciso fazer a barba. Dou um bocejo demorado, e ao abrir a boca posso ver através do reflexo dois dentes tortos entramelados na gengiva inferior.
Fecho os olhos, tentando ignorar todos aqueles defeitos horríveis que comprometem meu corpo, e dou as costas para o espelho, indo para debaixo do chuveiro e tomando um banho rápido.
Após me enxugar e trocar de roupas, abro a porta do quarto e desço as escadas.
— É a melhor coisa que a gente pode fazer por ele no momento — ouço a voz da minha tia Selma sussurrar, em algum lugar lá embaixo. — Ficar aqui não vai trazer nada de bom pra ele.
— Eu sei, diabo, mas parece que tu não tá enxergando direito essa situação toda! — retruca uma segunda voz, a de tia Dione. — Ele não se bica com ela de jeito nenhum. E também não é pra menos!
Fico intrigado com a conversa e resolvo ficar ali, parado exatamente onde estou, escondido no alto das escadas, para tentar ouvir mais alguma coisa, até que vovó Lúcia se mete na conversa.
— Fiquem quietas vocês duas, égua! Eu já disse mais de trocentas vezes pra não discutir esse assunto desse jeito! Ele não é um boneco, não. Ele é gente como vocês e também merece ser tratado com todo respeito!
Há um silêncio que aparenta ser constrangedor e ouço murmúrios de concordância vindos lá de baixo.
— A senhora tem razão, mainha — tia Selma se desculpa. — É que eu sinceramente não sei mais o que fazer!
— Bem, nenhuma de nós sabe, não é mesmo? — vó Lúcia dispara. — Mas tá aí uma coisa que eu sei: ficar brigando não ajuda ninguém em nada. Sem falar que a decisão não é de vocês, muito menos minha.
Escuto, então, os sons de pratos e talheres sendo arrumados em cima da mesa, e mesmo sem olhar posso deduzir que elas estão arrumando tudo para a refeição, dando o assunto por encerrado.
Aquela conversa foi estranha demais, ah, se foi. Mais estranho ainda é o fato de esse tipo de coisa estar ficando cada vez mais comum por aqui. Já escutei, inúmeras vezes, minhas duas tias e minha avó discutirem em silêncio pela casa quando acharam que eu não estava por perto, aos sussurros, como se estivessem tentando esconder alguma coisa de mim. Como se o assunto principal das discussões fosse eu.
É claro que são apenas teorias, em nenhuma das conversas que ouvi escondido ou por acaso anteriormente houve menção ao meu nome. Mas mesmo assim...
Deixo aquilo para lá e termino de descer as escadas, indo até a cozinha para comer alguma coisa.
— Bom dia, Teus — tia Selma diz, com um sorriso no rosto.
— Bom dia, meu amor — tia Dione me cumprimenta rindo, com um prato de fatias de queijo em uma das mãos.
Falsas.
Elas estão agindo como se não tivessem acabado de brigar pouco tempo atrás.
— Oi — respondo, sem um pingo de expressão na voz.
Percebo o desconforto delas com minha frieza e indiferença, mas não dou a mínima; se quiserem esconder segredos de mim, esse será o preço a ser pago.
— O pão acabou — vovó Lúcia fala enquanto puxo uma cadeira, e antes que eu termine de me sentar, ela completa: — Vá na padaria do Seu Chiquinho comprar mais.
Reviro os olhos e não faço esforço nenhum para esconder minha cara feia.
— Tá, cadê o dinheiro?
— Tá ali, em cima do armário.
Pego o dinheiro de mal grado e saio arrastando os pés propositalmente, batendo a porta da entrada com força ao sair de casa. Ouço algumas exclamações de desaprovação vindo de trás, mas simplesmente continuo andando.
Como esperado, o dia está terrivelmente quente e abafado, e o vento fraco que corre agora não é o suficiente para amenizar o calor. Mas o que esperar da região nordeste do país senão uma temperatura verdadeiramente infernal, não é mesmo?
O sol está claro e forte lá em cima, realçando o azul infinito do céu límpido, e toda essa coisa de “ belo dia ” apenas aumenta minha raiva. Ando pela calçada, sempre andando depressa e olhando para baixo, até chegar ao meu destino.
A padaria está relativamente cheia a esta hora da manhã: há pessoas tomando xícaras de café porque estão atrasadas para o trabalho, pessoas comendo pães e bolos porque não sabem cozinhar, pessoas consumindo os alimentos de lá porque querem apenas fofocar sobre os recentes acontecimentos do bairro. Enfim, há uma boa quantidade de pessoas aqui, e isso já basta para fazer com que eu queira sair correndo.
Como ainda está cedo, apenas o Seu Chiquinho, dono do estabelecimento, está atendendo a imensa fila de fregueses, de modo que tenho que esperar alguns minutos para ser atendido.
Me sinto desconfortável no meio de tanta gente, e exposto, de certa maneira; é como se todas aquelas pessoas olhassem para mim e me julgassem, me criticassem. Parece que elas têm o poder de olhar no fundo de minha alma e enxergar o quão podre e sujo sou por dentro.
E é estranho sentir isso, é estranho sentir que estou sendo observado, porque na realidade ninguém nota minha presença. Ninguém se dá conta de que estou aqui. Eu não sou importante o suficiente para ser visto, mas quando sou, parece que estou sendo alvo de todo tipo de comentário pejorativo.
Um minuto inteiro se passa e ainda não estou perto de ser atendido, o que apenas contribui para aumentar minha ansiedade. Quero sair dali e voltar para o conforto do meu quarto o quanto antes; lá não há ninguém para me ver.
Minhas mãos começam a tremer e as escondo dentro dos bolsos da bermuda jeans velha e desbotada que estou usando. Levanto a cabeça, desviando meus olhos do piso, para tomar um pouco de ar, e ao fazer isso noto um rapaz me encarando fixamente ao meu lado direito, na seção das prateleiras de alimentos enlatados. A pele dele é lindamente negra, os músculos de seus braços estão visíveis por conta de sua camiseta regata. Ele me olha com olhos escuros e me analisa de cima a baixo, dando um sorrisinho de lado ao explorar cada centímetro de mim.
Um arrepio sobe por minha coluna, me fazendo tremer, e não sei dizer se essa reação foi causada por desejo ou por... vergonha.
Sim, ele é extremamente lindo, não há como negar. É um fato. Me senti fisicamente atraído por ele no mesmo segundo que pus os olhos nele. E agora, enquanto desvio o olhar para qualquer outro lugar que não seja ele, continuo com a sensação de que ele ainda está me olhando, e meu desconforto apenas aumenta.
Por que ele está me olhando?
Por que ele não para de olhar para mim?
Por que ele não me deixa em paz?
As perguntas rodopiam pela minha cabeça, me deixando tonto. A dúvida faz meu coração acelerar e sinto minhas mãos ficarem úmidas.
Será que ele está me encarando tanto porque me acha atraente?
Não.
É claro que não.
Estou sendo idiota.
Ele é muito bonito; nunca que olharia para mim desse jeito.
Provavelmente, ele está me encarando por nunca ter visto alguém tão feio ou desarrumado quanto eu. É, com certeza deve ser isso.
Que garoto horroroso, ele deve estar pensando. Deve ser por isso que ele não tira o sorriso do rosto: porque ele está se divertindo às minhas custas. Porque eu sou a maior piada que ele já deve ter visto.
Tenho dificuldades para respirar, como se todo o oxigênio tivesse sido expulso de mim. Tento puxar ar para os pulmões mas não consigo; é como se houvesse algo bloqueando a passagem. Parece que vou sufocar.
Saio da fila e corro em direção à saída, em direção à rua. Corro a esmo, sem ver para onde estou indo, e esbarrando em todos que aparecem em meu caminho.
Sigo andando sempre encostado às paredes para ter algum apoio e não cair no chão, porque sinto que estou ficando sem forças e minha visão está começando a ficar escura.
Continuo fugindo sem um destino predeterminado, sem saber ao certo aonde estou indo; apenas deixo que meus pés me conduzam até qualquer lugar em que eu possa sentir um pouco de paz, algum lugar onde eu possa relaxar e tentar ficar tranquilo. Então apenas continuo andando, andando e andando.
Finalmente me encontro numa pracinha encoberta de sombras, árvores e plantas, e o melhor de tudo, sem muita movimentação. Está quase vazia, exceto por mim e um grupo de idosos praticando exercícios nas academias ao ar livre.
Desabo em um dos bancos e ponho a cabeça entre as pernas, ofegando desesperadamente, como se eu tivesse acabado de me afogar e voltado à superfície.
Me desligo do mundo exterior pelo que parecem horas e fico absorto em meu próprio universo de pânico e medo, onde ninguém pode me encontrar, e de onde ninguém pode me salvar. Meu coração continua batendo, eu continuo vivendo, mas não tenho controle algum sob meu corpo ou sob minhas ações.
Tudo o que me resta é ficar ali, petrificado, até tudo terminar.
Fico encolhido no banco até sentir que minha respiração está voltando ao normal, pouco a pouco. Meu corpo para de tremer, minha visão volta a focalizar e lentamente consigo recobrar um pouco da minha consciência.
Ergo a cabeça dos joelhos e olho ao meu redor; ninguém pareceu notar minha situação. Não há ninguém ali me olhando, preocupado se estou bem ou não. Eles devem ter pensado que eu estava cochilando, ou apenas descansando depois de uma série de exercícios matinais.
Seja o que for que estejam pensando, ninguém para pra me ajudar, tampouco para perguntar se está tudo bem comigo.
Mas por que deveriam fazer isso, não é mesmo? Ninguém tem culpa de eu ser tão danificado, tão problemático. Não é obrigação dos outros curar uma dor que é somente minha.
Depois de recuperado, apenas fico olhando para o nada enquanto recobro minhas energias. Quando volto a me sentir relativamente bem, levanto–me do banco e refaço meu caminho de volta para casa, andando mais rápido do que da outra vez, como se estivesse fugindo de alguém.
Após alguns quarteirões, dobro a esquina e chego em minha rua. Pulo os degraus da varanda da frente e entro em minha casa.
— Ave Maria, menino, que demora foi essa? — Tia Selma indaga assim que chego.
— Tu foi fabricar o pão? — brinca tia Dione.
Atravesso a sala de estar, tentando esconder o quanto ainda estou aturdido, e respondo na maior normalidade possível.
— A fila tava grande demais, tinha muita gente pra comprar, e o pão acabou num instante — para meu alívio, minha voz saiu firme, despreocupada. — Quando chegou minha vez, o pão todinho já tinha sido vendido e o Seu Chiquinho ainda ia preparar mais.
Vovó, que até então estava procurando alguma coisa no armário, olha para nós e sorri como quem pede desculpas.
— Olha só, que cabeça a minha... — ela fala, com um saquinho nas mãos. — Comprei ontem de noite e esqueci que ainda tinha aqui.
Ela despeja na mesa o saco cheio de pães.
— Ainda bem que você não comprou, meu filho — vó Lúcia continua falando enquanto tia Selma e tia Dione trocam olhares preocupados —, senão esse pão todo ia acabar estragando.
— Verdade — eu respondo, sem saber o que mais posso dizer.
Minhas tias ficam super preocupadas com esse pequeno problema de memória da minha avó, mas eu sei que não é nada demais. Afinal, ela já é bem velha, e é normal que idosos numa idade tão avançada esqueçam algumas coisas de vez em quando. Além disso, já tenho meus próprios problemas para lidar; não preciso e nem quero ser responsável pelo os dos outros também. Então deixo para lá e sentamos para começar a comer.
Enquanto estive fora, terminaram a arrumação da mesa, de modo que encontro os mais variados tipos de comida: tapiocas com manteiga, queijo coalho, iogurte, cuscuz temperado e um cheiroso bolo de fubá. Faço meu prato e me sirvo de um copo generoso de suco de maracujá; a cada gole que dou, torço para a bebida acalmar meu sistema nervoso e acabar de vez com os resquícios daquela pavorosa cena que acabei de vivenciar na padaria.
Tomamos o café da manhã em meio às conversas fiadas de sempre, e fico em silêncio a maior parte do tempo, normalmente assentindo e dando sorrisinhos falsos, apenas falando quando me fazem alguma pergunta. Durante toda a refeição, tento me concentrar ao máximo para evitar que minhas mãos tremam e denunciem o mini–surto que tive minutos atrás, tarefa essa que exige bastante esforço, porque meu coração continua batendo num ritmo descontroladamente acelerado e minhas mãos estão molhadas de tanto suor.
Ao terminarmos de comer, minhas tias tiram as louças da mesa e as levam para a pia, começando a lavá–las.
Há uma clara tensão pairando entre elas, e sei que tem a ver com a discussão que elas tiveram mais cedo. Levamos um susto quando ouvimos um aparelho celular tocar, e tia Selma rapidamente tira seu telefone barulhento do bolso de trás da calça jeans. Ela olha para a tela do celular, o rosto fica branco feito osso ao ver quem está telefonando. Tia Dione então pega o celular da mão dela e o desliga. Ambas estão trocando olhares cúmplices, alimentando ainda mais minha teoria de que elas estão escondendo algo grande, algo que elas não querem que eu saiba.
Subo as escadas em direção ao meu quarto, sem fazer perguntas, para ficar sozinho com meus devaneios, determinado a descobrir de uma vez por todas o motivo de tanto mistério.
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O Garoto dos Cachos Azuis [EM PAUSA]
Romance[HISTÓRIA EM PAUSA] Após a repentina e misteriosa morte de seu melhor amigo Pedro, o jovem adolescente Mateus vê sua monótona vida tomar rumos inesperados e virar de cabeça para baixo: ele muda de escola, de cidade, de rotina e precisa enfrentar o a...