Capítulo 8

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Cristina adentrava a floresta, onde o sol mal conseguia penetrar entre as copas das árvores gigantes. O ar estava impregnado com o cheiro de musgo úmido e terra molhada, criando uma atmosfera densa e opressiva ao seu redor. O chão estava coberto por uma camada espessa de folhas mortas e galhos quebrados, dificultando sua progressão enquanto ela seguia em direção ao local do estranho achado. As árvores altas e imponentes pareciam se inclinar umas em direção às outras, formando uma cúpula verde escura que encobria o céu. A luz do sol filtrada mal iluminava o caminho de Cristina, criando sombras dançantes e figuras fantasmagóricas entre os troncos retorcidos. Cada passo era acompanhado pelo farfalhar das folhas e o estalar de galhos secos, como se a própria floresta estivesse viva e observando cada movimento da intrusa.

Enquanto avançava, Cristina não conseguia ignorar a sensação de que estava sendo observada por algo invisível e sinistro. O vento sussurrava segredos antigos, ecoando murmúrios distantes e risos malévolos que pareciam sair das sombras. A floresta parecia ter uma vida própria, uma presença que se manifestava de maneira sutil, mas inegavelmente ameaçadora. Ao alcançar o local do ritual, Cristina sentiu um arrepio percorrer sua espinha ao examinar os vestígios deixados para trás. As velas derretidas formavam poças de cera negra no chão, destacando os símbolos estranhos desenhados na terra úmida. Raízes grossas serpenteavam pelo solo, como se tentassem aprisionar os segredos sombrios que ali habitavam.

— O que terá acontecido neste lugar? — sussurrou Cristina para si mesma, sua voz ecoando suavemente pela floresta. — Será que há algo de sobrenatural envolvido nisso?

A resposta não veio do vento ou das sombras, apenas o silêncio pesado da floresta a cercava, deixando-a com mais perguntas do que respostas. Enquanto o sol se punha lentamente no horizonte, lançando feixes de luz dourada entre as árvores, Cristina sentiu uma urgência crescente em desvendar o mistério e descobrir a verdade por trás daquele local sinistro.

Enquanto isso, o crepitar das chamas se misturava ao som distante de sirenes de bombeiros, ecoando no ar abafado da capela. As línguas de fogo dançavam vorazmente, lambendo o caixão de Iñaki em uma coreografia de destruição. Bethany, com os olhos marejados de lágrimas e o coração em desalento, corria desesperadamente pelo pequeno espaço da capela, cujas paredes antigas tremiam com o calor intenso que se propagava.

— Socorro, por favor, socorro! —, seus gritos ecoavam como uma prece desesperada, mas o ruído ensurdecedor do fogo e o cheiro acre de fumaça apenas a lembravam da solidão daquela luta contra o incêndio avassalador. — Pelo amor de Deus, me ajudem! Está pegando fogo!

As labaredas já alcançavam o teto, pintando-o com um vermelho incandescente, enquanto o calor opressivo fazia o ar vibrar como se estivesse em convulsão. A sensação de sufocamento era quase palpável, como se a própria morte estivesse ali, espreitando em cada sombra. Em meio ao caos, a risada maligna de Valker se erguia, ecoando nas paredes da capela como um lembrete sombrio de sua presença.

— Não adianta pedir ajuda, Bethany —, sua voz soava como um sussurro gélido no meio do inferno que se formava. — Ninguém virá em seu socorro. Sua alma me pertence.

As palavras do demônio eram como adagas afiadas, penetrando fundo na alma já ferida da jovem.

— Você tirou meu amigo de mim! E agora quer me arrastar para o abismo com você?

Uma gargalhada encharcada de crueldade respondeu-lhe.

— Você é minha namorada, Bethany —, proclamou Valker, seus olhos brilhando com uma malícia que fazia arrepiar a pele.

A indignação transbordava nos olhos da jovem, misturada com uma dor avassaladora.

— Você incendeia o caixão do meu amigo e ousa aparecer aqui dizendo que eu sou sua namorada? —, suas palavras eram um grito de desafio, de recusa em aceitar o destino que ele queria impor.

O Diabo é o Meu Namorado - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora