Capítulo 10

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Cristina voltou para casa em um estado de choque profundo após a revelação devastadora feita por Wallace. Seus passos eram pesados enquanto ela atravessava o corredor longo e escuro de sua casa, cada passo ecoando como um tambor de guerra em sua mente atormentada.
Ao adentrar o quarto dos fundos, uma onda de nostalgia e tristeza a envolveu ao se deparar com o ambiente cor-de-rosa, repleto de lembranças da filha que não estava mais ali. As bonecas alinhadas nas prateleiras pareciam sussurrar memórias dolorosas, e a cama arrumada meticulosamente era um lembrete cruel da ausência de sua menina de 15 anos. Cristina não conseguiu conter as lágrimas que começaram a escorrer por seu rosto enquanto ela murmurava para si mesma.

— Como eu sinto falta dela... — O vazio deixado pela ausência de sua filha era uma ferida aberta em seu coração, uma dor que nunca cicatrizaria completamente.

Enquanto caminhava pelo quarto, seus pés tropeçaram em algo no chão. O piso falso cedeu sob seu peso e ela caiu, seu corpo colidindo com o chão frio e duro.

— O que é isso? —, exclamou ela, sua voz embargada pelas emoções que a consumiam.

Seus olhos se fixaram instantaneamente no que estava embaixo da cama: uma carta amarelada com um cheiro nauseante de podridão. Com mãos trêmulas, ela pegou a carta e mal podia acreditar no que seus olhos viam. Era couro de gente seca, uma descoberta macabra que fez seu estômago revirar de repugnância.

— Meu Deus, o que é isso? —, murmurou Cristina, sua voz quase um sussurro de horror.

O cheiro de  podre começou a se intensificar no quarto, criando uma atmosfera ainda mais opressiva e sinistra. Cristina sabia que não podia ficar ali parada, que precisava agir e enfrentar os horrores que estavam se revelando diante dela. Levantando-se com determinação, ela olhou para a carta na mão e disse consigo mesma.

— Preciso urgentemente ajudar Bethany. Isso é ainda pior do que imaginávamos. — O que quer que aquilo significasse, era uma prova sombria de que algo terrível estava acontecendo, algo que ela não podia ignorar ou evitar.

No silêncio sufocante do quarto, permeado pelo aroma de incenso queimado, Bethany sente a urgência pulsante dentro de si e se ergue com uma determinação que contrasta com o tumulto de emoções em seu interior. Cada passo é uma jornada interna, um conflito entre o que é esperado dela e seus próprios desejos dilacerados.

Seus dedos trêmulos desabotoam a blusa, revelando a curva suave de sua barriga, agora redonda e protuberante com a vida que cresce dentro dela. O reflexo no espelho, distorcido pelas lágrimas que ameaçam transbordar, mostra não apenas uma imagem, mas um reflexo de sua alma em agonia. A criança em movimento dentro dela é uma dança silenciosa, um lembrete constante do que está por vir e do que ela não pode mais ignorar.

— Não. Eu não posso ter esse filho... eu não devo ter esse filho —, murmura Bethany para si mesma, suas palavras ecoando no quarto vazio como um mantra de negação desesperada.

É então que ele aparece ao seu lado, como uma sombra que se materializa na penumbra do ambiente. Valker, com seu sorriso enigmático e olhos que parecem conhecer segredos profundos, se aproxima silenciosamente, como se fosse uma extensão de seus próprios medos e desejos mais sombrios.

— Ele é o fruto do nosso amor e tem que nascer sim —, diz Valker, sua voz suave contrastando com a intensidade do momento, como se ele estivesse mais ciente do que ela mesma do significado por trás daquela vida em gestação.

A determinação de Bethany se solidifica, suas mãos se fechando em punhos ao lado do corpo trêmulo.

— Não... eu não vou ter esse filho —, ela declara, suas palavras soando como um desafio direto ao destino que parece tão implacável em suas exigências.

O Diabo é o Meu Namorado - Volume 1Onde histórias criam vida. Descubra agora