Vitória
Depois das minhas higienes matinais saiu do quarto indo pra cozinha tomar meu café. Mesmo depois de ter levado a maior bronca ontem em frente toda a escola ainda tenho que voltar naquela bagaça hoje. Me sento na mesa de cabeça baixa evitando meu pai que conversa com minhas irmãs sobre como vai ser o primeiro dia da aula de ballet delas.
Júlia: Bom dia filha - minha mãe passa a mão nos meus cabelos e senta na mesa - Clara, sem estressar a professora no teu primeiro dia de aula em.
Tenho duas irmãs mais novas, Clara a Alice. Elas são gêmeas porém muito diferentes uma da outra, Clara é o satã em pessoa, vive arrumando confusão por onde passa, briga com todos e com tudo, resumindo, puxou pelo meu pai. Já Alice é doce, carinhosa, amiga de todos e está sempre ali pra ajudar, como eu e minha mãe. Graças, Alice não faz parte do lado negro da família. Noto que por vezes meu pai me olha mas não diz nada, e muito menos eu. Porque não posso ser feliz? Por que ele não aceita logo meu namoro com o kaue? Poxa vida, a gente se conhece desde crianças crescemos juntos praticamente, nada a vê meu pai ficar nessas ai!
Alice: Vou fazer sucesso nessa aula - ela joga os cabelos negros para as costas e sorri pra mim, eu e Alice somos melhores amigas - porque tu não faz ballet também Vi?
Vitória: Não sei. Não gosto - dou de ombros e meu pai me olha mais uma vez, sei que ele quer fazer as pazes mas hoje não! - Vou indo família, tchau meninas, tchau mãe - Dei um beijo na minha mãe e quando vou saindo meu pai pega meu braços
Bruno: Eu te levo Vitória - tento dizer algo mais sou interrompida pelo furacão Gabriel
Gabriel: Salve família, bom dia, bom dia. Ei madrinha tem bolo de fubá! - o gordo senta na mesa e eu reviro meus olhos umas trinta vezes
Bruno: Não tem educação não pirralho! - O Gabi apenas negou com a cabeça já que a boca está cheia de bolo
Gabriel é filho do melhor amigo do meu pai, que também é sub dono da favela, e além de parceiros são amigos de longa data. Meus pais são padrinhos do Gabi e os pais do Gabi são meus padrinhos. Pois é, pelo visto eles não tinham muita opção para apadrinhar as crianças não. Eu e Gabi crescemos juntinhos e somos melhores amigos desde sempre, assim como a Maju, somos o trio parada dura. Maju é filha adotiva dos meus outros padrinhos, Amanda que é irmã do Rael, que é pai do Gabriel. Amanda é casada com Menor, porém ele não pode ter filhos então anos atrás resolveram adotar uma menina, e essa menina é a doce Maju. Eu Gabriel e Maju somos todos da mesma idade, com apenas meses de diferença. Sem eles nada na vida teria graça, eles são tudo pra mim.
Bruno: E esse monte de tatuagem ai meu? - aff! Tava demorando para o senhor Picasso começar
Gabriel: Da hora né padrinho? - Gabi fala sorrindo e meu pai apenas observa com uma sobrancelha arqueada. So ele quem pode se tatuar?
Vitória: Tá já deu Gabriel! Vamos logo guri - puxo ele pela mão e noto meu pai pegando as chaves do carro e acabo revirando os olhos.
Júlia: Deixa que eu levos eles meu ogro - minha mãe na frente do meu pai e fica parecendo uma formiga. Dona Julia é baixinha, já seu Picasso é imenso - Aí já deixo as meninas no ballet, quero ta lá no primeiro dia
Bruno: Julinha amor da minha vida - ele beija a ponta do nariz da minha mãe - Eu sei o que você tá querendo fazer. E minha resposta é não meu!
É gente, papai é esperto que só! Isso para o meu azar, sei que minha linda mamis estava tentando me ajudar porque eu e ela soubemos muito bem que o kaue vai estar lá hoje, meu nego é afrontoso e não gosta de perder nenhuma, ele não vai baixar a cabeça para o meu pai e tenho muito medo disso, tenho medo do que isso tudo possa dar um dia, eu sei bem que meu pai só não matou o Kaue por consideração ao Negão, ele já falou um milhão de vezes que e só por isso senão ja tinha colocado fogo no Kaue ainda vivo.
Com esses pensamentos um frio passa pela minha espinha e balanço a cabeça tento não pensar nisso
Vitória: Vamos logo por favor pai - já que não tenho escolhas - Ou tu quer que eu chegue atrasada na aula? - me viro para pegar minha mochila e sinto um aperto forte no braço
Bruno: Tu fala direito comigo menina. Ou arranco tua língua com a mão mesmo - ele me solta e eu prendo as lágrimas não deixando elas caírem
Gabriel: Chora bichinha, chora no ombrinho do Gabi vai - o ridículo passa o braço no meu ombro me arrancando um largo sorriso
Vitória: Ainda bem que tenho tu na minha vida - sussurro e recebo um beijo na testa em sinal de agradecimento. - cadê a Maju?
Gabriel: A tia vai levar ela hoje - entramos no carro e partimos para fora no morro.
Minha mãe quem vai levar as gurias, e meu pai deixou os problemas das bocas exclusivamente para ir me levar na aula. Senhor Bruno não tem jeito, agradeço muito por ter o amor dos meus pais e sempre ter eles ao meu lado, mas poxa meu pai é protetor de mais, ele não deixa eu nem respirar direito sozinha. Não tem motivos pra ele impedir minha felicidade ao lado do kaue, a gente se ama, ele me respeita e é bom pra mim, o que tem de errado duas pessoas que se gostam ficarem juntas?
Assim que chegamos perto da escola eu olho ao redor vasculhando cada cantinho pra ver se o Kauê tá aqui ou não
Bruno: Perdeu alguma coisa Vitória? - olho para frente e percebo meu pai me observando pelo retrovisor do carro
Vitória: por favor né pai, não posso nem olhar para o lado agora? - só faltou sair fogo dos olhos do senhor Picasso quando o retruquei
Gabriel: E chegamo! Valeu a carona padrinho, fé aí - O Gabi sai do carro me puxando sem jeito - Tu não sabe segurar a língua caralho?! - ele passa o braço pelos meus ombros e seguimos para dentro da escola
Maju: Bom dia gente - de repente a peste da Maria Julia salta em nós - Que isso galera? Se assustaram foi? - ela gargalhou e eu nem sei qual a graça
Gabriel: Bora, bora gente. Hora da aula e de paquerar as patricinhas da escola
Estudamos em uma boa escola, uma das melhores do Rio de Janeiro, e aqui o povo todo sabe que somos da favela. E por isso ficam com cara de nojo nos olhando, claro que não sabem que somos filhos de traficantes mas devem fazer alguma ideia, pois um simples favelado não teria condições de pagar quase dois mil reais só na escola do filho.
As vezes penso que seria legal eles saberem de quem sou filha. Tenho certeza que carinha de nojo nunca mais, mas também sei que isso colocaria meu papai em maus lençóis.
Todos ficaram sabendo que eu era da favela depois que o Kaue veio até aqui e ficou de implicância com um aluno que era meu amigo. Somente amigo, só isso. Mas meu dengo nego é ciumento demais e não tolera que tenho outro amigo homem além do Gabi, no início até com ele o Kaue implicou, tive que me distanciar do Gabi e tudo, mas agora ta tudo bem.
Maju: Mais um dia de aula - fala com cara de choro e fazendo dengo - Como queria não precisar estudar
Pode crer que seria bem legal. Mas....
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O DONO DA PORRA TODA 3 (herdeira da dor)
General Fiction+18ANOS Na vida nem sempre as escolhas são importantes mas sim, por quem essas escolhas importante foram feitas Eu fiz coisas por ele... Eu deixei pessoas por ele ... Eu dei tudo que tinha por ele, para ele... O amor é difícil para os indecisos. É...