Capitulo 2

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Gostava mais quando nos aviões os comissários de bordo e as assistentes faziam aquela coreografia, onde estendiam os braços, apontavam para saídas…agora vemos um vídeo, uma demonstração projectada numa tela a ensinar-nos o que fazer em caso de acidente. Olho em redor, ninguém está com atenção ao vídeo…se o avião cair, todos sabemos que à partida não nos salvamos. Que caímos e que por mais que tentemos não vamos ser mais do que pedaços reduzidos a nada.

Estou negro…pessimista! Quero apenas que o avião levante voo, que comecem a servir as bebidas…vou querer um vodka…puro. Vou colocar os phones, ouvir qualquer coisa e beber. Vou chegar inteiro ao aeroporto, sem lembrança do voo, sem lembranças…talvez adormeça, talvez acorde daqui a uns anos e já não me lembre de nada.

Três vodkas e uma hora, ou duas horas depois, não sei, permito-me fechar os olhos. Instantaneamente é ela que aparece à minha frente, sorri. Duas covas nas bochechas quando sorri, aquela mecha de cabelo, que não lhe larga a face…estico a mão retiro-o para a ver melhor e para lhe tocar, só aquele pequeno toque, leve é o suficiente para me apertar o peito.

Ela está deitada ao meu lado, estamos vestidos e a jogar conversa fora…estamos juntos há três dias. Já fizemos amor, já nos beijámos muito…já beijei todos os centímetros da sua pele, já a provei, já a ouvi gemer o meu nome…mas quero mais, quero muito mais.

Ela olha para mim e sorri, vira-se na cama e pisca-me o olho.

- Estás a pensar em quê? – Perguntou-me e morde a ponta do polegar.

Respiro fundo e devolvo-lhe o sorriso.

- Hum! Estou a pensar… O que é me dás em troca se eu partilhar os meus pensamentos contigo?

Atire-me um sorriso de mulher, perde aquela aura de menina.

- O que tu quiseres…é só pedires.

Puxo-a para mim, uma das suas pernas encaixa no meio das minhas, sinto-a automaticamente. Uma das minhas mãos faz pressão sobre uma das suas nádegas.

- Então – digo-lhe ao ouvido – quero saber o que é que gostas mais na cama. O que é que preferes…o que é que te faz ficar excitada só de pensares nisso.

Ela afasta-se, fica com aquele ar de menina novamente. Eu sinto uma vontade louca de rir. Como é que alguém que já admitiu que dormiu com dois homens ao mesmo tempo, que fodeu com meio mundo, pode ficar assim com uma simples pergunta.

Viro-me para cima. Olho para o tecto.

- Como já partilhei os meus pensamentos contigo e como tenho direito a pedir…quero que te dispas lentamente e que me faças feliz.

Sinto-a mexer na cama. Sorrio na expectativa do show que ela me vai oferecer. A cama fica leve. Oiço os seus passos cada vez a afastarem-se mais…o meu primeiro pensamento é que já disse alguma merda que a fez ir embora, fico assustado quando penso isso…quando penso que ela pode ir e não voltar.

Alívio é o que eu sinto quando a escuto novamente. Dá a volta à cama e senta-se ao meu lado, no espaço mínimo, que sobra. Permito-me a abrir os olhos. Ela está séria.

- Então Gio, o que me excita neste momento… - está envergonhada, vejo-a morder a bochecha – é tocar-te, despir-te, fazer-te uma massagem - abana um frasco de creme – beijar-te lentamente, dar-te pequenas mordidas nos mamilos, eu sei que tu gostas.

Respiro fundo e o meu sangue aquece.

- Depois? – Respondo baixo de mais.

Ela sorri como se já tivesse uma pequena vitória. Os seus lábios pairam a milímetros dos meus, sem me tocar.

Quando te deixei, amor (disponível até 03/05)Onde histórias criam vida. Descubra agora