Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)

Amor Incondicional

Alissa descia as escadas ao lado de um Trevor muito animado, mas ambos perderam o riso ao ver Gottan sentado na poltrona.

O Rei Branco ergueu sua taça para eles e em seguida apontou para o sofá.

- Sentem-se, por favor. Estou ansioso para ouvir seus agradecimentos por eu ter salvo suas vidas.

Trevor vinha na frente de Alissa, como uma forma de proteção, e em seguida olhou para Maise ainda sentada no sofá.

- Aonde está a Espada Real?

- Está segura. - Ela respondeu e meneou a cabeça na direção dos gêmeos ali próximo. A Espada estava na mão de Marco. - Não se preocupem.

Alissa fixou seu olhar na figura daquele rei na sua frente.
Ombros largos, olhos dourados e impactantes, e os cabelos quase brancos e rebeldes.

- Por que você nos salvou?

Gottan ergueu sua mão para o sofá.

- É uma longa história.

Alissa sentou no sofá e Trevor sentou ao lado dela, ambos desconfiados.

- Muito bem. - Gottan olhava de um para o outro. - Meu filho está fora de controle.

Alissa bufou e fez uma cara de desgosto.

- Não imaginei que você viesse aqui para nos contar o óbvio.

- Soou tão rude, Alissa. - Trevor comentou e Alissa ergueu as mãos como se estivesse se desculpando para Gottan. - Somos gratos por você ter nos salvo, e concordo com o que você diz sobre Guilher... - Trevor engoliu o restante do nome. - ... Sobre o Rei Vermelho.

Curioso, Gottan lançou um olhar de cima abaixo para Trevor, se perguntando o porquê de aquele rapaz ainda estar no País das Maravilhas.

- Eu preciso pará-lo. - Ele continuou a falar como se não tivesse sido interrompido. - Nós precisamos de paz, meus jovens. A Alissa precisa estabelecer o seu reino definitivamente.

- E se eu não quiser ficar? - Ela questionou. - E se eu simplesmente desistir de toda essa situação horrível em que eu me meti?

- Seus pais. - Gottan se inclinou para ela. - Você sabe o que acontece com eles se decidir ir embora.

Alissa trincou o maxilar, seu desagrado por Gottan era muito óbvio por todos na sala.

- Isso é uma ameaça?

- Não. - Ele decretou. - Isso é o destino.

Ela respirou fundo várias vezes, não desviou o olhar do dele por um segundo sequer, e por fim, disse:

- Sou obrigada a lutar por completos desconhecidos, seres estranhos que vêm me pedir coisas absurdas, ainda que não hesitem ao falar mal da minha mãe sempre que podem.

- Nós... - Ele engasgou e respirou fundo também, surpreso com o quanto Alissa era geniosa. - Eles não são desconhecidos, são o seu povo sofrido por conta dos erros da realeza. Eles são o seu povo, Alissa. Existem seres bons aqui que precisam de você.
Esse mundo espera por você há muito tempo, e saiba que, muitas vezes, aceitar um trono é renegar à própria felicidade para que os seus súditos sejam felizes.

- Não. - Alissa apertou as mãos em punhos, irritada ao ouvir que aquele era o seu destino. - Todos serão felizes exceto eu? Eu não aceito isso. Se vou ficar aqui para sempre, eu quero ser feliz. Não negarei a minha felicidade para satisfazer ninguém.

Estranhando aquele pensamento de Alissa, Gottan se recostou na poltrona e apontou para ela, mantendo uma expressão confusa no rosto.

- Você pensa muito diferente do seu pai, é o que vejo.