Capítulo 3 - parte 3 (não revisado)

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Ele patrulhava a área de forma displicente e sentindo puro tédio. Não gostava das ordens recebidas, que achava muito idiotas, mas sabia perfeitamente que o seu não cumprimento era sinônimo de pena capital. O fato mesmo era que os rebeldes jamais seriam loucos de se aventurarem em um local tão bem guardado quanto o espaçoporto e, para chegarem até àqueles paióis de armas pesadas, seria necessário atravessar quinhentos metros de pista descoberta e uma barreira de robôs programados para matarem qualquer um que se aventurasse a ultrapassar os limites do lugar. Mas, como eram ordens superiores, ele tinha de obedecer sem titubear, apesar de estar farto de tudo, em especial das forças armadas.

Já ia dar meia volta quando, sem explicação, os seus músculos pararam de obedecer. Ele tentou andar, sem sucesso, e o pânico instalou-se na sua cabeça. Pegou o rádio para pedir ajuda, mas, mal tocou no aparelho, as mãos e braços também não obedeceram mais, Desesperado, procurou descobrir como ficou paralisado daquele jeito, mas o seu grande medo era o fato de que poderia morrer ali antes de ser socorrido porque demorariam muitas horas a darem pela falta dele. Tentou gritar por socorro, apesar de estar demasiado longe de tudo, mas talvez um dos robôs mais próximos ouvisse e viessem ajudar. O problema foi que também parou de conseguir articular qualquer som que fosse e o desespero tornou-se ainda maior.

Nesse momento, quando já estava prestes a sucumbir ao pavor, uma voz tranquila falou às suas costas:

– Acalme-se e nada de mal lhe acontecerá.

A seguir, sentiu que lhe tocavam no ombro de tudo mudou de repente, chegando a lhe provocar uma leve tontura. Olhou em volta até onde podia mover os olhos e não acreditou na própria sanidade ao descobrir que se encontrava dentro de uma sala circular muito estranha e com um bando de pessoas, algumas sentadas no chão. Notando que não eram axturrs, tentou mais uma vez mover o braço para pegar a arma, mas continuava tão impossibilitado de se mexer quanto antes de surgir ali.

Para piorar as coisas, um sujeito enorme surgiu à sua frente... do nada.

– Vou soltá-lo, mas não faça nada idiota como tentar atirar em nós que vai se arrepender, entendeu? – disse ele, mais ameaçando do que perguntando. – Pronto. Pode se mover.

Rápido como um raio o soldado sacou a pistola do coldre e disparou em fogo contínuo. Uma cascata de raios acertou o estranho ser, mas nada lhe acontecia. Ele cruzou os braços e sorria sem se abalar. A arma disparava sem parar e já estava superaquecida. O soldado sabia que nos próximos segundos precisaria de parar, mas recusava-se a aceitar que aquele estranho fosse imune aos raios. O sistema de segurança da pistola entrou em ação e ela parou de atirar. Agora precisaria de resfriar pelos próximos trinta segundos. Só então voltaria a disparar. Nesse momento o valente soldado axturr sofreu o maior susto da sua vida porque a arma começou a se virar sozinha, mas o pior era que se virava para o seu rosto. Quando o cano estava apontando exatamente para o meio dos seus olhos, ele tentou soltá-la, mas isso também não era possível. Desesperado gritou:

– Ajudem-me. Eu paro, juro, eu desisto.

Daniel libertou-o da influência e estendeu a mão espalmada.

– Entregue-me a sua arma – ordenou.

Ainda tremendo muito, o axturr obedeceu e voltou a ver um sorriso bonachão no gigante, que tinha, no mínimo, mais de trinta centímetros que ele. Olhou em volta o notou que os demais o encaravam, alguns sérios e outros sorrindo. Agora que estava liberto da estranha influência, deu uma volta completa sobre si mesmo e olhou a sala com toda a atenção. Movido por uma curiosidade nata e descontrolada, disse:

– Vocês perecem muito com centurianos, mas não são, pelo menos alguns de vocês.

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DB II - Ep14 -A Nave de TroiaOnde histórias criam vida. Descubra agora