– Avançar devagar – ordenou Daniel. – Deixem os nossos amigos irem na frente. Atenção Terra, ao meu sinal a frota deve atacar pelo flanco.
– Confirmado Almirante – respondeu o comandante da frota solariana.
– Vega, preparem-se e fiquem perto, menos de um milhão.
– Sim Almirante – disse o comandante da nave vegana e Daniel notou que não era o avô que falava.
– Nobuntu, vamos avançar na sombra dos nossos aliados.
As naves lafitas aceleraram para interceptarem o inimigo, mas permaneceram perto do planeta, o que foi uma ideia acertada porque, pouco depois, os axturrs executaram um micro-salto, surgindo quase que no colo das linhas defensivas que atacaram sem perder tempo. Os axturrs eram muitos, excelentes atiradores e ótimos pilotos, o que dificultava os combates, mas, mesmo assim, começaram a sofrer algumas perdas. Apenas a nave esférica, um verdadeiro cavalo de troia, estava protegida bem no centro da formação compacta.
Daniel olhou o conjunto e proferiu uma palavra curta e seca:
– Atacar!
– Zulu, fogo à vontade – ordenou o comandante Nobuntu, enquanto uma pequena, mas terrível frota surgiu do nada, tirando a alegria dos axturrs.
– Coronel Norberto, precisamos que crie uma brecha nos flancos e com urgência. A Dani tem de alcançar a nave bomba e não poderemos combater a toda hora. Ataquem e não contem com a Vega nem a Dani.
– Confirmado, Almirante – respondeu o líder. – Atenção grupos um ao quatro, formação de cunha. Grupos cinco ao oito, apoio na defesa. Grupos nove ao vinte, semeiem a confusão. Executar.
As esferas de setecentos e setenta metros atiraram-se ao inimigo como uma fúria digna de aves de rapina. Os axturrs começaram a sentir os efeitos em poucos minutos porque o ataque passou a ser em diversos níveis e de uma forma que não estavam habituados. Outra coisa que não entendiam era as centenas de naves que explodiam sem motivo aparente.
O imperador começou a ver a brecha aparecendo, mantida a custo pelas naves da sua frota e aguardou mais um pouco enquanto o Zulu e a sua equipe ajudavam a aumentar o estrago contra os axturrs, que tinham muita vontade de brigar.
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– Computador – disse o Daniel assim que viu que o momento era oportuno. – Assumo o controle da nave. Artilharia, suspender as ações.
Quando os axturrs notaram a nave gigante aproximando-se da super bomba trataram logo de se afastar porque assim que o inimigo detonasse a nave, não sobraria nada naquele setor do espaço. Eles, entretanto, não conseguiam se livrar dos atacantes e a batalha ficou ainda mais acirrada, deixando as duas esferas gigantes a sós com a nave esférica.
Na cadeira de comando do couraçado solariano, painéis holográficos apareceram do nada, enquanto todos os consoles tornaram-se apenas secundários; apenas poderiam ser usados mediante autorização do comando principal.
Naquele momento, um grupo de supercomputadores obedecia e executava as ordens com velocidade muito maior.
– Engenharia, todos os reatores à plena potência e preparados para regimes de sobrecarga. Transfiram tudo o que tiverem para o campo de supercarga. Artilharia, olho nas telas, mas evitem desperdiçar energia atirando. Precisamos de cada watt que for gerado. Computador, preparar mergulho a dez por cento, em direção perpendicular ao nosso plano e aguardar ordem de execução. Vega.
– Sim, Vega na linha. – Agora Daniel viu que era o avô.
– Assim que nós abalroarmos a nave, atirem com apenas um radiador térmico na calota polar inferior. Quando o casco romper, interrompam o tiro e afastem-se. Só há uma chance. Se errarem, nós viramos poeira.
– Entendido, Dani. Boa sorte.
À volta deles, o espaço estava em chamas. A batalha era acirrada, mas os axturrs perdiam feio. O Daniel mudou a direção da nave dele para colidir com a nave bomba e os axturrs desesperaram para saírem dali, só que não conseguiam, principalmente porque os novos inimigos, apesar de em menor número, lutavam de forma irracional, na sua visão.
A Dani alcançou a calota superior. Em uma ação muito bem coordenada, assim que o campo de proteção atingiu a esfera lafita, a Vega, que estava a oitocentos mil quilômetros, disparou um raio térmico. Sem transição o campo defensivo desmoronou e a nave entrou em processo de explosão que era contido pelo campo de supercarga da Dani que, por sí só, já a deveria ter explodido. Daniel deu empuxo máximo nos propulsores, mas o conjunto ia muito devagar por causa da falta de campos de neutralização de massa. Quando viu que as coisas estavam demasiado críticas, o almirante não teve dúvidas:
– Computador, mergulhar já. – Daniel gritou. – Não esperar velocidade de transição. Tripulação, atenção para possíveis problemas violentos. Engenharia olho nos reatores. Tudo para o campo de supercarga do contrário...
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– A nave bomba vai explodir – disse o navegador da Vega, muito angustiado. – Só espero que a Dani aguente.
– Como poderá uma nave dessas aguentar o que um planeta inteiro não consegue? – perguntou o Daniel avô com o coração na boca. A sua voz expressava toda o desespero que sentia.
Com os olhos colados nas telas, todos assistiam a pequena nave empurrada pela esfera gigantesca entrar em combustão ao mesmo tempo que a Dani passava a acelerar com mais velocidade, embora ainda abaixo do necessário para mergulhar com segurança.
A nave pequena começou a explodir, de forma anormal, como se fosse em câmera lenta, e o Daniel avô olhava a velocidade do conjunto, aflito demais. Quando ele viu o campo de mergulho se formando, muito antes da velocidade ideal, notou que o neto jogou tudo em uma única cartada, mas, quando estavam prestes a mergulhar, a reação em cadeia iniciou-se. Uma terrível explosão fez o espaço ficar claro como o dia, para depois mergulhar no nada do hiperespaço. Surgiu o negrume do vazio que devorou umas quatro naves axturrs mais próximas e, depois, nada. A Dani havia evaporado, mas salvara o sistema de Lafi.
Por alguns segundos, ambos os lados pararam de combater, mas foi apenas uma ilusão porque os solarianos passaram a atacar com uma selvageria sem limites, dizimando o inimigo.
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DB II - Ep14 -A Nave de Troia
Ciencia FicciónCom o surgimento de outra ameaça às portas do império, Daniel faz a viagem mais longa da história dos solarianos para conhecer os novos amigos e estudar o perigo in loco. É assim que ele se depara com uma trama terrível e tem que deter a Nave de Tro...