Capítulo 1

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Suspiro esgotada vendo mais uma vez Gabriel se dirigir até mim. Eu estava exausta.

— Oi Ellie! – Tento sorrir minimamente enquanto nassageio a minha têmpora tentando aliviar a enxaqueca que me corrói desde I primeiro dia.

— Oi Gabb. – É um som quase inaudível saindo dos meus lábios cansados.

Gabriel Thornhill é o meu pior pesadelo em realidade. Eu simplesmente não sei mas a que divindade recorrer pra ter de volta os bons anos em que Gabb nunca me olhou com segundas intenções. Era cansativo ter que fugir dele e fingir que não era incomodo.

— Pensei em sairmos hoje, que horas você larga do serviço? – Ele diz com um sorrisinho de lado capaz de abaixar todas as calcinhas do campus, menos a minha.

— Gabb, eu não quero sair com você! – Digo com toda frustração presente dentro de mim.

— Que tal amanhã? – Ele rebate trocando o peso da perna.

— Nem amanhã, nem nunca.

Pego minha mochila que estava encostada no banco e me levanto marchando rumo ao prédio de gastronomia. Gabb tirava tudo de bom que existia dentro de mim e transformava em ruínas. Gemo só de lembrar de todas as vezes que precisei me esconder ou correr das investidas ridículas do garoto.

— Desculpa! – Ouço uma voz esganiçada gritar assim que meu corpo colide com o chão e olho pra cima com os olhos arregalados. — Você tá bem?

— Não encoste em mim! – Quase berro quando a mão de London vem em minha direção.

Levanto em um rompante e pego minha mochila do chão me preparando pra correr o mais rápido possível.

— Ellie? – Ele diz mas giro nos calcanhares saindo em disparada pela faculdade.

Como se tudo não pudesse piorar, merda de vida.

Saiu praguejando o universo por me fazer tão azarada. Eu realmente não sei o carma que eu carrego pra sofrer tanto.

— Você realmente vai me ignorar? Até quando? – Paraliso no lugar quando sinto o toque dele no meu braço. O aperto é forte e sinto ondas de choques serem enviadas para cada parte do meu corpo.

— Me solta – Resmungo puxando meu braço bruscamente. — Eu não tenho nada para falar com você.

— A gente precisa conversar, eu só... – As palavras pairam no ar e eu suspiro fechando os olhos. — A gente pode conversar?

— Não London, não podemos! – Finalmente viro e fito seus olhos. Os mesmos que me fazem perder três anos de vida cada vez que os encaro. — Eu realmente não quero.

— Você não pode me ignorar por anos e....

— Você realmente é inacreditável! – Brando perdendo qualquer fio de sanidade que eu tenha.  — Você me ignorou! Você me deixou! Eu não te ignoro London, eu simplesmente não quero fazer parte desse seu jogo doentio! Quem você acha que é?

Dou dois passos em sua direção ficando cara a cara com ele, seu alto de menta bate na minha cara quando sinto sua respiração falhada.

— Você me usou, me tratou como lixo e me descartou em qualquer lugar quando decidiu que eu não era boa o suficiente — A cada palavra meu indicador se encontra no peitoral dele. — Você me destruiu London. Eu fui ao céu quando você me beijou, eu me senti amada. Me senti plena e feliz. Você arruinou tudo que tinha de bom no meu coração. Eu nem falo do fato de você ter me beijado achando que eu era a Ellen, eu só...

Sou cortada quando ele me abraça, ele simplesmente me abraça e sinto meu corpo sucumbir.

— Me perdoa – Ele sussurra enquanto alisa meu cabelo e me aperta mais forte. — Eu não sei como pedir desculpas. Não sei.

— Você teve seis malditos anos para fazer isso – Empurro seu corpo fazendo ele perder um pouco do equilíbrio. — Você me descartou London, como se eu não fosse a porra da sua melhor amiga, como se não tivéssemos anos juntos. Você se fechou, e me jogou pra fora. Eu precisava de você!

Nesse momento sinto gotas rolaram pelo meu rosto e tenho certeza de que perdi toda a minha sanidade. Chorar na frente de London Wallis e metade da faculdade não estava nos meus planos.

— Eu precisava de você, e você não estava lá pra mim. Isso me matou, dia a após dia. E quer saber London? Eu espero que esse sentimento de culpa queime você, por inteiro. Do mesmo jeito que eu me queimei por 5 anos inteiros sentindo sua falta.

Sinto meu corpo inteiro sucumbir somente com o olhar de London pairando sobre mim. Minhas mãos tremem, meus lábios estão secos como o inferno e minhas pernas não tem as forcas necessárias para me tirar daquela bolha nojenta que foi criada em volta de nós dois.

— Eu realmente sinto muito. Eu nunca quis que você se sentisse usada.

— Usada? Eu não me senti usada London. Eu me senti violada, humilhada – Solto uma risada incrédulo — Eu me senti a porra de uma pária, algo que não servia mais e você doou pra caridade. Você mentiu, me usou e até hoje me sinto manipulada por você!

Não sei em que ponto minha lágrimas caíram se misturando junto aos cacos que em eu me encontrava. Eu sentia raiva, ódio, vergonha e acima de tudo amor. Eu ainda amava o idiota parado na minha frente com cada fibra do meu ser.

— A pior parte Wallis, é saber que nada daquilo foi real. – Cuspo com ódio quando ele me olha.

— Foi real Elisabeth, nunca mais ouse dizer que não foi! – Ele rosna apontando o dedo na minha cara quando seu rosto se contorce em dor. — Eu achei que você saberia disso melhor do que ninguém.

— Eu achei que você seria melhor do que um garoto patético que usa as pessoas e as descartam Wallis. Você não merece nenhum segundo do meu tempo, meu amor, rancor ou mágoa. Você simplesmente merece ser empurrado pro fundo da minha mente, em um lugar que jamais sairá.

— Você realmente continuará sendo cruel e totalmente negligente até quando!? Você precisa entender que nem tudo é como desejamos. Essa é a porra da vida Walker, e você precisa aprender a viver.

— Chega ser doentio como você fala! Você é doente! – Praticamente cuspo as palavras com ódio. — Não ouse olhar ou falar comigo Landon! Eu tenho nojo de você!

Grito em plenos pulmões pegando minha bolsa e marchando rumo a saída da faculdade. Vejo rostos conhecidos olhando enquanto caminho com toda minha gloriosa humilhação e um soluço preso escapa de mim quando finalmente alcanço a porta dupla do prédio.

Eu poderia morrer aqui, agora e mesmo assim me sentiria leve. Eu já tinha morrido a muito tempo e apenas sobrevivia com o que tinham me deixado: um enorme e gigantesco vazio.

Hurt peopleOnde histórias criam vida. Descubra agora