Isto é normal?

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—Quando eu poder eu trago-lhe os papeis com a informação sobre ele, e vou deixar a sua farda no seu quarto — sou retirada de meus pensamentos com uma voz atrás de mim, já nem me lembrava da existência daquela mulher.

—Tu-Tudo bem....—quando olho para trás, ela já lá não estava, mas a chave estava na porta ainda, olho para ele e o mesmo já estava novamente com a cabeça para baixo. —Ehhh...e-eu vou...ahmm....

—Fique aqui comigo doutora, apresente-se —Ele levanta a cabeça e a inclina para o lado.

—Quer que eu diga o-o que?

—Não precisa gaguejar nem ser tão formal comigo — ele ri baixo, aquela maneira de ser estava a dar comigo em doida. A voz dele era tão grossa, mesmo quando ria, a cada palavra o meu corpo estremecia, ele não podia ter um pouco de piedade? — Comesse por se apresentar, tou curioso com o novo brinquedo à minha frente, será que ele gosta de divertimento e aventuras? — Ele acabou de me chamar brinquedo, começo a achar que ele ouve o meu coração pelo quanto acelerado ele está e sente-se bem por isso, dai acabar por provocar mais.

—Eu vou até lá abaixo e quando voltar....podemos fazer isso, até porq..— Sou interrompida pelo mesmo.

—MAS EU QUERO AGORA! —Eu saltei com o susto, bipolar? Nem um bocadinho...

—Ma-mas eu não posso agora — Aos poucos a minha cabeça abaixa-se, aquele ser indecifrável fazia com que o meu corpo, mente e alma o seguisse e fizesse tudo o que ele manda, como é possível? Quem devia ter esse controle era eu nele. 

Ouço as correntes mexerem se e levanto a cabeça, ele estava a levantar-se, olhava-me como se fosse um monstro, os seus olhos estavam mais escuros que o normal, um passo para a frente foi dado por ele e um para trás foi dado por mim, mais outro dele e as minhas pernas bloquearam. Ele continuou a avançar e os meus olhos percorreram as grades, elas não eram grandes o suficiente para ele chegar a mim, mas mesmo assim o medo se alastrava, afinal se ele esteve lá em baixo à pouco teve de ser por alguma razão, era possível eu estar viva depois deste tempo todo com o meu coração parado? Salto ao ouvir um grunhido alto do maior, eu levanto a minha mão a tremer devagar, faço sinal para ele se acalmar.

—Por favor calma —Tento mostrar confiança na minha voz, o que era impossível — Não precisas de ficar assim, eu fico — ele tinha a respiração mesmo muito acelerada, a minha voz e o meu corpo tremiam.

Abaixo-me devagar como se fosse me sentar, mas nesse momento os meus olhos arregalam-se e um aperto se fez presente no meu coração, o meu corpo moveu-se quase por vida própria até ele, uma das minhas mãos segurou a sua cabeça, e a outra o seu peito, ele desfaleceu. A minha mente e o meu  corpo estavam paralisados,o que deveria fazer agora?

-Jungkook....- Eu tento abana-lo, mas nada acontecia, eu tinha de ir chamar alguém mas também não o queria deixar ali  sozinho - Porra - desisto de tentar acordá-lo e deito o seu corpo muito devagar naquele chão, faço-o com cuidado como se fosse de vidro e pudesse partir-se. Eu tinha medo dele e sentia que o devia proteger. As minhas mãos deslizaram suavemente pelo seu corpo e no momento que me ia levantar sinto uma mão de pele macia e fria agarrar-me.

-Por ....favor....não vás.....-Ele falou com muita dificuldade, como se estivesse sem forças, puxa-me de maneira a ajoelhar-me ao seu lado- Peço-te que não me deixes sozinho agora.....nem nunca......eles vão me ......fazer mal....por favor...

Os meus olhos movimentaram se em volta daquela sala fria como que à procura de quem la estivesse, mas não havia ninguém naquele espaço vazio a não sermos nos dois..

-Eles quem? - Digo depois de o meu olhar voltar ao seu, tentei olhar no fundo deles, sendo sincera ele parecia nao ter alma, eram vazios e sem sentimentos, mas ao mesmo tempo pareciam mostrar o quanto ele sofria.

-Eles fazem me.. ter pesadelos, não me deixam ....ser eu mesmo, e se desobedecer fazem me mal...- Ele falava devagar por conta da respiração, parecia ter muita dificuldade em respirar. - Por...favor protege-me - naquele momento o meu coração derreteu com tais palavras, mas ainda sem saber o que fazer, e com isto vejo os seus olhos fecharem novamente e o seu corpo amolecer e ficar pesado, ele desmaio novamente.

Desta vez decidida a ir procurar alguém eu levantei me e corri até a porta e os meus olhos tiveram a visão de um botão vermelho ao pé da porta, levantei o meu braço e o meu dedo foi até ele, carreguei e o mesmo fez um barulho estridente acontecer. Fico ali estática como se tudo tivesse parado... realmente aquilo só podia ser um sonho, era tudo tão sinistro, e estranho, passado provavelmente pouco tempo, eu não sabia por estar no mundo dos pensamentos, sou tirada do meu transe por outros enfermeiros a passar por mim, a correr em direção aquele rapaz que me deu cabo da coragem que me sobrava.

Quando vejo eles levarem-no, movimento as minhas pernas a andar para ir até ao meu quarto, pelo caminho os meus olhos estavam fixos no chão, e a minha mente no que tinha acontecido, mas não foi por isso que deixei de repara que aquele chão era horroroso, branco com pintas de tinta preta, e sujo, acho que aquele chão não é limpo pelo menos à três meses. Pelo caminho vi um rapaz de cabelos pretos, olhos rasgados como os outros, o nariz um pouco gordinho e pequenino, lábio extremamente grossos, mãos pequenas, o seu tamanho também não fugia muito pois apesar de ser maior que eu era considerado pequeno ao lado de a maior parte dos rapazes que já vi. Ele também tinha a cabeça para baixo, e o seu olhar parecia triste, o meu olhar desta vez dirigiu-se para a pessoa que estava ao seu lado, era outro rapaz um pouco maior que ele, mas o seu olhar era estranho. Tinha uma postura completamente desleixada, e cabelo castanho, olhei para o cartão do de cabelo preto e dizia, Park Jimin, quando os meus olhos se depararam com os dele ele sorriu de uma maneira a mostrar confiança e simpatia.

-Olá, sou o Park Jimin, mas chama-me só de Jimin, deves ser a menina nova certo?

-Sim sou e prazer Jimin, este é.....

-Min Yoongi, mais conhecido como Suga - Olhei para o tal rapaz, estendi a mão como um comprimento e sorri, mas o mesmo não retribuiu e quase que me matava com o olhar.

Os meus olhos e a minha mão descem de maneira a depararem-se com o chão novamente, até que sinto uma mão apertar o meu ombro de leve e de seguida o acariciar, olho para a mão e deslizo o olhar pelo braço e era Jimin, ele sorri novamente e sai da minha visão, fico paralisada, abano a cabeça para sair daquele transe e sigo o caminho de volta ao quarto novamente.

Quando lá chego ainda não estava lá ninguém, então pego a farda e vou até a casa de banho para me lavar e ir saber como estava o meu paciente, mas quando vou a pegar na mesma estava um papel ao lado, a ficha de Jungkook, os meus olhos arregalam-se ao ler aquela história, a história de vida do mesmo......

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Preciso que me digam o que estam a achar por favor amores :3


Aquele ManicômioOnde histórias criam vida. Descubra agora