Aquele Manicômio

"Mas o que é que tu estás aqui a fazer"?

Sou retirada de meus pensamentos ouvindo o barulho de alguém limpar a garganta, o meu olhar procura o dono desse barulho e encontra o rapaz de a pouco, o tal de Taehyung, ele sorri para mim e com o forma de educação tento retribuir mesmo sendo forçado por ainda estar em choque com tudo o que tinha acabado de acontecer dentro daquela sala, ele aproxima se e olha-me com atenção.

-Tás bem? Sei que não é fácil estares lá dentro..

A  voz dele era de preocupação, mas calma ao mesmo tempo, o que deixava a vontade para falar com ele, olho para trás vendo alguns médicos andarem pelo corredor e olho novamente ele.

-Acho que sim, que estou bem, se não estou ficarei.

-Eu compreendo, é mau uma pessoa nova nisto começar logo com o pior, ele já mandou muitos médicos embora, ele dá cabo do psicológico mesmo, porque ele consegue ser muito possessivo numa altura, e noutra assustador..

-Sem falar da parte que preocupa quando ele pede ajuda..- O meu olhar tinha se baixado com aquela frase que saiu espontaneamente de minha boca, o olhar dele fica curioso e meio que perdido.

-Como assim, como assim pedido de ajuda?

-Ontem quando eu tive que chamar os enfermeiros, antes de desmaiar por completo, ele...- Aquele imagem e a voz, as palavras pairam na minha  mente novamente - ele pediu ajuda, disse me para eu o ajudar a sair daquele tormento.

O mesmo olhava para mim surpreso, como se estivesse perdido com tudo o que eu dizia.

- O que foi?

- Ele te pediu ajuda? Sério? - Apenas afirmo com a cabeça e o mesmo move a boca como se dissesse um "uau", ele olha para baixo e fala calmamente - ele nunca pediu ajuda a ninguem antes...

- A imagem dele nao me sai da cabeça... os olhos dele pareciam em total aflição...

- Mas como todos sabemos pode ser só fita para ele conseguir sair daquela sala.

-eh.....pode ser que seja mesmo isso ..- sinceramente eu nem acreditava ser uma mentira pois so eu vi essa mesma situação, só eu vi o estado em que ele estava...mas vendo por outro lado.. e se fosse mesmo só isso... só  um filme...?

-Bom eu vou andando pro dormitório do meu paciente...fica bem e qualquer coisa manda me chamar ok? - Afirmo novamente com a cabeça e o vejo desaparecer, suspiro ganhando forças para então me mover e ir buscar a comida para ele.

Desço os andares ate ao de baixo e quando pego o tabuleiro com comida para ele um pensamento vem em minha cabeça, sei que ele era perigoso mas e se eu o levasse a passear no jardim do manicómio, só ali um pouquinho...será que fazia mal? 

Mas também sei que ninguém me ia deixar traze-lo..teria de o fazer as escondidas, sem que ninguém soubesse, então sigo meu caminho de volta ido ate ao quarto do mesmo, abro a porta e meto a chave do lado de dentro para não me esquecer, sigo com o tabuleiro ate ele e o pouso no chão em frente do mesmo que novamente estava em sua posição do costume, abro a boca tentando falar algo, mas nada saia, eu não sabia o que lhe dizer, e não sei se era por medo das suas atitudes ou por não saber mesmo o que falar. Ele levanta a cabeça e olha para frente vendo o tabuleiro, ele me olha e olha novamente o tabuleiro, fica fixo no mesmo ate abaixar os seus braços que dantes estavam em cima das suas pernas.

- Eles sabem que você trouxe tanta comida assim? 

-Meio que não... agora come antes que alguém venha..

Ele só se move mais para a frente e pega a sandes a colocando logo na boca, realmente eu acho que ele não comia nada de jeito já a uns dias, e por mais estranho e psicopata ele fosse, fome ninguém deve passa-la, eu o via comer e realmente aquilo doía-me. 

Quando dou por conta o mesmo já tinha acabado tudo, nem uma migalha sobrava em cima daquele tabuleiro creme, um sorriso escapa em meus lábios ao vê-lo satisfeito, olho o mesmo e ele limpava a boca com a parte superior de sua mão. O mesmo levanta seus olhos os cruzando com os meus, eu iria falar, ou tenta lo mas da minha boca nenhum som saia, ele se levanta e anda devagar ate mim, a cada passo dele o meu coração acelerava mais, e mais uma vez meus pés estavam presos ao chão, do nada quando eu penso que ele estava perto demais ele para e vira indo até a cama dele.

Os meus olhos deslizam até ao chão sem saber o que fazer ou como reagir, então curvo o meu corpo para baixo para apanhar o tabuleiro do chão e o levantar, para sair daquela sala, então assim faço e me movimento ate a porta olhando para trás e o vendo deitado de lado virado para a parede, então só suspiro daquela sala em direcção a parte de baixo do manicómio levando as coisas para ir tratar do resto dos meus deveres.

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Mais tarde naquele dia quando ia me deitar decido voltar a dar uma vista de olhos na ficha do mesmo, tentando descobrir algo que eu não tivesse reparado no inicio, e sem sucesso suspiro, tirando todo o ar que estava em meus pulmões, pousando a ficha na cama enquanto sinto o colchão se afundar com o peso do meu corpo ao me sentar, e fechar os olhos, olho para o pequeno móvel na parede do quarto e vejo que a moça que estava comigo no quarto já tinha se ido embora como me avisaram no inicio da tarde que passara.

Deixo meu corpo cair em cima do colchão me deitando e fechando os olhos novamente, fico assim uns tempos até sentir que estava alguém dentro do quarto e me levanto indo ate a porta da pequena casa de banho que havia.

-Está ai alguém? - pergunto entrando na mesma e não vejo ninguém, então dou de ombros e me viro chocando com uma pessoa, olho para cima aos poucos vendo quem eu menos esperava, como era possível ele ali estar? Eu já deveria era estar a alucinar demais com ele, ao ponto de o ver em todo o lado.

Tento falar algo mas nada saia, como sempre, então sinto o corpo do mesmo andar fazendo o meu andar para trás mas sempre fixa nos olhos do mesmo, ele andava devagar e o meu coração acelerava cada vez mais com cada passo largo do mesmo, sinto minhas pernas e minhas costas chocarem contra o vidro do box, e então medo aumenta sentindo o mesmo muito próximo de mim, olho cada cantinho dos seus olhos e o mesmo tomba a cabeça me olhando como se quisesse penetrar a minha alma, assusto me ao ouvir o barulho da mão dele pousar em cima da minha cabeça e limpo minha garganta arranjando coragem.

-O que é que tu estás aqui a fazer?...