Feridos

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Tirei minha roupa e liguei a TV na sala. Max e Fin ainda não haviam chegado. No jornal a mulher falava dos detalhes do atirador e de como a polícia o salvou. No entanto, uma notícia me chamou a atenção, segundo relatório do hotel quatro pessoas não foram encontradas. Duas estava no hospital, tinham sido alvejadas. As outras duas não se tinha notícia até o momento. Peguei meu celular e mandei um torpedo para meus pais dizendo que eu estava bem. Então fiquei ali, olhando para o jornal, imutável, eu só conseguia ouvir os tiros. Quando uma imagem surgiu na tela.
- Uma das pessoas desaparecidas acaba de dar entrada no hotel. Seu nome é Robert, e ele apenas estava fora durante o ocorrido
Era o namorado dela, aquilo meu deu uma sensação ruim, um nó no estômago. Foi quando eu entendi o que estava acontecendo, ou pelo menos achei que tinha entendido. Vesti uma bermuda e uma camiseta as pressas.
Desci correndo pelas escadas, o elevador estava ocupado, e sinceramente, quem usa elevador pra ir ao encontro do amor da sua vida? Você tem que sofrer.
Ao chegar no andar dela, fui até a porta de seu quarto e dei três batidas. Esperei um minuto e mais duas batidas. Nada.
Voltei pro meu quarto e peguei meu celular, liguei pra ela. Caixa postal. Porque diabo estas coisas aconteciam nos piores momentos?!
- Ei, tá tudo bem? - perguntou Fin, abrindo a porta, Max vinha logo atrás.
- Onde vocês estavam? - perguntei, eu estava puto.
- Calma, cara! Deixei a Lia no quarto dela, ela estava com medo. Max foi comigo. Achamos que você não tinha descido.
- Merda! - joguei o celular no chão.
- Que porra tá acontecendo aqui? - foi a vez de Max intervir.
- Acho que a Laura sumiu! - me sentei.
- O quê? - perguntaram ambos.
- Eu desci ontem, nos encontramos, pouco antes do cara entrar.
- Já ligou? Ela pode ter saído. - sugeriu um deles, não estava passando bem, nem mesmo pra discernir vozes.
- Já, já. Deu caixa postal.
- Merda! - vi que foram Max, porque ele sentou ao meu lado e passou o braço pelo meu ombro - tem que se acalmar, beleza?
- Beleza, eu já estou mais calmo, olha - levantei - estou melhor, estão vendo?
Eles se entre olharam, e concordaram com a cabeça.
- É, você parece novinho em folha - sorriu Max.
- Tenho que fazer uma coisa.

Pela segunda vez desci as escadas correndo até um outro andar. Felizmente, eu sou muito observador, pelo menos com o que me interesso. Bati à porta de um quarto, que fora aberta imediatamente.
- Laura me desc...
Eu sei um soco em sua cara, de forma que ele deu dois passos pra trás e se segurou bem pra não cair.
Quando pensei em avançar e dar outro, Fin me segurou, era mais forte que eu, portanto desisti de tentar.
- O que você tá fazendo? - perguntou Robert
- Onde ela tá?
- Quem?
- Você é idiota assim mesmo, ou seu cérebro encurtou com meu soco?
Foi a vez dele avançar pra cima de mim e quando me preparei pra surra, Fin entrou na frente.
- Seguinte, nem pense em fazer isso!
Robert soltou os dedos que apertava pra dentro na intenção de um soco violento. Eu relaxei também.
- Agora, por favor, pode me dizer onde ela está? - disse, mais calmo.
- Eu não sei, ela foi ao bar na noite passada e não falou comigo depois - respondeu e fechou a porta.
Max estava me encarando.
- "Mais calmo"? - repetiu ele. Eu sorri.

alguns meses antes

Amizades complexas tendem a ser mais duradouras, disse alguém. Se eu pensar por esse lado, minha amizade com Fin será eterna, não é que nos odiávamos, era exatamente o contrário. As pessoas se esquecem do amor de uma maneira tão rápida que se torna imperceptível. Como xingar, se torna tão natural, pra mim, xingar era como abraçar alguém. Acredite, eu dou muitos "abraços".
- Não vem com essa, você fez merda - disse. 
- Para com esse vitimismo! Você é quem decidiu não falar comigo - retrucou Fin.
- Acho que os dois podiam parar com essa merda - completou Max que estava sentado na TV, de camarote, assistindo nossa discussão.
Joguei os braços pra cima e caminhei suspirando em direção ao quarto. Fin me seguiu.

- Porra, Jay. Desculpa, beleza?
- É, foi mal! Eu realmente peguei pesado.
- Suave! Amigos? - estendeu a mão.
- Irmãos! - disse devolvendo o aperto.
Era como nosso bordão do fim de brigas, não éramos o tipo de amigos que estabelecia regras para a amizade, ela por si própria ditava o que deveríamos fazer.
Voltamos para a sala, Max jogava algum jogo de terroristas. Fin se juntou a ele. Fui até a cozinha, que era separada por um balcão de mármore. Comecei a preparar três milk shakes e uma pipoca. Ao terminar, pedi um espaço e me sentei no meio. Aquele era meu lugar, ao lado das pessoas cujo poderia contar pelo resto da vida. 

hoje

Me sentei na escada.
- Eu tô ficando paranoico? - perguntei.
- Acho que tá correndo atrás da sua garota, e admiro isso - respondeu Fin.
- É - concordou Max se sentando ao meu lado.
- Estamos fora, eu não conheço absolutamente nada aqui. Como vou encontra-la? - encarei-os. Estavam fitando seus pés, pensando, talvez.
- Pode começar perguntando na recepção pra ter certeza de que ela não está aqui - finalmente, respondeu Max.
- Boa - concordou Fin.
- Eu tenho que ir no hospital! - disse.
- O quê? Por quê?
- Porque acho que ela está lá.
Levantei e eles me acompanharam.

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⏰ Última atualização: Jun 04, 2018 ⏰

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