Três

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Revisado!

Jess Narrando

Estava totalmente confusa. O doutor tinha conversado comigo, disse que eu era casada e que trabalho em uma clínica Veterinária . Não lembro de nada. Nada me vem ao pensamento e nada me faz sentir algo no peito, como a saudade, por exemplo.

Marck Locke disse que em três meses minha memória poderia voltar e isso aqueceu meu coração de emoção, porque o vazio em mim é sufocante. Indiciou a ficar juntos de pessoas que eu conhecia pois seria mais fácil de recuperar alguma memória junto da pessoa.

•☆•

Assim que entro na casa da tal Luna, fico obersevado os quadros que estão numa mesinha na sala. Fotos minhas e dela, sorrido, comendo e nos abraçando. Como eu pude esquecer disso?

— Você quer comer alguma coisa? - Luna diz num sorriso brincalhão.

— Quero. - digo no mesmo bom humor, indo para a cozinha.

Ela pega uma panela com água e coloca um pó, algumas batatas, cenoura e cebolas.

— Aqui está a sopa. O tempero é pré-pronto, mas os legumes são obra minha amiga.

Sento e começo a comer a sopa que não ficou tão pesada, mas não era aquela sopa que parecia água quente do hospital.

— Você pode me contar sobre mim? Como eu era?

— Você era muito divertida. Adorava ir para festas e sabia tirar as melhores fotos para o insta. Você tem uma gatinha, a Bely. - Ela diz sorrido enquanto remenda um furo de uma blusa laranja.

— Sério? Que legal! Am, sobre meu marido...éramos muito apaixonados?

— Vocês estavam brigando muito nos últimos tempos, mas eu não sei o motivo. - Ela fala rápido. — Acho que estou falando de mais por agora.

— Não, pode continuar. Talvez esse seja o motivo de ele não querer ficar comigo. Ele é tão lindo. - Digo meio boba pelo seu sorriso em minha mente.

— Vocês combinam muito. Acho melhor você conversar com ele amiga, ele te conhece melhor do que eu. Vocês moram juntos e tinham uma vida muito maravilhosa até o acidente.

•☆•

Luna Narrando

A campainha toca, e quando abro a porta era o Miguel com um buquê de rosas brancas, as preferidas da Jess.

— Cade ela? - Ele pergunta sério.

— Está tomado um café com leite agora. Estávamos vendo uns álbuns do colégio. Você acha uma boa ideia conversar com ela? Você está em condições melhores? Psicologicamente falando.

— Eu sei eu fiz muita coisa errada com ela. Uma hora ela vai lembrar disso. Sem memória é mais simples reconquistar minha mulher. Ela vai ver que eu realmente me arrependi e que não vou abandonar ela na hora que ela mais precisa.

— Okay, entre. - Digo desdenhosa. - Eu vou estar no meu escritório e qualquer coisa não exite em me chamar.

Jess Narrando

— Jess? - Quando olho para trás vejo que é o meu marido. Solto a colher na xícara e fico olhado para ele sem expressão no rosto.

—Trouxe rosas para você. Eu sei que você gosta das brancas. - Ele diz sorrindo mansamente, colocado na mesa um buquê muito lindo e ajeitado.

Pego elas com delicadeza e cheiro o perfume. Lembro-me desse cheiro, mas não me vem em mente memórias que me remetem as rosas.

— Senta. - aponto alegre para cadeira em minha frente.

—Jess eu queria...

— O que aconteceu entre a gente? A Luna me disse que brigávamos. Por quais razões?

—O que passou, passou. Vamos esquecer das memórias ruins e começar novamente apartir apenas das coisas boas. Recomeçar. - Ele tenta segurar minha mão que está sob a mesa, mas cerro ela e dou um tranco na mesa. Está me irritando muito o fato de ninguém me contar o que realmente aconteceu.

— Como eu vou recomeçar se nem sei o que aconteceu? Se você não consigue se aproximar de mim é porque você fez alguma coisa comigo! O que tem pesado tanto na sua consciência?

Eu quase berro, mas mantenho meu tom de voz entre ameaçador e algo como assassino. Eu preciso manipular os sentimentos dele se eu realmente quiser a verdade. Isso não me torna má. Ele é o malvado da história, porque me fez mal e é covarde o suficiente para não admitir seus erros.

— Deixe de besteira Jess. Não aconteceu nada. O importante é que você está viva.

— Não! - Me ponho de pé, com uma fúria imensa circulando sobre minha pele. - Quando quiser me contar o que aconteceu voltará a me ver. Até lá não quero ter resquício de vida sua perto de mim, entendido? Você pode ir embora.

— Eu não estou pronto para falar sobre meus erros. São meus e eu prefiro manter eles guardados até que não me venham memórias ruins quando olho para você. É difícil ver você nesse estado e lembrar que a culpa é toda minha! Será que não entende que me magoa? Me perdoe pelo o que eu fiz, mas não posso sentir-me odiado por você de novo. Não de novo.

Miguel começou a chorar nos braços sob a mesa e eu olhei ele confusa com toda essa situação. Eu o odiei? Entendo que eu posso não ter gostado dele um dia, mas a palavra odiar é muito forte.

Eu o abracei por trás, mesmo sentado numa cadeira alta da bancada de mármore da cozinha. Essa cadeira deixava-o um pouco mais alto do que eu, mas pude confortar ele da mesma maneira.

Miguel Narrando

Ela ficou me abraçando até minhas lágrimas cessarem. Eu me virei e ela me permitiu dar-lhe um abraço.

— Como senti sua falta - Digo com a voz ainda trêmula do choro, passado seus cabelos loiros entre meus dedos.

Ela deixou de me dar um abraço comum e me apertou contra ela, como se ela sentisse tudo que sentia antes de perder a memória. Como se ela me amasse.

— Eu te amo Jess. -Digo no seu ouvido, sentindo seus pelos se arrepiarem.

— Não digo o mesmo pois perdi a memória, mas sinto que te amei muito. Espero te amar após ouvir a verdade.

Olho bem nos seus olhos azuis como o um oceano infinito e fico imaginando como ela se sente por ter esquecido de tudo. Será que ela se sente normal ou sente que algo está faltando?

Oi gente!! No próximo capítulo terá mais pessoas do elenco.

Mary Oliveira (e @Noooisy)

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