presentes

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beijei ana clara na maior suavidade que eu pude. o beijo dela era doce, calmo, mas ao mesmo tempo selvagem, com o desejo aflorado. ela sentou no meu colo e me beijou até ficar sem ar.

- vi - ela sussurou no meu ouvido - tu num acha que tamo indo rápido demais não? 

- rápido? tô é achando muito devagar. eu quero isso desde o dia que te vi de longe, aí passei a querer mais ainda quando te ouvi falar do pôr do céu, aí tu começou a falar da lua, dos astros, e minha vontade foi de colar nossas bocas na mesma hora.

- ah é? por que eu não sabia disso e por que você não fez isso? - ela indagou, me fazendo rir.

- ué, teu irmão e julia estavam lá. e eu não queria que a primeira vez que eu te beijo fosse no meio de tanta gente. beijo é uma coisa muito pessoal, não é na garganta de todo mundo que a gente coloca a língua, né? - comentei e levei um tapa na mesma hora, mas tinha achado um bom momento pra fazer piada, e pra ela não perceber que eu estava cada dia mais apaixonada.

- então quer dizer que eu sou especial pra tu, né? já sabia - ana ressaltou convencida.

- para de me envergonhar, mulhé. - pedi, com o rosto corado - vem cá, quero te mostrar uma coisa.

 ***

levei ana pro quarto que era unica e exclusivamente meu na casa de vovó. eu tinha alguns presentes especiais pra ela. 

- ninha, aquele dia tu ficou falando de signo, né? pois bem, fiquei dias pesquisando o que eu pudesse aprender pra compartilhar o universo astrológico com você. descobri que a pedra do teu signo é o quartzo rosa, e a pedra do meu signo também é o quartzo rosa. - tirei um cristal da minha gaveta de calcinhas - então fiz um cordão pra gente. a pedra não é lapidada, então o fluxo de energia dela é normal. a gente vai compartilhar essa pedrinha, tá bom? 

- tá bom, vi. - ninha disse com os olhos cheios d'água. ave, eu não sabia que a mulher mais brincalhona do mundio chorava - eu preciso fazer alguma coisa? ou só manter ela no pescoço?

- tem duas coisas que a gente vai fazer, ninha - disse olhando bem no fundo de seus olhos. - a primeira é que, em todo pôr do sol, temos que deixar a pedra exposta em sua luz, durante dez minutos. a segunda é que ninguém pode encostar, tá bom? só tu e eu. 

- prometido, vi. - ninha prontamente afirmou, com o maior sorriso do mundo em seus lábios.

- então tá. a outra coisa é que eu fiz um filtro dos sonhos pra tu. o arco dele significa o ciclo da vida e a eternidade, as teias representam nossa alma e nossas relações inter-pessoais, e esse vazio aqui, é o princípio criador. deus. - expliquei a ela, mas tinha certeza de que ela já sabia. - eu te fiz e te dei isso, ninha, porque simboliza tudo que eu quero pra tu. que tu seja protegida dos maus sonhos, das más ideias e dos pensamentos ruins. tu é um ser muito precioso, ninha.

ana clara estava em lágrimas, não sabia se ela me achava louca por sentir tanto por ela em tão pouco tempo. não sabia se o sentimento era recíproco. não sabia se ela queria correr. mas ela só me abraçou. e eu senti o tempo parar ali, sentada na cama, abraçada com ana clara. eu estava no melhor lugar do mundo: o meu abraço casa.

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