Doce Melhora

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Meus irmãos entraram no quarto assim que o Neji foi embora, ambos sentaram na cama comigo entre eles. No meu peito a angústia se misturava com tristeza, alívio e felicidade, todos os meus sentimentos estavam confusos e eu não sabia o que fazer para colocá-los em ordem.

Apoiei meus cotovelos no joelho, escondi meu rosto com as mãos e chorei alto, dolorido, colocando para fora tudo que pressionava meu peito com a esperança de que esses sentimentos sufocantes diminuíssem. Meus irmãos me abraçaram para me dá algum tipo de consolo, mas só fez as lágrimas caírem com mais intensidade.

– Vai passar irmãozinho – Nagato sussurrou acariciando meus cabelos.

– Eu estou tão cansado de ser assim irmão – falei com a voz entrecortada pelo choro.

Eu queria tanto encontrar uma maneira de acabar com a bagunça de sentimentos que tenho dentro de mim, mas quanto mais eu tento, quando parece que estou conseguindo entrar em equilíbrio, algo me joga de novo no meio ao caos.

– Shiii... Eu sei... Eu sei... Eu sei... – ficou repetindo, ele aumentou o aperto dos seus braços ao meu redor e também chorava.

– Está tudo bem maninho – Menma acrescentou com a voz embargada.

Me considero um sortudo por ter irmãos tão bons, que não me abandonaram, eu não sei o que seria de mim se eles. Ficamos juntos, abraçados e chorando, não sei quanto tempo ficamos assim, mas acordei sozinho, o quarto estava escuro e a casa silenciosa.

Não me preocupei em olhar as horas, levantei da cama, caminhei lentamente até o banheiro, sorri sem humor ao ver a minha imagem lastimável refletida no espelho. Um homem morto era o que eu via na superfície espelhada, meu cabelo estava mais desgrenhado do que o normal, minha pele mais pálida, meu corpo visivelmente mais magro e olheiras profundas embaixo dos meus olhos.

Isso é bem do meu feitio, eu sou um cara quebrado que faz um monte de merda da vida, depois se arrepende e sente-se mal por isso. Sou tão patético e só trago problemas para aqueles que amo.

Antidepressivos tratam a dor que a depressão me traz, mas não curam o sentimento de culpa por está dando trabalho para a minha família. Eu não queria dá trabalho, não queria causar desconforto, não pedi para ser doente e ter que lutar diariamente contra essa doença, não escolhi ser depressivo. Quem me vê sorrindo não sabe como a minha alma chora, que às vezes, toda a minha alegria é para disfarça e sufocar a tristeza.

Soquei o espelho e a dor na minha mão anestesiou por um mísero instante a dor que me consome por dentro, que drena pouco a pouco a vontade que tenho de viver.

Estou tão cansado de desapontar meus irmãos, isso é tão cruel com eles, estou farto de sentir que estou me afogando, de me sentir vazio, de ficar frágil em um dia qualquer, sem razão aparente. Sinto cada vez mais vontade de desistir de tudo isso, acabar de vez com essa dor que sufoca, não só a mim, mas também sufoca a todos ao meu redor.

Não demorou muito para o Menma entrar alarmado no banheiro, olhou para minha mão que sangrava, me fez senta na tampa do vaso, buscou o kit de primeiros socorros e começou a tratar do ferimento. Eu só via a sua boca se mexendo, mas não escutava ou entendia o que ele dizia. O machucado na minha mão, não só anestesiou a dor do meu coração como também desligou meu cérebro.

Menma segurou meu rosto com as duas mãos me forçando a olhar para ele, senti meu olhos arderem ao ver dor e preocupação nos orbes desiguais do meu irmão.

– Não desista, por favor – ele pediu com a voz tristonha.

– Por que você não desiste de mim? – perguntei com lágrimas rolando pelo meu rosto.

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