Capítulo I.
Passei toda a minha infância ouvindo minha mãe consolar algumas pessoas intituladas como importantes para ela com sussurros reconfortantes que as asseguravam de que tudo na vida acontece por algum motivo.
Essa frase foi capaz de moldar inúmeras dúvidas em minha vulnerável mente de criança por longos anos que parecem se arrastar — a adolescência sempre me pareceu a fase mais longa da vida, por mais que eu ainda não tivesse passado por todas elas. Meu coração sempre acreditou verdadeiramente nas palavras de minha mãe, mas algo dentro de mim sempre buscou por mais; se existiam motivos para tudo, quais eram eles?
Esse meu anseio estranho e raro — eu nunca havia conhecido alguém tão obcecado com isso quanto eu — fez com que a minha adolescência se tornasse carregada de uma perturbação diferente das demais. Obviamente, como qualquer outro garoto, eu tive alguns problemas na escola: histórico escolar ligeiramente manchado por algumas notas abaixo da média solicitada, sermões do diretor da escola causados por agressões físicas e/ou verbais e castigo por chegar em casa mais tarde do que deveria.
Todavia, existiam algumas pequenas coisas que me tornavam um garoto diferente do que as pessoas esperavam e imaginavam conhecer. Uma dessas minúsculas coisas era a minha curiosidade natural humana que transcendeu as barreiras que meu pai — talvez até sem querer — impôs. Assim, eu fui capaz de quebrar um monstruoso muro de perguntas não respondidas para buscar minhas próprias soluções.
Mas, mesmo assim, eu ainda não tinha encontrado a reposta que mais almejava: se tudo acontece por algum motivo, por quê tudo aquilo estava acontecendo?
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— É incrível como a sua cara fica incrivelmente sonsa quando você está refletindo sobre alguma coisa. Sério, Harry. É hilário! Vou tirar uma foto da próxima vez.
Rolei os olhos após erguer o olhar e ver Kendall com a mão esquerda na cintura e a mão direita enrolando algumas pontas de seu longo cabelo escuro.
Quando ela agia daquela forma — por mais raro e inusitado que fosse —, aparentava ser mais uma das diversas garotas da universidade que só estavam lá por dois motivos óbvios: seus pais pagavam uma fortuna para mantê-las ali e subornavam os professores para que elas recebessem notas altas e imerecidas.
Entretanto, ela era não era assim. E estava bem longe de ser.
Na verdade, Kendall era uma das pessoas que eu mais admirava no mundo. Decidida e muito focada, ela nunca se importou com a opinião alheia. Além disso, ela era muito inteligente, esforçada e honesta — sem contar o fato de que também era maravilhosamente linda.
— Sabe o que é engraçado? — eu perguntei, retoricamente. — O fato de que a sua cara fica sonsa o tempo todo, sua ridícula.
Kendall nem se deu o trabalho de retrucar. Dando os ombros, ela apenas puxou uma cadeira e se sentou, me ignorando totalmente.
Nossa rotina diária sempre foi bem simples. Tomávamos café juntos, conversando sobre coisas completamente aleatórias e observando as pessoas que passavam perto de nossa mesa favorita. Nunca combinamos ou planejamos isso; apenas aconteceu e nós não interferimos. Gostávamos da companhia um do outro e nos satisfazíamos com isso — e com o gosto amargo do café extraforte.
Enquanto eu estava distraído com o celular, Kendall quebrou um pedaço da torrada que estava comendo e jogou em meu rosto. Bufei, irritado, quando ela gargalhou mais alto de que deveria, atraindo a atenção de algumas pessoas que estavam sentadas ao nosso redor. Meu rosto se aqueceu rapidamente e eu abaixei a cabeça com rapidez, fazendo com que meus fios de cabelo formassem uma espécie de escudo, escondendo boa parte de minha careta envergonhada.
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SAMSON [hes + lwt/ short-fic].
Fiksi PenggemarEstudante de Fotografia na Universidade da Califórnia, Harry Styles era voluntário em um hospital que tratava especialmente crianças com câncer. Neste hospital, haviam muitas crianças, entretanto, apenas uma delas pareceu criar uma verdadeira ligaç...