"O Desabrochar da Primavera"

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            Quando as notícias sobre o fim da guerra chegaram aos ouvidos de Arya em Pentos, a garota hesitou por um tempo até que essa fosse a informação que prevalecesse sobre as outras. Ela partiu no primeiro navio que conseguiu encontrar que fosse atravessar o Mar Estreito para Porto Real.

A cidade encontrava-se ainda mais fétida do que ela se lembrava (ou talvez fosse apenas o fato de que ela tinha se acostumado com as cidades do continente que tinham o intenso perfume de sândalos e tâmaras e óleos silvestres que contrastava tanto com a capital)...

Ela andou em meio a entulhos e aos destroços que ainda se acumulavam no meio do caminho, alguns cadáveres ainda jaziam sobre a areia e na terra molhada (ensopada como se tivesse acabado de chover)...

Muito deveria ser feito para que a capital pudesse se recuperar da guerra... Arya não sabia nem quem estaria sentado no trono de ferro, mas sentia pena dessa pessoa...

- Arya? – a garota ouviu alguém chamando seu nome não muito distante de onde ela se encontrava e seu coração falhou uma batida.

A dançarina da água girou em seu próprio eixo, buscando pelo dono da voz e seus olhos encontraram os olhos claros que a encaravam cheios de espanto. Ela ficou imóvel, mas Gendry correu até ela e a segurou bem forte em seus braços.

- Gendry? – ela disse, sem conseguir acreditar no que estava vendo. – O que está fazendo aqui?

Ele deu uma risada sem jeito, ainda segurando a garota em seus braços.

- Minha história não é interessante... Eu estou mais interessado em saber por onde milady andou – apesar de tentar soar divertido, o tom preocupado em sua voz não saiu tão sutil como ele tinha pretendido.

- E por que isso é da sua conta? Da última vez que nos vimos, você estava me abandonando! – ela respondeu, furiosa com a lembrança, tentando se soltar dos braços fortes do ferreiro.

- Eu não ia te deixar, Arya! – ele impediu-a de afastá-lo. – Eu ia te pedir pra ficar comigo! Eu a protegeria e, quando a guerra acabasse, a ajudaria a encontrar sua família! Nós estávamos correndo riscos demais, eu quase não conseguia dormir direito, preocupado com você... Pensei que se só estivesse brava, eu ainda faria de tudo pra que me perdoasse e ficasse ali, a salvo, comigo... Mas quando Sandor Clegane a levou, eu me desesperei! Vinte dos nossos foram atrás de vocês, mas não permitiram que eu também fosse. Eu sou um ferreiro e meu lugar é fazendo armas – ele disse, amargurado. – Quando eles voltaram, só tinham encontrado Sandor moribundo e delirando, dizendo que você tinha fugido sem lhe ter dado a misericórdia da morte. Depois disso, só o que eu tive foram rumores sobre seu paradeiro e cada história nova que surgia, me deixava mais desesperado.

Arya escutou tudo em silêncio, sem conseguir interrompê-lo. Depois tudo que tinha lhe acontecido e todos que tinha perdido, Gendry era a única pessoa de quem ela sentira saudades, que ela queria encontrar... E enquanto ele falava, ela percebera que o sentimento que ela nutria por ele era mais forte do que ela pensava.

- Que tipo de histórias minhas?

- Várias vezes que tinham te encontrado morta... Na Estrada do Rei, em Correrio, nas Gêmeas, voltando pra Porto Real, disseram que você tentou assassinar a rainha, que você foi presa nas celas negras, e isso eu era capaz de acreditar – ela fechou a cara, fazendo-o rir. – E... Que você tinha se... Casado...

- Com quem? – ela perguntou, horrorizada.

- Isso não importa. Já desmascararam a fraude. Mas foi com certeza a notícia que mais me perturbou – ele confessou, desviando os olhos dos dela e a garota sentiu suas faces ruborizarem.

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