Capítulo 9

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"No funeral,

Quando meu rosto estiver para o teto do caixão...

Por favor, não jogue flores em mim.

Jogue todo o amor que você economizou quando eu estava vivo".

Dia 18/09/2010.  19:30

Querido Diário, hoje eu completo 20 anos da minha vida fodida.

O que tem de especial? É o grande dia.

Minha mãe soube o que seu marido fez comigo e como sempre ficou em silêncio apenas me culpando por tudo.

Eu escrevi algumas cartas e espero estar bem longe quando forem lidas.

Você foi meu melhor amigo Diário, mas eu não posso continuar, não aguento mais ter pesadelos, acordar assustada, com medo, meu corpo já não me pertence.

Eu não me sinto viva!

Minha alma foi arrancada a muito tempo atrás, não sinto amor, nem sei o que é isso.

Não consigo chorar.

Não consigo gritar.

Não consigo passar por mais um dia assim.

Eu nunca tive uma festa de aniversário, nem mesmo um bolo mas hoje eu mesma vou me presentear.

Obrigada por tudo Diário.

NARRADOR ON

Após escrever em seu Diário, Emy pega as cartas e coloca em cima de sua cama, abre a gaveta da cômoda e pega seus comprimidos e os toma, mas ela sabia que não era o suficiente então, pegando suas queridas lâminas corta os seus dois pulsos.

Não sentia dor.

Não sentia medo.

Com os seus pulsos ensanguentados ela caminha pela casa abrindo as portas e a janelas, no quarto principal ela deixa umas gotas de sangue no travesseiro de sua mãe. Ela se sente entorpecida.

Volta para o seu quarto sentindo as tonturas chegar, ela deita em sua cama sujando todo o lençol mas isso não parece incomodá-la.

Aos poucos o ar vai faltando, sua respiração diminuindo e com um ultimo suspiro sua vida vai se esvaindo.

Mas, pela primeira vez, Emy sorriu.

NARRADOR OFF.

O Diário de EmyOnde histórias criam vida. Descubra agora