Tempestade de Dúvidas

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Desperto com o som abafado do aspirador de pó vindo do corredor, em frente ao meu quarto. Dobro o meu travesseiro e pressiono-o contra o meu rosto em uma tentativa frustrada para abafar ainda mais o barulho para que eu consiga voltar a dormir. Viro de um lado, viro para o outro, mas não apago. O meu sono já me abandonou graças a minha mãe, e não está a fim de voltar nem tão cedo. Acordar cedo em um domingo é uma das piores coisas da vida.

Permaneço ainda na cama, encarando o teto como se fosse algo impressionante que tem a habilidade de fazer os minutos correrem e chegar logo às 20h para encerrar de vez o dia, fazendo-me assistir alguma série ou jogar videogame até a hora de dormir.

Penso em Wanda por um instante. Ficamos mais um tempo nos beijando até que paramos um pouco para assistir uns episódios aleatórios de Friends na minha cama, alinhados, e me despedi com um beijo tímido quando ela partiu quase umas 22h. Sei que o que fiz pode ser considerado errado, mas ao mesmo tempo, reflito um pouco, e neste exato momento, acredito que fiz o certo de uma forma ou de outra que é inexplicável para colocar em palavras. Tudo parece tão confuso agora, especialmente por eu ter gostado de beijar Wanda. E ter me sentido, digamos, aceso em uma certa parte do meu corpo enquanto eu a tocava...

Desde que eu era um garoto de 9 anos, e começara a reparar nos outros meninos com outros olhares, comecei a me firmar como gay. Nunca vi problemas nisso. Quando dei o meu primeiro beijo aos 13 anos, e foi com um garoto, gostei e conclui que a homossexualidade é a minha orientação. Não tentei beijar garotas porque não me sentia confuso a respeito, nem duvidoso, mesmo olhando-as de uma forma minuciosa... Wanda é a primeira garota que beijei e posso dizer que gostei disso. Nossa, isso soou muito a música da Katy Perry. I kissed a girl and I like it... I hope my boyfriend don't mind it. Possível trilha sonora da minha vida.

Tateio em busca do meu celular no criado-mudo, e quando pego-o, encontro uma mensagem de Steve dando-me bom dia com quatro emojis do solzinho com um sorriso travesso com uma foto sua mostrando um sorriso enorme de orelha a orelha, com os olhos arregalados também, fazendo assim, uma careta animada.

Acho graça da sua foto.

Steve sempre tem o hábito de mandar fotos dele acompanhado com legendas quando briga com alguém. Já falei para ele que isso irrita mais ainda, mas ele discorda, dizendo que sempre funciona. Bem, nas vezes que brigamos, ri em todas. Talvez funcione mesmo. Ou eu sou mais um bobalhão.

Respondo a sua mensagem com um "Bom dia!", tirando uma selfie minha, mostrando o oposto da foto dele com a minha aparência decrépita ao acordar. Levanto da minha cama em seguida.

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- Bucky, estou indo ao meu clube de leitura. Qualquer coisa me liga! – Fala a minha mãe, despedindo-se de mim com um beijo em minha testa. – Deixei um pedaço de empadão dentro do forno para você jantar.

- Qual é o livro da vez?

Ela revira os olhos.

- Gray, da E. L. James. Autora de "50 Tons de Cinza".

Abafo uma risada.

- Bom encontro!

- Ah, espero! Mas já sei que ficarei muda porque de tanto pular capítulos nem sei como o desfecho aconteceu direito. Odeio as escolhas da Brenda. São sempre eróticos.

No momento em que a minha mãe parte, continuo a maratonar Sons Of Anarchy. Passado três episódios, ouço o toque da campainha soar pela sala.

Tempestade Infinita - Stucky fanficOnde histórias criam vida. Descubra agora