Capítulo 1

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Samantha 

Presente, 7 de junho de 2019

Bebi mais um gole do meu copo de whisky, pousei-o na mesa e voltei a olhar para o ecrã do portátil. Apetecia-me apagar o livro todo e nunca mais o escrever. Tinha prometido aos leitores que este seria um livro em que iriam chorar e rir ao mesmo tempo, contudo não estava minimamente satisfeita com o rumo que estava a tomar. Para mim, este seria já o último livro da coleção, no entanto no contrato que tinha feito com a editora ainda tinha que escrever mais um para além deste.

O meu telemóvel começou a tocar. Odiava quando me esquecia de tirar o som daquela merda e aquilo me interrompia a linha de pensamento. Provavelmente era a Alex a perguntar se ainda estava viva, ela não faz outra coisa...

- Estou? - perguntei, atendendo.

- Menina Brown? - ouvi o chefe da minha editora perguntar.

- Sim, sou eu.

- Desculpe, Samantha, não me parecia você. Bem, estou a ligar para lhe dizer que vai ter uma entrevista sobre o novo livro e que já vai ter que anunciar o título.

- O quê?! - perguntei, exclamando. - Mas eu ainda nem a meio do livro estou!

- A Samantha não faz mais nada na vida sem ser escrever, portanto tem a obrigação de já ter um título!

- John, você não é escritor, não percebe o quão exigente é este trabalho!

- Eu percebo que é bom que se despache a escrever, porque um dia destes ainda acaba despedida - ameaçou.

- Não me pode despedir... Os fãs não iriam gostar. 

- Samantha, isso não é assim tão simples e tu sabes disso. Eu posso despedir-te, por causa do teu pequenino problema e tu sabes disso - respondeu. - Agora, pensa bem. Beijinhos, minha querida Samantha.

A chamada acabou e eu pousei o telemóvel. Peguei no copo de whisky, bebi o que ainda lá estava e atirei o copo contra a lareira. Estava completamente furiosa! Arrependo-me tanto do dia em que decidi ser escritora...

Desde pequena que sempre adorei escrever e tinha muito jeito. Também sempre fui incentivada a escrever, pois o meu pai era escritor. A escrita tornou-se tão importante na minha vida que eu passava o tempo todo a rabiscar no meu caderno. As adolescentes normais iriam comer gelado quando estavam tristes, eu escrevia. Escrevia quando estava triste, contente, cansada, orgulhosa, feliz. Escrever é o meu vício.

Tenho que concordar que ultimamente mais parece uma obrigação. Quando a escrita passa de paixão a obrigação, não conseguimos passar para o papel o amor e o fascínio que temos pelas nossas próprias histórias.

Fechei o computador e subi para o meu quarto com o telemóvel na mão. Vamos rezar para que a Alex já tenha voltado dos EUA com o namorado e a banda dele. Procurei o número da Alex e liguei-lhe.

- Samantha? És mesmo tu?!

- Sim...

- É estranho estares a ligar-me... Normalmente, sou sempre eu que te ligo para saíres comigo e nunca consigo. O que é que precisas meu amor?

- Preciso de ir a algum sítio... Algum bar... Sei lá!

- Pois, mas eu estou em Nova Iorque com o Ashton... Liga à Chloe, ela e o Luke estão aí.

- Tu sabes que a tua irmã me odeia desde a altura em que disse que ela não era lá grande compositora.

- Então liga ao Luke ou ao teu irmão, o que é que queres que te faça? Sabes, Sam, isso é falta de namorado...

Give Me Love ➵ Calum Hood (Livro 3)Where stories live. Discover now