Capítulo 6

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➵ Calum

Mal vi as lágrimas escorrerem pela sua face, puxei-a para mim, rodeando a sua cintura com os meus braços. Sentia a Samantha a tremer e a soluçar contra o meu peito. Queria ter alguma coisa para lhe dizer, para a reconfortar, mas não fazia ideia do que se passava na vida dela. Como se costuma dizer, "Os sorrisos mais bonitos escondem os piores segredos; os olhos mais bonitos já derramaram muitas lágrimas; e os corações mais bondosos já sentiram demasiada dor."

O Ryan sentou-se em frente a mim no balcão da cozinha de minha casa, agradecendo-me pela cerveja que lhe tinha entregado. Sempre que havia problemas naquela família, ele vinha desabafar comigo. Segundo ele, costumava falar com a irmã, mas ela tinha muitos problemas ultimamente.

- Acho que preciso de conselhos para conquistar uma rapariga...

- Não sei se vieste falar com a melhor pessoa - disse.

- Sempre és melhor do que os meus pais ou a minha irmã... - respondeu, suspirando. - Ela está na mesma aula de inglês que eu e chama-se Lydia.

- E então? Vai falar com ela, não percebo o problema.

- Ela tem namorado que, só por acaso, tem o dobro do meu tamanho - admitiu.

- E então? Vai falar com ela, convida-a para sair ou coisa assim.

- Quê? Chego ao pé dela e simplesmente digo "Não sei se sabes, mas temos aula de inglês juntos e será que podias sair comigo?"

- É uma opção ou tenta mostrar que a conheces ou que tens uma opinião interessante sobre as coisas que ela gosta ou simplesmente irrita-a para ela dizer sim. A última funcionou com a tua irmã - constatei.

- A minha irmã? Espera lá, tu foste sair com a Samantha?!

- Sim... Eu sei que é uma grande surpresa...

- Meu, parabéns! Conseguiste o impossível! - exclamou.

- Tu sabes porque é que a Sam é assim? - perguntei.

- Nunca ninguém percebeu muito bem. A única pessoa com quem ela se abre é o Luke e, mesmo assim, ele só sabe um quarto dos segredos dela.

Notava-se que a Samantha tinha imensos segredos e era por isso que mantinha as suas barreiras bem altas para ninguém as atravessar. Todavia, naquele momento estava a ver uma Samantha frágil e insegura. A Sam que eu sempre soube que existia, que era o fundamento da sua personalidade tão difícil.

Ela afastou-se de mim, limpando as lágrimas como se estivesse envergonhada de estar a chorar à minha frente. Relembrei-me das palavras dela, "Eu não estou bem, aliás, nunca estive, só que nunca ninguém se preocupou com a Samantha, porque a Samantha sempre foi a forte que consegue ultrapassar tudo e todos." Ela sentia-se envergonhada, porque já se habituara a fingir ser forte e inalcançável.

- Desculpa, eu não costumo ser assim...

- Não tens que pedir desculpa, - garanti, enquanto punha uma das madeixas do seu cabelo para trás da orelha.

- Tenho, tu não tens que aturar os meus problemas. Era por isto que te queria longe de mim!

- Acredites ou não, Sam, eu quero ajudar-te - disse, antes de lhe beijar suavemente a testa. - Vamos jantar, sim?

- Sim, - respondeu com um leve sorriso. - Fica aqui na sala, enquanto eu vou pôr a mesa.

- Deixa-te lá disso! Podemos jantar no sofá!

Give Me Love ➵ Calum Hood (Livro 3)Where stories live. Discover now