• II • UMA ATRIZ, UM DELINQUENTE E UM NÓRDICO

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CAPÍTULO 2 - PART 2

Music: Highway To Hell - AC/DC

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Sou levada ao clube de motociclistas que o deixei no outro dia, mas desta vez está aberto e, por sinal, bem movimentado. Antes não parecia mais do que uma grande garagem, agora vejo luzes e ouço risos. Ao som de cover de bandas famosas, parece mais atraente, porém não deixa de ser intimidante. Talvez pelo ar de bad boy que eles fazem questão de salientar.

Todos parecem intensos em suas paixões e gostos, até nas formas de se vestirem. Está claro que, assim como sua maneira de se portar, isso faz com que tenham um ar opressor. Há muitas motos estilizadas, grandes como a do Adrian. Próximos a elas, alguns fumantes conversam tranquilamente com um copo de cerveja nas mãos.

Há pessoas dentro e fora do ambiente, de todos os tipos e idades. Até mesmo algumas crianças brincam soltas, na maior naturalidade. Isso me dá uma visão de um mundo e de um ritmo totalmente deles, e o principal, sem ser abalado com as opiniões diversas da sociedade. Isso é uma das coisas que sempre me fez admirar os motociclistas. São pessoas mais duras, de opiniões formadas e com a visão do mundo muito mais aberta do que a do mundo em relação a eles. Mesmo que, como em qualquer lugar, tenham boas e más pessoas, a índole deles não é algo que cabe a mim julgar.

Nunca tinha me visto entre pessoas como eles, mas me identifico de certo modo. Não é como se todos eles fossem iguais de toda maneira, cada um tem seu ritmo e estilo. Alguns estão no estilo mais heavy metal, com calças de vinil, outros, mais hardcore, e têm os que não usam nada além de uma calça jeans e a jaqueta do clube.

Existem mundos dentro de mundos, gostos diversos. No entanto, eu estou deslocada entre eles devido à forma que estou vestida, produzida para outro tipo de evento. Estou recebendo olhares curiosos, mesmo que nem tenha saído da moto ainda. Não debocham de mim e nem invadem meu espaço. Apenas estão surpresos e se questionam, provavelmente com o seguinte pensamento "O que a patricinha faz perdida por aqui?".

Ao descer da moto, Adrian me deixa ali e vai entrando. Olho para ele e quero esganá-lo. Vejo-me obrigada a segui-lo. Conforme ele vai cumprimentando os amigos, e muitas garotas também, o delinquente vai mexendo com cada uma delas, provocando-as e arrancando alguns risinhos. Safado, descarado, sem-vergonha e cachorro! Tem mais algum adjetivo para um cara assim? Bom, que seja. Não é nada meu mesmo. Ele só me trouxe aqui para jantar, afinal estragou minha ida ao restaurante.

Não é muito educado comer em um churrasco em que não conheço ninguém. Não conheço nem o doido que me trouxe aqui! Aproveito que estou praticamente sozinha, me viro e vejo que o bar está próximo. Mas parece que alguém nos viu também, pois um homem grande se levanta e se vira para nós. Ele é alto, muito forte e másculo, com uma barba grande, assim como os longos cabelos cacheados em um tom de loiro escuro. Possui tatuagens que sobem pelo pescoço, mãos e braços. Se bobear muito mais, no entanto, a roupa o protege da minha curiosidade. Ele faz com que a quantidade de tatuagens do marginal ao meu lado pareça pequena. Será uma disputa?

Adrian é um homem lindo, mas esse loiro é um dos mais bonitos que já conheci. A personificação de meu cara ideal: bonito e opressor. Ele caminha até nós, usando uma jaqueta de couro com um pequeno pingente escrito "presidente", e cumprimenta o Adrian.

Caralho! Existem deuses nórdicos! E eles são motoqueiros!

— Diana, esse é o presidente deste clube — diz Adrian, apresentando-nos.

O grande homem me olha e estende a mão. Hum, ainda é educado. Estendo também e, assim que sua forte mão envolve a minha, um pequeno pensamento escapa dos meus lábios.

Perfeito Delinquente | DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora