Lobo Protetor

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O nascer do sol se aproximava e Jason continuava dormindo. Em seus sonhos ele via uma guerra. Algo absurdamente tumultuado. Ninjas e samurais lutavam juntos contra um exercito estranho de guerreiros variados. Ele via feras correndo de um lado pro outro. Do nada tudo some e ele vê seu pai ao longe. Jason corre até seu pai gritando por ele. De alguma forma o seu grito não tinha som. Atrás de seu pai, ele viu dois garotos. Um tinha o tamanho de uma criança e o outro parecia ser mais adolescente. Quando Jason conseguiu se aproximar deles, os três se transformaram em lobisomens e foram em sua direção. Apavorado, o samurai se jogou no chão e se deparou com os lobisomens latindo perto de seu rosto. Após recuar a cabeça e fechar os olhos, Jason nota que está acordado e quem late na sua frente é Shiro, seu lobo de estimação.

-Acho que nunca fiquei tão feliz em te ver, seu cachorrão – Jason falou isso enquanto fazia carinho nele – Desculpe ter saído sem me despedir. Eu tive medo de você me seguir, mas parece que não adiantou muito. Pelo menos salvou minha vida. – Jason já estava tirando a adaga de sua perna.

A lua estava pra sumir e o sol perto de nascer. O ferimento de Jason se curou em poucos segundos, mas seu vigor demorou mais pra voltar. Ainda cambaleando e comendo um sanduíche, ele decide continuar seu caminho. Ao sair da caverna percebeu que os ninjas já tinham desmontado o acampamento e avançado. Com a luz do sol chegando, Jason conseguiu identificar melhor o local e notou que estava no vale das cavernas.

Chamar de vale era um exagero, mas era a forma de por medo em forasteiros. Eram duas filas de colinas paralelas que tinham varias cavernas espalhadas por seu território.

-Sinistro – Jason olha pra Shiro. – Não podemos perder tempo, mas eu não posso te deixar com fome e o que tenho aqui você não gosta. Teremos que caçar algo pra você, amigão.

Jason não tinha levado equipamento pra caçar, então teria que improvisar e ser rápido, pois teria que compensar seu atraso apertando o passo. O templo dos ninjas era depois do vale e ainda tinha mais alguns minutos de caminhada entre o final do vale e a entrada da vila. Teria que caçar enquanto avançava no percurso.

Shiro era um lobo cinzento que fazia parte da Missão de Restauração de Ookami, que consistia em restaurar os lobos no Japão. Após a extinção do Lobo-de-Ezo e do Lobo-de-Honshu, o equilíbrio da natureza foi afetado. Os lobos ajudavam a controlar a população de javalis, veados e lebres nas regiões onde habitavam. Na Restauração, Lobos de diversas espécies foram levados ao Japão para compensar a falta das espécies extintas. Shiro se perdeu de sua alcateia e foi acolhido por Jason, quando o samurai tinha apenas 11 anos.

Quando o vigor de Jason voltou ao normal, ele começou a andar mais rápido. Depois de quase uma hora de caminhada, Shiro sente o cheiro de uma possível presa. Os dois se escondem atrás de um arbusto e observam de longe um animal sozinho vagando. Era um Javali relativamente grande e aparentemente distraído. Jason tira sua espada nova da bainha e se aproxima pela direita da presa, enquanto Shiro prepara o bote pela esquerda.

Por um descuido, Jason pisa em um galho seco que estava no chão. O javali se assusta e começa a correr. Shiro vai atrás da presa e Jason vai logo atrás de Shiro. O jovem samurai tinha a velocidade similar a de um lobo, por isso conseguiu acompanhar o pique. A presa era esperta e veloz. Depois de um tempo correndo atrás do javali, Jason vê outro se aproximando pela lateral direita numa investida para atingir os predadores da vez. Jason se prepara para fazer um corte no animal e quando faz o javali é decapitado.

-Tá de sacanagem – Falou Jason ao descobrir a capacidade de corte da espada que ganhou de Calebe.

Jason assovia para Shiro voltar e dessa vez o lobo que fugia do javali. Jason se prepara pra proteger seu animal de estimação e repete em sua mente:

-Calma, Jason. Você já enfrentou coisas mais perigosas. Você já cortou a cabeça de um. Não vai ser difícil. Morrer pra um javali não é o seu destino

Jason pegou confiança. Até que entendeu o porquê de Shiro estar fugindo. Tinha outros javalis logo atrás correndo com toda velocidade. O samurai guarda a espada e começa a correr, desesperado, junto de seu lobo. Eles eram mais rápidos que os javalis, mas não poderiam parar até terem certeza de que os despistaram. Quando isso aconteceu, Jason e Shiro se viram de frente pra um riacho que marcava o fim do vale. A corrida para fugir dos javalis acabou o adiantando em seu caminho. O samurai ficou quase um minuto retomando o folego e depois disse:

-Hey, Shiro. Vamos beber água ali e depois podemos caçar mais uns... – Quando Jason olhou pra trás, viu que Shiro já tinha uma lebre ne boca e outra debaixo da pata – Tu só é ligeiro assim quando sua vida não está em risco?

Depois de beber água e encher seu cantil no riacho, Jason decide aproveitar o tempo de sobra e assar as lebres em uma das últimas cavernas da última colina do vale. Ao subir a colina, ele vê que acabou ultrapassando os ninjas que viu na noite anterior. Eles estavam indo extremamente lentos pra um esquadrão que fez um ataque terrorista a poucos dias. Jason estranhou, pois não fazia sentido nenhum eles levarem quase três dias na viagem de retorno.

Jason fez uma fogueira e assou as lebres. Já passavam de duas da tarde e Jason estava despreocupado por estar adiantado. Ele olha pra sua katana e diz:

-Acho que vou chamar de Garra da Pantera. O que acha, Shiro? – Pergunta, Jason, ainda levemente pensativo sobre que nome dar a espada. Shiro respondeu latindo, como esperado.

Depois de um tempo na caverna descansando, Shiro começa a latir em direção a entrada da caverna. Jason se atenta e pega sua katana.

-Revele-se. Já sabemos que está aí – Disse Jason com autoridade na voz

Um homem se revela. Um ninja com uma máscara diferente em seu rosto e sua lâmina já em mãos e com sangue pingando da ponta. Pelas suas vestes, não parecia ter participado do ataque a Kurosawa, mas ele ainda era um shinobi. Jason se prepara para um combate e Shiro rosna para o misterioso ninja que encara seu oponente diretamente nos olhos.    

Os Guerreiros da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora