A Verdade

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        Jason e o shinobi misterioso se encaravam fixamente. A tensão no ar era forte e Shiro já estava preparado pra dar o bote.

       -Vai se arrepender de ter vindo sozinho – Disse Jason com um tom ameaçador.

       -Vai me agradecer por ter vindo quando sair da caverna. – Disse o shinobi enquanto soltava a espada e tirava sua máscara – Eu sou Futami Yatagarasu, venho aqui em nome de Hanzo, O Grande Líder Shinobi. Você deve ser o mensageiro de Mifune, estou certo?

        -Se acalme, Shiro. – Jason guarda sua espada na bainha, mas já põe a outra mão na adaga – As informações que recebemos diziam que Hanzo está morto e que o último pedido dele era a destruição dos samurais. O fato de não estarmos tentando nos matar agora não condiz com essa informação.

        -A informação é falsa. Hanzo está preso no templo da muralha. Foi traído por ninjas que não aceitaram bem a paz entre Kurosawa e Kusanagi (vila ocupada pelos ninjas). Ele me enviou com um pergaminho para ser entregue a Mifune. Hanzo não quer uma nova guerra, mas talvez vocês devessem se preparar pra uma caso ele não consiga reaver o controle de seu exército.

     -Vejo que é fiel ao seu mestre. Quem foi o responsável por tudo isso? – Jason já estava confiando na palavra de Futami.

     -Yahiko. Um dos pretendentes a sucessor da liderança dos shinobi. A maioria dos ninjas fiéis a Hanzo estão, em missões fora da vila ou acreditaram na mentira de seu traidor.

     -Não podemos perder tempo então. Amanhã de manhã um exército de samurais estará avançado contra sua vila. Você tem essa mensagem por escrito?

     -Tenho. De acordo com Hanzo, somente Mifune seria capaz de entender os códigos desse pergaminho. – Falou, Futami, enquanto entregava o pergaminho pra Jason.

     -Então vamos agir. Shiro, preciso que você leve esse pergaminho para o mestre Mifune o mais rápido que puder. Vá pelo caminho mais seguro e tome muito cuidado pra mensagem não cair. Eu e Futami vamos libertar Hanzo. – Shiro acena com a cabeça pra indicar que entendeu.

     -Não podemos esquecer da samurai que pegaram de refém. Ainda nem sei onde vão prende-la. – Disse Futami

     -O que? – Jason pergunta desesperado pois não sabia de nenhum refém feito em Kurosawa e só uma pessoa veio em sua cabeça para o seguir e ter se tornado refém no caminho.

                                                                                                       ***

       HORAS ANTES

       Mifune caminha até a sala de armas do templo samurai, acompanhado de Kanna. O sol ainda estava nascendo e a maioria dos samurais já estavam usando suas armaduras e se preparando para a batalha. Kanna decide perguntar:
      -Como ele era?
      -Seu pai? – Pergunta Mifune
      -Sim. Quero saber como ele era como samurai?
      -Faz tanto tempo... – Mifune respira fundo e continua – mas não tem como esquecer um bom espadachim. Seu pai era um dos melhores na arte do Iaidō, embora fosse estrangeiro. Kevin e Ben mostraram que ocidentais também podem aprender nossas artes.
      -Ben era o pai de Jason né?
      -Sim. Eles eram como irmãos. Vieram pra cá na adolescência fugindo de alguém na terra natal deles. Parece que alguém queria pegar o Ben. A amizade deles me ensinou muito sobre o que é união de verdade. Eles eram conhecidos como samurais do morro, uma brincadeira de mal gosto dos jovens daquela época.
      -Como que o pai do Jason morreu? – Kanna pergunta observando o interior da sala de armas
      -Junto com o seu. – Mifune falou isso enquanto abria um cofre. – A união foi, literalmente, até o último suspiro.  
       -Ben também estava no avião? – Questiona Kanna
       -Gostaria que fosse tão simples, mas a verdade é bem mais sombria. Isso é um passado que todos temem. – Mifune entrega uma katana preta e vermelha na mão de Kanna – Venha comigo. Preciso te mostrar uma coisa.
       Mifune a leva até a sessão onde estava guardada a armadura de Kevin. O local mais visitado por Mifune, mas também o mais doloroso. Pois nesse local haviam marcas da verdade sobre aquela noite.
      -Seu pai não morreu num acidente de avião. – Mifune aponta para o peitoral da armadura, onde haviam marcas de garras que a perfuraram. – Seu pai morreu pelas garras de um lobisomem.
      -O que? – Kanna começa a achar que seu mestre pode estar louco – Você está bem, mestre? Não está realmente achando que lobisomens existem e que um deles matou meu pai, né?

Os Guerreiros da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora