Boa noite missão dada é missão cumprida, já sabem! 200 comentários eu volto amanhã, se não a gente se vê na sexta.
Antes de tudo
Vamos começar pelo começo? Redundante eu sei, mas isso é da vida né, a redundância.
Então...
Lembro exatamente de como Pierre entrou na minha vida, quer dizer, não entrou bem nesse dia, mas logo entraria, na minha vida, não em mim, infelizmente.
Minha cabeça doía, no fundo eu sabia que não devia ter saído para beber com a menina com quem dividia o quarto.
Eu precisava beber, depois de uma decepção, que não vem ao caso, sai da minha cidade e vim para São Paulo realizar meu sonho de princesa, ser uma advogada formada na USP, e como eu acabei? Sendo sustentada pelos pais e procurando emprego no amarelinho, um jornal baratinho recheado de vagas de emprego nas quais não me qualifico.
Só me restava beber, afinal eu era uma das milhares de pessoas que vem para São Paulo todos os dias e afundam na merda.
Ser a nerdizinha não foi o suficiente, sempre tive boas notas na faculdade, não consegui concluir o curso, era chato, enfadonho, chato, burocrático, chato, decepcionante, chato, demorado... Eu já disse que era chato?
O largo São Francisco não era pra mim, muito elitizado, e bem eu não nasci pra isso, queria vender minha arte na praia, claro que assim que eu teria que aprender a fazer alguma arte primeiro, mas esse era o caminho.E na confusão que era minha cabeça tomei um senhor porre, e tive uma senhora ressaca.
Quando um som chato começou a tocar, enfiei o travesseiro sobre a cabeça, que por sinal estava doendo horrores, em algum canto meu celular tocava, apostava que era minha mãe, com algum método para fazer eu voltar para casa, o que era totalmente fora de cogitação.
O toque do celular foi substituído pelo do telefone fixo.
— Camila, telefone...
Peguei o telefone das mãos da minha colega de quarto e revirei os olhos, qual era a necessidade de mamãe me ligar logo cedo?
— Mamãe não adianta me ligar eu arrumei um bom emprego — menti, sim descaradamente.
— A senhorita está empregada? O seu currículo havia sido aprovado.
— Não! — gritei com voz esganiçada — Eu achei que fosse minha mãe...
Pronto, agora minha futura patroa acharia que eu era uma mentirosa, gol contra.
— Meu nome é Daniela, sou secretária de Eduardo Jorge. Seu perfil foi selecionado para uma vaga de secretaria na Cousteau & Co. Você tem interesse?
— Se eu tenho interesse, mulher é meu sonho.
— Há mais três candidatas à vaga, você será entrevistada por Jorge mas a vaga é para trabalhar para Pierre Cousteau, você fala francês?
— Sim — menti, havia visto em algum filme há muito tempo atrás que francês é um sotaque com biquinhos, eu posso fazer biquinho, e poderei alugar um apartamento só para mim.
As coordenadas são passadas e apesar da minha afirmativa de ter uma caneta comigo, não é bem a realidade, quando a mulher desliga eu levanto da cama e ao tentar levantar, caio no chão.
Olhei cada peça de roupa no meu guarda roupa, e simplesmente não havia nada para vestir, ligo para Carmen minha irmã número 1 e peço uma roupa da namorada dela.
No caminho passei no prédio da Cousteau & co, a empresa
era linda, e eu teria um bom salário, minha entrevista seria na manhã seguinte.O dia amanheceu lindo e eu inspirava confiança, vestida como uma executiva, toda em tons pastéis, seria a rainha do mundo, tá bom, não era um cargo de rainha, mas secretaria de Pierre Cousteau, já dava para fazer um parcelamento em uma loja melhorzinha tipo a Barreds e comprar milhares de roupas em tons pastéis.
Me atrasei para chegar na empresa porque parei na feira para comer um pastel e tomar caldo de cana com maracujá para ficar calma, e para meu desespero as moças que disputavam vaga comigo tinham um currículo maior do que a ficha criminal de um ex-prefeito de São Paulo, procurado pela interpol, já me via desempregada novamente.— Senhor como eu vou achar a folha de antes de ontem? Já pedi para o jornaleiro, ele disse que somente amanhã.
— Amanhã, amanhã Pierre está aqui antes do jornaleiro abrir, e aquele francês quando mal humorado, ninguém aguenta.
— Se o senhor tivesse me falado.
— Você sabe que Pierre quer em impresso, e sabe que não é na folha de sulfite, o homem é cheio de manias e ele vai querer um jornal, e eu vou dizer que minha secretaria não sabia que o dono exige o jornal, eu necessito do jornal de antes de ontem. Essas são as moças?
— S-sim — ela gaguejou.
— Voltem amanhã, eu primeiro preciso manter o meu emprego antes de contratar alguma de vocês, e vou ter que virar a cidade atrás de um jornal. Se nenhuma de vocês tem a folha de antes de ontem na bolsa, podem ir.
Sai depois das moças, nem sabia se viria no dia seguinte.
Entrei no aplicativo do banco, cabia mais um pastel no meu orçamento, sentei num banquinho e enquanto a moça fritava meu pastel, observei o bananeiro a enrolar bananas em jornais.
E a ideia veio como um raio.
— Moço posso olhar os seus jornais? — pedi com cara de boa moça.
— O que você quer bonitinha?
— Eu pago cinquenta reais se eu achar a matéria que procuro.
Ele me deu licença e fui para trás da banca, me ajoelhei, passei uns quinze jornais, até achar a folha da data certa, dei um beijo no bananeiro e cinquenta reais, enfiei o jornal na bolsa, larguei o pastel e voltei correndo para a Cousteau.
— Moça eu quero falar com aquele homem. Aquele que estava aqui e dispensou a gente.
— Eduardo não poderá atender.
— Se você não chamar ele agora, eu vou fazer um barraco — deixei claras as minhas intenções.
— Saiba que está perdendo todas as chances de conseguir esse emprego — ela tirou o telefone do gancho, digitou alguns números e lançou um sorriso cheio de desprezo — Seu Eduardo, uma das mocinhas que queriam uma vaga está aqui, quer falar com o senhor, eu faço o que? Chamo a segurança? Ou o senhor vai vir.
— Você deu sorte menina, ele está saindo e te dará um minuto, aproveite-o bem.
Fiquei parada e logo vi o tal homem vindo, ele dava ordens a todos que estavam no caminho:
— Eu vou almoçar e depois vou até a folha, um amigo conseguirá um exemplar para mim, olha a vontade que sinto é de te esganar — E voltando-se para mim — Você quer falar comigo? Volte amanhã, eu anotarei o seu interesse na sua ficha.
Abri a bolsa, tirei o jornal e estendi para ele, o homem parecia impactado, o folheou na mesa da secretaria, enquanto balançava a cabeça afirmativamente.— Qual o seu nome?
— Camila — respondi, trêmula.
— Helena ligue para as outras duas moças e diga que a vaga já foi preenchida, Camila você começa amanhã.
— Obrigada — o beijei na bochecha e saí correndo.
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O divórcio *Degustação*
ChickLitMila sempre foi apaixonada por seu chefe, afinal Pierre era um francês de tirar o folego, por ironia do destino se viu "obrigada" a casar com ele. Um casamento de mentiras com base em um contrato com data e hora para acabar, um divórcio lucrativo m...