Capítulo 3

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Marina

Meu Deus, os meninos vão surtar. Nunca contei que estava interessada no Steve. Na verdade depois do baile de formatura do colegial, o Steve foi morar com a mãe em Londres e nunca mais o vi. Até pouco tempo atrás.

Como de costume, fui passar os feriados de final de ano no Brasil com meus avós e primos, e tios. Enfim, minha família é grande. E eu amo isso. De verdade. Eles são barulhentos, calorosos, às vezes insuportáveis, mas são meus! Meus primos, meu irmão e eu, temos uma conexão incrível. Daríamos a vida uns pelos outros. A família do meu pai é pequena. Não conheci meu avô, pois ele morreu na guerra. Minha avó não teve outros filhos, então foi só ela e meu pai por muito tempo. Quando ele foi morar no Brasil a trabalho, levou minha avó também. Só que ela não se adaptou muito bem ao calor do Rio de Janeiro. Voltou depois de um tempo.

Meus pais se conheceram numa escola de dança. Não, meu pai não fazia ballet... Ele tinha um amigo que sempre buscava a filha pequena lá. E minha mãe era professora de ballet e piano. E numa das vezes que o amigo de papai foi lá, ele foi junto. E foi assim, amor à primeira vista. Logo eles começaram a namorar e casaram-se. Meu irmão veio logo depois. Eu sou três anos mais nova que Victor.

Nascemos no Brasil, meu irmão e eu, mas quando eu estava prestes a fazer dois anos, meu pai se transferiu de volta para Nova York. E aqui estamos desde então.

Meu pai é advogado e fundou a Campbell Associados, não quero seguir os passos dele, quero cursar Arquitetura, Victor é advogado como papai. Meu sonho mesmo é ser uma grande bailarina. Quero dar aula para as crianças como minha mãe faz. Ela tem uma escola de ballet comunitária, para crianças carentes.

O Sr. Baker, o Sr. Carter e meu pai se conheceram na faculdade e se tornaram melhores amigos. Infelizmente não conheci os pais do Zach, pois eles morreram em uma missão voluntária no Afeganistão. Eles eram médicos. Os pais do Noah eram um casal estranho, mas o Sr. Carter sempre foi muito bacana conosco. Não posso dizer o mesmo sobre a Sr.ª Carter. Que mulher insuportável. Tadinho do Noah e da Alice. Ter que aguentar uma mãe daquelas... Ainda mais depois que o Sr. Carter morreu. Foi muito difícil para o Noah. A Alice ainda não havia nascido. Meu pai se encarregou de tomar conta de tudo até que o Noah pudesse assumir as empresas do pai. Pelo que sei, o pai dele estava com dificuldades e metido com coisas obscuras, mas nunca falei nada pro Noah, não queria que a imagem que ele tem do pai ficasse abalada. Nunca julguei o Sr. Richard por isso também. Importante pra mim é o Noah.

Na verdade ele sempre foi importante pra mim, mais do que qualquer coisa ou qualquer um. Gosto dele desde sempre, não só como amigo. Mas ele nunca me deu qualquer indicação de que estaria interessado em mim. Pelo contrário, sempre esfregando as mais variadas periguetes na minha cara. O Zach uma vez veio com uns papos estranhos pro meu lado. Cortei logo. Ele é meu melhor amigo, praticamente um irmão. Me lembro até hoje quando fiz quinze anos e ele falou que estava gostando de mim.

"- Nina, eu tenho que te falar uma coisa. Eu gosto de você mais do que como amiga. Eu acho que me apaixonei por você.

- Pode parar por aí Zach. Não percebe o que você está falando? Somos amigos irmãos. Não te vejo como outra coisa. Eu amo você, mas como amigos que somos. Não quero te magoar e nem te dar falsas esperanças. Eu não posso perder sua amizade.

- Mas Nina, não precisamos parar de ser amigos! Podemos ser amigos e namorados! Eu realmente gosto de você desde que somos crianças.

- Zach, tenho certeza de que gosta, mas também tenho certeza de que você está confundindo as coisas. Você tem a mim como uma irmã mais nova. Esse instinto protetor é de irmão. Para e pensa... Eu sou seu primeiro pensamento ao acordar e o último ao ir se deitar?

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