Chapter 1

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Quando dona Edith olhou no relógio viu que já eram duas da manhã. Virou-se, encostou ao marido e sussurrou em seu ouvido:

― Duas horas...

O marido, Sr. Herbert Vasconcelos olhou apressadamente ao relógio. Porém nada via. Tentou novamente. Cerrou os olhos, mas nada! Os malditos ponteiros teimavam em se mexer descontroladamente. Levantou-se. Tonto, tombou meio corpo para o lado segurando-se na mesa para não cair. Dona Edith foi ao seu apoio.

― Querido, acho que passa da hora de irmos.

O marido acenou com a cabeça positivamente ainda segurando-se à mesa.

― Que isso homem, não aguenta mais um drink? ― e era pura verdade, já estava mais que bêbado, não conseguia ficar em pé sem precisar da esposa ou da mesa para apoiá-lo. Tentou novamente olhar ao relógio. Agora os pontos não estavam lá.

― Acho que exagerei um pouco essa noite, Adalberto.

Adalberto que estava no outro lado da mesa levantou-se chamando a esposa a ficar de pé também, levantou o copo como se fosse naquele momento preparar para brindarem.

― Às empresas Vasconcelos.

Sim. Sr. Herbert Vasconcelos não era qualquer bêbado e não estava em qualquer bar. Um poderoso empresário em uma reunião de negócios com sócios da empresa que acabara em drink. Claro que teria sido a intenção desde o momento que ele havia pedido a sua secretária, Srta. Samanta, para marcar a reunião e pedir para que os companheiros de trabalho levassem suas esposas. Estavam em um bar de luxo na zona sul de São Paulo. Sempre freqüentara os melhores lugares com a esposa.

Com alguma dificuldade pegou o copo que estava sobre a mesa e fez o mesmo gesto para brindarem a menção de sua honrosa empresa. Era bem verdade que aqueles, em volta da mesa, querendo brindar em sua homenagem, não passavam de pilantras em busca de aumento ou mesmo novos cargos dentro da empresa. Brindaram.

― Bom, a conversa está encantadora, mas eu e o Herbert precisamos ir. Está tarde e temos ainda um filho para terminar de criar. ― risos.

― Imagina Edith, Danilo é um rapaz bem crescido, sabe se virar sozinho, ainda mais numa mansão daquela cheia de empregados. ― a esposa de Adalberto agora entrava na conversa, seu nome? Helena.

― Agradeço a gentileza, Helena, mas realmente precisamos ir, não é querido? ― a mulher olhou para o marido com um olhar penetrante. Aquele olhar que diz: "vamos ou você está ferrado quando chegar a casa".

― Sim, sim. Edith tem razão, precisamos realmente ir.

Finalmente a insistência para que ficassem mais um pouco havia cessado. Edith pegou sua bolsa sobre a mesa. A mesma que comprara em sua ultima viagem a França. Era uma mulher exuberante, chiquérrima... Suas longas pernas lhe davam um charme encantador, enquanto Sr. Herbert era um baixinho gordo e troncado.

Cambaleando, Herbert e a esposa se encaminharam para fora do bar em direção ao estacionamento. O chofer se prontificou a pegar as chaves do carro e conduzi-lo até ali a entrada do bar onde estavam. O que fez dona Edith ficar agradecida. Sabia que seria uma difícil tarefa levar o marido até o estacionamento. Não demorou e o rapaz com aquela farda engraçada de borboleta preta presa ao pescoço saiu.

― Ai homem, você exagerou nos drinks hoje.

― Calma querida. Estou bem.

― Vejo que está. Ótimo exemplo dará ao filho chegando em casa assim.

― Danilo já está bem grande para saber que eu faço isso por que já tenho a vida garantida para o resto da vida. Não preciso me importar com mais nada.

NOCENTE - Não é leve o perigo quando parece leveOnde histórias criam vida. Descubra agora