Já eram doze horas da tarde quando Danilo acordou. Danilo estava com o peito dolorido, talvez devido ao esforço da noite passada. Mas sabia que a maior parte da culpa estava no fato de Lara ter dormido a noite inteira sobre seu peito. Eles pareciam um casal de verdade agora.
― Lara?
Ela era ainda mais linda quando dormia. Danilo percebeu que ela não acordou, decidiu ficar ali a observando por algum tempo. Enquanto se esgueirava para sair debaixo da garota. Foi até o interfone e uma voz atendeu do outro lado da linha.
― George V, Casa Branca, em que posso ajudá-lo?
Danilo pediu que trouxessem o café da manhã, embora já fosse hora do almoço. E não havia sinal da procura por Danilo. Talvez sua mãe entendesse a decisão do filho por tirar umas férias da família, mas Danilo sabia que isso seria um tanto que impossível. Era mais provável que ela ainda estivesse chorando até aquele momento impedindo-a de ir atrás do filho.
Ele vestiu-se indo para outro cômodo, uma luxuosa sala com uma TV que parecia com a de sua mãe. Sentou-se no sofá, acendeu um cigarro e ligou a TV. Em sua mente o pensamento de que dali a algumas horas ele poderia ser quem realmente sempre sonhou o possuía.
O hotel em que estavam era de luxo. Danilo sempre apreciava o que existia de melhor. Sua conta bancaria ajudava. Nasceu e cresceu no luxo de uma família rica e tradicional. Seus amigos, Lara e Rodrigo, não eram diferentes. Eram muito ricos, mas não como Danilo. Danilo era um Vasconcelos. Seu nome era conhecido por toda a São Paulo. E isso o prejudicava mais do que imaginaria que prejudicaria. Por isso teve a decisão. Iria se livrar de tudo aquilo. Iria ir para bem longe onde pudesse ser um garoto normal.
Batidas na porta o acordou de seus profundos pensamentos. Sabia que mais cedo ou mais tarde Rodrigo apareceria. E se tivesse um pouco de sorte, já estaria com os vistos em mãos. Levantou-se, apagando o cigarro no cinzeiro a caminho da porta.
Não era Rodrigo.
― Ah sim. Entre por favor.
O servente do hotel entrou no quarto trazendo a bandeja de café da manhã para dois.
― Pode colocá-la em cima da mesinha de centro, obrigado. Aqui sua gorjeta.
Foi guardando a nota de dez reais no bolso que o funcionário saiu sorrindo para Danilo fechando a porta. Parado. Danilo ficou observando a bandeja de café. Ela o agradava. Apanhou-a e levou-a até o quarto onde Lara estava.
― Acorda, madame. Seu café da manhã chegou.
Lara que estava coberta da cabeça aos pés não mexeu um músculo. Danilo colocou a bandeja de lado ao pé da cama puxando o edredom de Lara.
― Dan, me deixa!
― Não deixo nada. Daqui a algumas horas estaremos partindo. Precisamos nos organizar. E tomar café da manhã. Já são doze horas, horário de almoço e você não tomou nem o café ainda. Você se exercitou bastante ontem, precisa se renovar.
― Cala a boca.
Lara agora estava sentada na cama. Envolta em um robe. Amarrava os cabelos lisos e castanhos.
― Rodrigo já apareceu?
― Ainda não. Quando o moço do hotel bateu na porta, achei que fosse ele. Enquanto você toma seu café vou procurá-lo.
― Você já tomou?
― Sim ― mentiu Danilo.
Fechou a porta do quarto entrando em um corredor enorme. 'Que ótimo, onde poderia achar o Rodrigo agora?'. Pegou o celular.
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NOCENTE - Não é leve o perigo quando parece leve
RomanceNeste romance, relacionamentos amorosos, conturbados, inacreditáveis golpes de sorte e muito suspense são magistralmente mesclados pela escrita do autor. São Paulo e a lendária Nova York são o cenário de um terrível jogo no qual um jovem brasileiro...