Com a maior naturalidade do mundo ele se virou a mim, sorrindo e respindemdo o mesmo.
— Oi !
Pensando bem, foi muito estranho, pois na verdade pensei que ele poderia se assustar, aginal ele não tinha me visto até aquele momento. Mas sei lá, não sei explicar, parecia que ele estava me esperando ali, eu sentia isso e de alguma forma ele sabia que eu iria estar naquele momento, naquele instante e me aguardava, já estava começando a viajar nos meus pensamentos quando ele falou novamente:
— Não vai me falar mais nada? Vai ficar apenas me olhando?
Única coisa que pensei em fazer foi sorrir de volta, porém ficar em silêncio iria parecer que eu era uma tola, eu precisava dizer algo.
— ahh! desculpa. To um pouco confusa, ultimamente estou meio distraída da vida.
Sou a Raiune, prazer. — Estendi a mão cumprimentando ele.— Prazer, sou o Carlos. Você é nova por aqui? Pois normalmente ninguém aparece aqui, ou pelo menos a anos que não vejo ninguém por aqui.
— Sim e não.
— Como assim?
— Bem, eu nasci aqui, quando era criança adorava vir e ficar correndo entre as flores.
— Não mora mais?
— Não. Depois que meus pais separaram me mudei para São Paulo com minha mãe. Adultos são complicados.
— Concordo, mas adolescentes muitas vezes também são.
Eu respondi que sim, apesar de parecer ser dito diretamente para mim, todavia não fazia sentido, afinal… Como ele poderia saber algo da minha vida?
— Está na casa do seu pai?
— Sim. Como você sabe disso? Conhece meu pai? — Perguntei, mostrando muita curiosidade.
— Bem, você disse que se mudou para São Paulo com sua mãe, e se está aqui, deduzi que está na casa do seu pai. E quanto a se conheço seu pai, talvez… Conheço muita gente.
— Você não é um espião mandado por meu pai, né? — Perguntei sorrindo, porém nervosa.
— Não sou. Sou apenas um garoto.
— Ufa! — Meu pai se chama André.
— Não conheço ninguém com esse nome, mas é que não sou muito de sair, na verdade fico a maior parte do meu tempo na casa do meu pai também, é que gosto do silêncio, pois no silêncio posso ouvir meus pensamentos. Pode parecer contraditório, mas às vezes o silêncio pode ser o momento de maior barulho em nossa cabeça, me entende?
— Entendo perfeitamente você. Pensei que nunca encontraria alguém que dissesse exatamente como me sinto.
— Você me parece tão triste… Apesar de sua tentativa em esconder, eu posso sentir uma tristeza grande em você, mas não se sinta assim, muitas vezes nos sentimos tão inúteis na vida, achando que estamos sozinhos, ou pior, às vezes podemos pensar que ninguém ouve nossas preces, e por um motivo ou outro acaba se rebelando contra tudo e contra todos, nem sempre podemos ter as coisas no momento que queremos.
— Bom, não sei o que fizer…
— Cada coisa tem um motivo e há sentido em tudo. Por exemplo, hoje… Agora nesse instante, estarmos aqui, você acha que seria obra do acaso ou do destino?
— Não acredito em destino.
— Você acredita no que, então?
— Acredito que todo ato tem uma consequência e quando procuramos muito uma coisa, acabamos encontrando.
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O CAMPO DOS ALGODÕES
Short StoryUma garota à Beira do suicídio conhece o fantasma de um garoto, que ira mudar para sempre sua vida,