O Meu Alter Ego

Só tu e nunca só eu

Parou. O mundo desabou. Não há mais ninguém nas ruas. Não há nada de nada.

 Ah! A não ser esses teus olhos fulminantes e traiçoeiros. Piores que qualquer armadilha bem planeada. Capazes de me fazer render aos meus mais profundos demónios. De me fazer ceder às minhas mais obscuras vontades. 

E o vácuo se transformou em algo melodioso e viciante. Aquela tua voz rouca e subtil soou preenchendo os meus ouvidos de alegria. Conseguiste acordar me das minhas mais sombrias fantasias. E eu sorri. Simplesmente sorri como se nada fosse. Sorri tanto que soltei uma gargalhada. Genuína... Pura... Vinda do mais verdadeiro que há em mim. E diante dos meus olhos eu vi. 

Vi tu montares a armadilha, vi todas as tuas manhas, todos os teus truques e mesmo assim eu deixei que me fascinasses com esses teus olhos. 

Eu sei. Foi estúpido de mim deixar que me transformasses no teu melhor fantoche. Eu podia ter te impedido, mas uma rapariga tão iludida como eu não deixaria passar a oportunidade de ser notada. E foi logo por ti. Foi logo a rouquidão da tua voz que me despertou. 

E agora eu só desejo uma coisa. Uma única coisa, tão simples e tão frucal. Que não tivesses sido tu.