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18/01/2015

"Oi? Hoje deve fazer um ano e umas duas semanas desde a última vez que nos virmos. Pelo menos é isso que vejo aqui no meu velho calendário. Queria começar dizendo que sinto tanto a sua falta! Bom... hoje por exemplo saí para dar uma volta pela cidade, andar pelos lugares que nós costumávamos ir, ao parque por exemplo. Antes era difícil ver pessoas passeando por lá mas hoje em dia muitas pessoas e crianças vão para lá. É engraçado... porque me lembro de quando fazíamos nossos piqueniques encostados naquela enorme árvore que tem bem no centro daquela praça do parque. Sentávamos na grama verde e macia enquanto contávamos diversas piadas e tudo mais. Eu adorava te ver sorrir daquela maneira... eu observava todos os detalhes do seu rosto durante o tempo em que você sorria olhando para mim. Você se estirava aos poucos em meus abraços enquanto eu lhe acariciava. Lembro também de seus olhos brilhando quando a luz do sol batia em seu rosto avermelhado. Você era o meu "tudo" e nunca passou pela minha cabeça em que um dia eu conseguiria ter alguém como você ao meu lado porque você foi como o meu céu estrelado...! Você se lembra de quando voltávamos para casa antes do finalzinho da tarde? Íamos até o prédio mais alto da cidade para ver o sol se pôr. Apesar de que isso parecia ser meio perigoso, mas, para a nossa  sorte o porteiro no qual trabalhava no prédio durante o turno da noite naquela época era nosso amigo desde quando éramos crianças e se o patrão dele soubesse disto, certamente nunca mais iríamos ver o sol se pôr lá de cima, apesar de que ele também poderia até ser demitido. E mesmo assim ele sempre dizia para termos cuidado a todo momento, mesmo como um charlatão como eu dizendo: "-  Claro, pode ter toda a certeza disso". Eu era como o seu protetor particular e você era como o meu "anjo da sorte" e quando o elevador nos deixava no vigésimo quinto andar, corríamos o restante subindo aquelas dezenas escadas até o terraço. E quando chegávamos com as nossas respirações ofegantes e nossos corações pulsantes cheios de energia, arrepios na nuca sempre que eu mantinha meus olhos em você... como se isso me mantivesse hipnotizado pela sua silhueta. Você sabia o quanto fazia o meu coração disparar quando se aproximava para perto, porque a cada batida que ele desse, ele estaria gritando o quanto ele estava amando ter você aqui pertinho de mim. Lembro bem de quando nos aproximamos dando um beijo de esquimó no mesmo momento em que nos deitávamos naquele piso aquecido do terraço em volta daquelas flores secas durante o meio tempo em que você se deitava ao meu lado naquele desfecho de tarde que estaria deixando o céu amarelado mais escuro. Nos beijávamos e contávamos algumas histórias na qual gostaríamos de realizá-las juntos algum dia. E quando anoitecia, olhávamos as estrelas no céu por um longo período em silêncio...

Bom... agora tenho que ir! Prometo que irei escrever mais cartas se eu conseguir.

Cartas para você.

Cartas Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora