"Ela"

144 54 13
                                    

Nos últimos anos, a minha única preocupação era não ser como os outros ou mais conhecido como clichê. Queria deixar a minha marca onde eu passasse. Eu não fazia ideia do quanto isso era bobo, eu sou quem eu sou, um clichê ambulante sem expectativa de sucesso. E ela era como ela era, um "não clichê". Ela era tantas tempestades, ela era tão... ela.
Sei que deve estar pensando: "Mas que merda é essa?". É simples: Isso é a história de como um clichê conheceu uma tempestade e se destruiu totalmente.
Tudo começou a dois anos, quando eu ainda escutava "The Smiths" no ônibus a caminho da escola, a mesma escola onde a vi pela primeira vez, eu podia sentir tons quentes de verão quando olhava para ela. Era como um pedaço do sol, me trazendo calmaria e calor. Era como se tudo estivesse em câmera lenta e eu não conseguisse pensar em mais nada. Foi então que eu comecei a pesquisar sobre a pessoa que eu olhava todo intervalo e tentava disfarçar desesperadamente fingindo que estava lendo um livro qualquer, e a verdade é que eu nunca mais consegui prestar atenção em um livro algum desde então.
Ela era uma ano mais velha, obviamente estando no último ano. Um colega me disse que o nome dela era Ellie, que ela era legal e só.
Ellie.
Ellie usava All Star estilo Converse e moletom cinza. Tinha cabelo castanho claro e não tinha muitos amigos aparentes. Ela gostava de conversar com as crianças do quarto ano. Gostava de jogos. Ellie era diferente de todo mundo, não era fútil como a maioria das garotas e não era tão idiota como a maioria dos meninos que eu conhecia. Isso era tudo o que sabia sobre ela, ou achava que sabia. Esse foi o Efeito Ellie agindo sobre mim e eu também não sabia disso.
Nós acabavamos pegando o mesmo ônibus às vezes e foi aí que eu descobri que ela morava a duas quadras da minha casa e eu provavelmente não sabia disso antes pelo fato de que eu não andava por aquela parte. É, eu mudei a minha rota e pude ver ela na varanda da sua casa que tinha o modelo parecido com a de toda
as casas da região. Ellie costumava ficar lá com alguém que eu presumi que fosse sua avó que vendia biscoitos "quentinhos e caseiros" como no anúncio.
Dois meses depois do Efeito Ellie ─ foi assim que eu chamei ─ contaminar todo o meu cérebro, eu já estava louco e foi aí que aquela oportunidade surgiu. Eu nunca havia falado com ela, mesmo depois de todo esse tempo, e eu queria isso, apenas não conseguia. Meu coração começava a disparar só de pensar nisso. Haveria uma festa na casa de uma menina do terceiro ano no qual eu não sabia ao certo quem era, eu só sabia que eu tinha o convite e Ellie também. Foi aí que eu bolei um plano, não muito bom mas precisava que desse, certo.

----------------------------------------------

"On the day that your mentality
Catches up with your biology
I want the one I can't have
And it's driving me mad
It's all over, all over, all over my face"

- The Smiths (I Want The One I Can't Have)

 "O Efeito Ellie"Onde histórias criam vida. Descubra agora