"Eu não sei o quê?"

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De todas as matérias a minha favorita era matemática e eu não sabia muito bem o porquê. Talvez os números fossem para mim como um quebra-cabeças para uma criança - Uma forma de se manter distraído - e talvez seja por isso que eu não entendo tão bem as pessoas. Pessoas não são como números, não possuem fórmulas para tentar entende-las e eu queria entende-las, só não sabia como. Eu nunca tive muitos amigos, ou apenas não considerei muita gente, mas também nunca me importei com isso até conhecer Ellie, à partir dai eu queria fazer parte do grupo de amigos dela.
Naquela tarde, depois da escola eu fui ao parque como o combinado. Ellie e um de seus amigos estavam sentados sob uma árvore, outro estava no topo dela tentando alcançar um fruto na qual eu não fazia ideia do nome.
Ellie acenou:
- E aí, humanóide! - Eu estranhei o apelido mas entrei na brincadeira.
- E aí, ser humano?
- Bom... Eu estive pensando sobre o que você vai fazer já que perdeu a aposta...
- Então, espero não roubar um banco - pigarreio - pelo menos dessa vez.
- Relaxa, na verdade eu acho que você vai gostar. - Ela olha para o amigo que está sentado ao pé da árvore, o mesmo que eu havia falado no intervalo e depois para mim.
- No que a senhorita está pensando? - diz ele
- Faz um tempo que o Catie não sai com ninguém e bem... - Pelo que sei Ellie colocou esse apelido nele a alguns anos e desde então ficou mais popular do que o seu próprio nome no qual pouquíssimas pessoas o chamam - pelas minhas fontes você também, então eu pensei que vocês poderiam sair, e se os dois se derem bem talvez...
- Ellie! - diz Catie e arregalo meu olhos, surpreso.
- Não vale dizer não, já está tudo combinado! Vocês se encontrarão as 8:00 na lanchonete.
- Esse é um acordo mais do que justo. - diz o garoto entre a copa da árvore. - Ellie se levanta, anda para perto de mim e segura o meu braço. Será que ela sabe que eu não sou Gay? De qualquer forma, vou levar isso como apenas amigos se encontrando, não como um encontro arranjado por uma aposta.
- Vamos dar uma volta, - Ela me olha com um olhar maligno forçado - preciso conhecer o lobo que vai entrar par a minha alcatéia.
O dia não está ensolarado, talvez chova mais tarde, o que ajudaria a tirar a poeira dos brinquedos velhos do parque!
- Então... - Ellie começou enquanto nós andávamos ao redor do parque - Você é um psicopata?
- O quê? - Eu sorrio.
- Se a resposta for sim eu juro que chuto as suas bolas agora e saio correndo.
- Não, tudo bem, eu sou só eu mesmo.
- Então, "Só Eu", quais suas intenções?- Ela levanta as sobrancelhas e joga o cabelo para trás. Tudo isso soa como uma sátira.
- Defina "intenções "!
- O que você mais quer na vida? - Ela para de caminhar e vira o rosto para mim, séria.
- Bom...Isso me assusta, eu sinceramente não sei o que quero! - minhas mãos ficam suadas de repente.
- Parabéns, agora você é um membro do Clube dos Derrotados - Ela finge estar segurando um tipo de broche e coloca na minha camisa.- Agora você é o Sir.Vomitópolis!
- Ah, não é justo! Por que eu sou o único que não tem um apelido legal? - Brinco.
- O mundo não é justo, Sir Vomitópolis. - O vento sopra forte e me faz ter a certeza de que a chuva vai chegar logo.
- Acho melhor eu ir para casa, não quero me molhar no caminho.
- Vou com você! - Diz ela fazendo tchau para Catie e o garoto que eu não sei o nome.
- Para a minha casa? - pergunto
-Claro, por que não?

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"The rain falls hard on a humdrum town
This town has dragged you down
Oh, the rain falls hard on a humdrum town
This town has dragged you down"

- The Smiths (William, It Was Really Nothing)




 "O Efeito Ellie"Onde histórias criam vida. Descubra agora