Capítulo 4

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Théo

Alguém bateu na porta de meu quarto e eu pedi que entrasse, era mamãe, dona Beatriz, dona da delicadeza e da paciência.

Eu estava em frente ao espelho no closet e ela veio até mim.

— Deixe-me ajudá-lo com essa gravata. — entrou em minha frente e pôs-se a ajeitar com delicadeza a gravata borboleta.

Não havia nada no mundo que eu odiasse mais que gravatas.

— Por que essa festa tinha que ser de gala, mamãe? Você sabe que odeio esse tipo de roupa.

— Sim, sei que você odeia formalidades, mas seu pai gosta de tudo nos conformes, e você não vai morrer se um fizer o gosto dele pelo menos por um dia. Ele está radiante com sua volta, e com você assumindo a Alpha então, nem se fala. Todos estamos felizes, nossa família voltou a estar completa novamente.

Assenti meneando à cabeça, mas discordei de sua última afirmação.

— Nem todos dessa família estão felizes, mamãe.

— Do que está falando, filho? — sua voz era mansa e delicada, minha mãe era a personificação da paz. Era loira, de cabelos chanel, alta e elegante.

Respirei fundo e a respondi:

— Léo não ficou feliz com o fato de ter sido eu o escolhido e não ele.

Mamãe virou de costas, e esfregou uma mão na outra preocupada, sua expressão mudou vertiginosamente, e em seguida ela disse:

— Ele irá se acostumar com isso. Por favor filho, prometa-me que tentará se acertar com ele? Prometa-me que fará de tudo para que ele continue se sentindo importante na empresa.

— Mãe, vou fazer tudo que estiver ao meu alcance, confie em mim.

Na festa, a maioria dos executivos que conheci na empresa já haviam chegado, e nenhum deles trouxe, Sara, em seus braços, eu poderia ter tirado essa dúvida com mamãe enquanto estamos os dois no quarto, mas perguntar da esposa do meu irmão a levaria entrar em choque, pois ela não entenderia os motivos e ficaria apavorada; com certeza se lembraria do dia em que teve que retirar Leonardo de cima de mim, enquanto ameaçava transpassar-me com seu sabre de esgrima, na noite em que me pegou transando com sua noiva, Mônica, na garagem de casa. Ele me desafiou em uma luta de esgrima, pois ambos treinávamos esgrima desde crianças, mas foi seu ódio por mim que venceu a luta aquela noite, e como eu disse, mamãe foi quem me salvou.

Eu andava nervoso por toda sala da mansão, dava atenção para os executivos, e meu pai não parava de me chamar. Eu já havia bebido várias taças de champanhe e nada do Léo cruzar à porta com sua esposa, que eu estava rezando, quase que em voz alta, para que não fosse, Sara.

A festa estava repleta de mulheres lindas e elegantes, a maioria com seus maridos e algumas sozinhas. Mulheres bem resolvidas e que ocupavam cargos importantíssimos na empresa. Eu poderia simplesmente escolher qualquer uma daquelas mulheres, mas era Sara, a mulher do estacionamento que estava me deixando alucinado. Eu não conseguia retirar os olhos da porta e do relógio. Em um desses momentos em que eu estava examinando meu relógio de pulso, logo após abaixar o braço e erguer meus olhos, levando-os novamente à porta, foi que tive a pior de todas as visões que já tive na vida. Sara, deslumbrante dentro de um longo vermelho, segurava firme nos braços do meu irmão. Era ele, Leonardo, meu irmão, quem trazia em seus braços a mulher mais linda que meus olhos já contemplaram. Era o inferno, com parte do paraíso ao seu lado.

Engoli a seco e tratei imediatamente de beber o último gole do champanhe no copo, pois meus lábios haviam secado e minhas mãos suaram de nervoso. Eu queria sair quebrando tudo em minha frente, tamanha tinha sido minha frustração quando os vi juntos.

Mamãe os recebeu na porta, e assim Léo caminhou em minha direção carregando Sara como um troféu, ele não perderia a oportunidade de apresentar-me sua linda esposa.

— Como vai Theodoro? — perguntou-me formalmente, desde o dia que quase me matou, nunca mais me chamou de Théo. —, como passou da hora em que nos vimos pela manhã, até agora? Sim, por que, você nem bem começou na empresa e já saiu antes de o expediente acabar.

Eu não o responderia como ele merecia, até porque meu coração estava estilhaçado em meu peito e eu mal sabia o que dizer, pois meus olhos buscavam os olhos de Sara a todo instante e eles simplesmente estavam caídos em seus próprios pés. Via-se nitidamente que havia sido pega de surpresa, sua expressão facial estava congelada, ela não sabia o que fazer e suas mãos apertavam desconfortáveis os braços de meu irmão. E eu, senti-me culpado por tê-la causado tamanho constrangimento logo mais cedo no estacionamento.

— Passei bem meu irmão, e você?

— Eu trabalhei bastante, poderia ter saído mais cedo e me preparar para essa linda recepção, mas a Alpha tem assuntos que não podem esperar.

Assenti, e finalmente ele me apresentou sua bela esposa.

— Essa é Sara, minha esposa, essa creio que você não conhece, não é meu irmão? — o tom sarcástico ficou nítido em suas palavras, e o hálito de uísque que saiu de seus lábios e chegou até mim, deixou-me preocupado, ele já havia bebido bastante, dessa forma qualquer cuidado com às palavras, seria bem-vindo.

Estendi minha mão gelada para encontrar aquelas mãos delicadas, e Sara as estendeu a mim, quando o calor de suas mãos percorreu meu corpo, senti uma onda de eletricidade cruzar de ponta a ponta cada terminação nervosa do meu corpo. Theozinho se lembrou do cheiro daquela bunda gostosa dela, e já queria se animar, então tratei logo de dizer, distraindo-me:

— É um prazer revê-la, senhora Toledo.

Sara nada me respondeu e Leonardo regalou os olhos sem entender nada, então antes que ele voasse em meu pescoço, tratei de explicar-me:

— Sua esposa não lhe contou que tivemos um acidente de trânsito dentro do estacionamento da empresa?

Léo olhou para Sara e indagou-a assustado:

— Acidente? Você se machucou amor? Por que não me contou nada?

Sara ficou sem saber como respondê-lo, e entendendo o constrangimento em que eu a havia metido, tratei logo de consertar.

— A culpa foi minha, Léo, só havia uma vaga e acabei batendo no carro dela ao tentar entrar na mesma vaga que ela ao mesmo tempo.

— Você se feriu amor? — Léo perguntou a ela preocupado.

— Não, nada grave, foi uma batida idiota por falta de atenção, apenas o carro é quem ficou um pouco amassado na porta.

— Amanhã iremos escolher outro. — disse Leonardo a ela.

Léo puxou a mão de Sara, e foram cumprimentar os outros convidados, virava e mexia, Sara lançava-me olhares furtivos, e meu irmão não parava de se embriagar, tentava disfarçar sua frustração por ter perdido o cargo de presidente da empresa, mas a mim ele não enganava. Estava nitidamente abalado, e bebendo feito louco. Comecei inclusive a me preocupar com os possíveis resultados que aquilo poderia causar. Sara estava deslocada, Léo não dava a ela muito atenção ou nenhuma; enfiou-se no meio dos executivos e lá ficou a babar nos ovos deles, pois sabia que futuramente, quando meu pai não estivesse mais para me defender como presidente, poderia pedir a votação do cargo.

Sara se afastou, saiu pela porta e foi até o jardim, então esperei um pouco e logo fui atrás dela, precisava desculpar-me pela estupidez de querer comê-la no estacionamento.

Cunhado Perfeito ( Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora