Capítulo sem título 2

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Capítulo 2

Hoje não dei "sorte pro azar". Assim que o celular tocou me levantei e fui para a cozinha colocar água para ferver. Enquanto a água não chega no ponto, faço minha higiene matinal, me troco e volto para a cozinha. Enquanto o café vai sendo coado pego a margarina da geladeira, o pão, o pires e a xicara no armário e coloco-os em cima da mesa; a faca e a colherzinha pego na gaveta da pia. Retiro o coador da garrafa e a fecho, colocando-a em cima da mesa.

Sento-me para degustar daquele néctar negro que me deixa sempre bem. Depois de aproveitar bem o café, deixo tudo limpo, incluindo jogar os resíduos de pó de café na lixeira da cozinha.

Como hoje é o dia da Fatima cozinhar, saio feliz de casa, pois quando chegar é só esquentar a comida e jantar.

Faço o meu percurso como todos os dias e hoje pego o ônibus no horário certo, ainda bem que não está tão cheio e dei sorte, pois irei sentada até o trabalho.

Passo em frente da "padoca" do Yan e vejo que há um novo papel colado. Está escrito: LUTO POR 3 DIAS

Sabendo que amanhã é sexta feira, fico chateado por não poder dar minhas condolências para o Yan, sei como é difícil passar por uma perda tão grande. Pelas conversar que tivemos ao longo desses anos, sei que a tia Maria era com uma segunda mãe para ele, já houve momentos que ele deixou a "padoca" na mão da gerente para socorre-la.

É um amor incondicional.

Vou reorganizar meu despertador na segunda para poder chegar mais cedo e dar um abraço nele.

Sigo o meu caminho para o trabalho, pois sei que hoje o dia vai ser puxado, vou ter que tomar conta do caixa da conveniência e abastecer os automóveis no posto, porque a Luzinete vai ter que fazer a separação de notas e entregar na contabilidade.

Durante o dia vou de um lado para o outro na correria. No meio da tarde sinto um calor em minhas costas e olhando ao redor não vejo nada de diferente, mas sei que isso significa que tem alguém olhando para mim. Olho novamente em todas as direções, mas não encontro nada. Volto ao meu trabalho e aquela sensação aos poucos foi sumindo.

No fim do expediente estou um caco. Moída até o fio de cabelo. Só quero um banho, comida e cama. Graças a Deus amanhã é sexta feira e vou folgar no sábado, já que domingo não trabalhamos.

Vou para o ponto e rapidamente o ônibus passa. Ao chegar em casa o silêncio é minha companhia, faço meu ritual noturno e vou dormir.

No outro dia ao passar em frente a "padoca" do Yan, sinto um calor passar por mim, então vejo o par de olhos verdes me olhando, ele está parado na banca de jornal do seu Augusto.

Está vestido uma camisa de alfaiataria azul clara, uma calça social cinza escuro, em uma das mão um copo de café descartável e na outra uma maleta preta. Ao notar que eu o vi, ele me saudou levantando o copo e abriu um sorriso de comercial de pasta de dente. Encabulada pela situação, fiz um movimento de saudação com a cabeça e segui o mais rápido possível para o meu trabalho.

Sorte minha que o posto fica duas quadras a direita da "padoca", pois até tropeçar na calçada por ficar olhando-o aconteceu.

O homem é bonito demais, além de ter os olhos mais verdes que já vi, ainda tem aquele belo cabelo liso ruivo cortininha. Fora o corpo esbelto, um pouco malhado, pelo o que deu para eu ver apesar de toda a roupa que vestia.

Chego um pouco esbaforida no posto. Eduardo (Du) me vendo respirar daquele jeito me pergunta o que tinha acontecido, digo que não foi nada, que eu somente havia tropeçado em uma pedra na calçada na quadra anterior, mas que estava tudo bem.

Dou bom dia ao Fernando (Nando) e vou guardar minhas coisas, pois apesar de hoje ser sexta feira o dia está apenas começando.

Pergunto a Lu se tem notícia do Yan, ela me diz que ele mandou mensagem dizendo que só abrirá na segunda feira, pois está sem cabeça para trabalhar no momento, ainda mais que a mãe dele veio do Espirito Santo para ir ao enterro da irmã. Ela estava mandando mensagens de incentivo para ele e peço a ela que acrescente uma em meu nome também e vou para o trabalho.

O dia corre bem movimentado, sendo sexta o corre, corre do povo por deixar seus carros e motos abastecidos é alto, tudo para curtir um "happy hours" sem se preocupar. E eu agradeço muito por isso, pois de vez em quando uma alma caridosa deixa uma caixinha para nós.

No finzinho do expediente pergunto ao pessoal que se eles não querem ir no Tropicaliente tomar uns drinks e comer uns petiscos. Todos gostaram da ideia principalmente por termos ganhados boas caixinhas nessa semana. Vamos nos divertir sem tirar dinheiro do bolso.

Seu Arantes havia feito uma reunião conosco para saber como seria feito o recolhimento das caixinhas que os clientes davam. Chegamos em um acordo que toda sexta feira reuníamos o que ganhamos na semana e dividíamos em partes iguais. A Lu, o Du, o Nando e eu, seu Arantes ficou de fora, já que era o dono do estabelecimento.

Tudo arranjado, expediente concluído, partiu diversão.

Um Olhar PerturbadorOnde histórias criam vida. Descubra agora